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Estado de Minas ANNA MARINA

N�o podemos perder tempo. Acorde para vida

N�o espere por uma cutucada de algu�m, desperte por voc� mesmo. A vida � curta demais


12/09/2022 04:00 - atualizado 11/09/2022 21:15

ilustração da coluna da anna marina


Tem pessoas que est�o paradas na vida, acomodadas e precisam apenas de um pequeno empurr�o, um incentivo, para despertar e tomar uma atitude, mudando totalmente sua trajet�ria. Muitas vezes, damos esse empurr�ozinho sem perceber.

Tenho um primo que � dentista. N�o mora em Minas, mas esteve aqui para visitar a fam�lia e contou um caso muito bom. Todo mundo tem um certo medo de dentista. Aquela velha inje��o para anestesiar, o inc�modo barulho do motorzinho, que d� nos nervos, ficar horas de boca aberta sofrendo por antecipa��o, esperando uma poss�vel dor. Enfim, � um sofrimento.

Claro que a odontologia j� passou por alguns avan�os. Temos o implante dent�rio, que � maravilhoso, e j� inventaram, inclusive, uma anestesia por inala��o. Trata-se da seda��o com �xido nitroso, que tem como objetivo eliminar progressivamente a ansiedade, o medo, aumentando a autoconfian�a, al�m de causar sensa��o de relaxamento e bem-estar ap�s a consulta, minimizando os fatores estressantes do tratamento tanto para o paciente quanto para o dentista. Essa t�cnica j� � usada h� mais de um s�culo nos EUA por 50% dos consult�rios em suas rotinas e principalmente em cirurgias ou na atua��o da odontopediatria praticamente. Aqui no Brasil, ela � pouco difundida e utilizada por poucos m�dicos e dentistas.

Acredito que � por causa de todo esse medo que os pacientes sentem que os dentistas desenvolveram um jeito pr�prio para lidar com a gente, sempre fazendo brincadeiras, respeitosas, mas para quebrar o gelo e a tens�o nervosa.

H� muitos anos, me contou meu primo, ele tinha uma paciente jovem, mas extremamente careta, travada. Usava roupa que a envelhecia, usava coque, era s�ria demais. No tratamento, para tentar descontra�-la, ele brincou que tinha visto um sujo no dente e que deveria ser um restinho de maconha.

Ela ficou indignada, na mesma hora disse que jamais seria, que nunca tinha usado nenhum tipo de droga e nem cigarro tradicional. Ele disse que estava brincando, mas que ela deveria usar. E o assunto morreu ali. Ele terminou o tratamento e ela foi embora.

Anos depois, entrou uma paciente linda, toda moderna, tatuada, com uma roupa colorida, jovem, descontra�da, sorrindo, com cabelo solto, cheio de enfeites e, quando ele viu o nome, para sua surpresa, era ela. N�o teve d�vidas, perguntou o que aconteceu. Ela olhou bem dentro de seus olhos e disse: “Doutor, suas palavras foram um mosaico de alegria na minha vida, eu nunca imaginei que tivesse tanta coisa bonita dentro de mim”.

N�o estou dizendo aqui que ela fumou maconha, absolutamente, nem sabemos se isso aconteceu, mas aquela fala de seu dentista mostrou a ela que deveria ver a vida de uma outra maneira, com outros olhos, de uma forma mais leve. Que era preciso deixar a austeridade de lado e viver a sua idade, com toda a leveza que lhe � devida.

Essa jovem fez jornalismo, trilhou uma carreira brilhante, atuou em importantes coberturas contra a corrup��o em nosso pa�s. Descobriu a leveza do ser, a import�ncia de ser feliz, o direito de fazer as coisas que tinha vontade e sentia que podia. Tudo isso por causa e uma brincadeira despretensiosa em um consult�rio de dentista.

N�o podemos perder tempo. A vida � curta demais. N�o espere por uma cutucada de algu�m, desperte por voc� mesmo. Acorde para vida.

(Isabela Teixeira da Costa/Interina)

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