Em uma �poca em que os olhos est�o voltados para a revitaliza��o do Centro da cidade, n�o podemos deixar passar em branco o dia de hoje, 14 de julho, quando se completam 90 anos de funda��o do belo Cine Brasil, atualmente, Cine Theatro Brasil Vallourec. O primeiro pr�dio hist�rico do Centro de Belo Horizonte a ser revitalizado.
Com certeza, os moradores mais antigos lembrar�o da efervesc�ncia do Centro da capital, que veio com a chegada do Cine Brasil nos anos 1930. Para os mais novos, vale a pena resgatar um pouco da hist�ria. O crescimento econ�mico provocou uma mudan�a na ocupa��o do Centro da cidade. A �rea residencial passou a receber pr�dios comerciais. Teve in�cio a verticaliza��o de BH, e cada vez mais os grandes edif�cios passaram a fazer parte da paisagem.
Foi nesse cen�rio de efervesc�ncia urbana e cultural – com a vida noturna agitada dos cassinos, teatro de revista, bailes e salas de cinema – que nasce o Cine Brasil, em 14 de julho de 1932. Foi o primeiro pr�dio da cidade sob a influ�ncia do estilo art d�co, projetado por Alberto Murgel, e continua sendo refer�ncia para a arquitetura urbana moderna e um marco para BH. Inspirado na tradi��o francesa que apostava em volumes geom�tricos bem definidos, pouca ornamenta��o e vitrais de ferro e vidro martelado, a constru��o tamb�m rompeu barreiras ao utilizar concreto armado, importado da Inglaterra. Seu estilo arquitet�nico abriu caminho para novas constru��es, como as sedes da Prefeitura Municipal e dos Correios.
Inaugurado como o maior cinema do pa�s, sua primeira exibi��o foi o romance musical “Deliciosa”, estrelado por Janet Gaynor e Raul Roulien, que reuniu 5 mil pessoas. Foi l� que o p�blico assistiu em 1940 o cl�ssico “E o vento levou”, o desenho “Branca de Neve”, e o filme carnavalesco da Atl�ntida com Oscarito e Grande Otelo.
Durante alguns anos, foi o pr�dio mais alto da capital, com seus oito andares. Turistas e moradores pagavam ingresso para visitar o terra�o e avistar toda a Serra do Curral. O Cine Theatro Brasil era point da sociedade belo-horizontina e tinha bailes de carnaval nos foyers. Tinha o Bar Brasil e o primeiro Restaurante Popular de Minas Gerais, inaugurado por Juscelino Kubitschek, em 1952. Encerrou suas atividades em 1999, com a exibi��o de “O especialista”, de Sylvester Stalone.
Em 2006, a Funda��o Sidertube adquiriu o pr�dio, restaurou e, depois de sete anos de trabalho, em 2013, foi inaugurado o Cine Theatro Brasil Vallourec, com a bela exposi��o “Guerra e paz”, de Candido Portinari. Na restaura��o, foi encontrada uma c�psula do tempo, no Teatro de C�mara, com fotos e jornais da �poca.
No final dos anos 1960 e in�cio da d�cada de 1970, o Cine Brasil abrigou o programa semanal, o “Brasa 4”, exibido pela TV Itacolomi. O Grande Teatro hoje tem mil lugares, 200 s�o cadeiras originais.
Para celebrar a data t�o importante, o Cine Theatro Brasil Vallourec est� com programa��o gratuita e especial. As atra��es come�am �s 8h, com a Banda da Guarda Municipal, na entrada principal do Cine Brasil, na Pra�a Sete, e seguem at� as 21h, com apresenta��o de artes c�nicas no Grande Teatro.
Para relembrar os tempos �ureos daquela que j� foi a maior sala de exibi��o do pa�s, sess�es de cinema no Teatro de C�mara com grandes cl�ssicos: “O garoto” (Charles Chaplin), “Scarface” (Howard Hawks), “M, O vampiro de Dusseldorf” (Fritz Lang) e “Festim diab�lico” (Alfred Hitchcock).
Haver� ainda visitas guiadas para quem quiser conhecer um pouco mais dos bastidores do centro cultural. A programa��o completa com os hor�rios pode ser consultada no site do Cine Teatro. Apesar de ser gratuita, � preciso retirar ingressos para o Grande Teatro no site eventim.com.br ou na bilheteria do teatro. Para as sess�es de cinema do Teatro de C�mara, os ingressos devem ser retirados na bilheteria local 1h antes de cada sess�o.
Para fechar a programa��o dos 90 anos, em 29 de julho, haver� concerto “M�sica de cinema”, com a Orquestra Sinf�nica de Minas Gerais (OSMG), sob reg�ncia de S�rgio Gomes, com a exibi��o simult�nea de imagens de alguns filmes. A apresenta��o marca a parceria do Cine com a Funda��o Cl�vis Salgado.
(Isabela Teixeira da Costa/Interina)