J� nem sei h� quantos anos procuro Arquimedes Nascentes para acalmar minhas d�vidas a respeito da sa�de. Ele � um craque reconhecido e n�o brinca em servi�o, d� logo o recado do que � preciso. Na consulta, al�m de fornecer o tradicional pedido para exame de sangue, ele me pediu informa��es fornecidas por Walter Caixeta Braga, que trata o meu diabetes, e Francisco Cardoso, que cuida da minha cuca e dos desesperos.
Arquimedes me levou � balan�a e quase ca� para tr�s: eu, que nunca passei dos 50 e poucos quilos, estou passando dos 60kg. Not�cia pior imposs�vel. J� tinha desconfiado, tanto que pedi a um dos m�dicos a que fui ultimamente que me receitasse dessas inje��es que emagrecem e acabam com a barriga, pois conhecidos recorrem a ela.
O m�dico negou, disse que os efeitos colaterais podem ser complicados e ficamos nisso. � claro que me recomendou emagrecimento. Estou correndo atr�s.
Com o crescimento da oferta de produtos e tratamentos para perda de peso, especialistas destacam a import�ncia de diferenciar o “rem�dio para emagrecer” do “medicamento para tratamento da obesidade”.
Muitos “rem�dios para emagrecer” s�o produtos de origem desconhecida, vendidos na internet sem receita e acompanhamento m�dico, apontados como solu��o r�pida para perda de peso. J� os medicamentos para tratamento da obesidade s�o receitados por especialistas, passaram por anos de estudos com milhares de pacientes, t�m autoriza��o da Anvisa e exigem acompanhamento do especialista para resultados eficazes ao longo de meses.
Essa discuss�o tem a ver com o novo posicionamento da Associa��o Brasileira para o Estudo da Obesidade e da S�ndrome Metab�lica (Abeso) e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) sobre conceitos no tratamento da obesidade.
O endocrinologista Andr� Vianna (n�o � meu parente), membro da Sbem e presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes no Paran�, explica que medicamentos fazem parte do tratamento da obesidade, que � doen�a cr�nica, e n�o significam solu��o r�pida e pontual para emagrecer.
“Quando voc� fala em tratamento para emagrecer, a pessoa acha que emagreceu e acabou o tratamento, porque conseguiu o objetivo dela. Hoje, o que mais vemos s�o pessoas que n�o t�m obesidade comprando medicamentos destinados a tratamento, como a Semaglutida (inje��o cara), em busca da solu��o r�pida para perder alguns quilos. Isso pode trazer muitos riscos para a sa�de, al�m da recidiva de peso”, explica Vianna.
O tratamento da obesidade, que � uma doen�a cr�nica, ocorre a longo prazo e exige mudan�as no estilo de vida: h�bitos alimentares saud�veis, pr�tica regular de atividade f�sica e uso de medicamentos para ajudar no controle do peso. Quando esses mecanismos n�o s�o suficientes, o paciente pode receber a indica��o de cirurgia bari�trica.
Essa recomenda��o � dada a pessoas com n�veis mais severos de obesidade ou em casos de obesidade associada a outras doen�as, como press�o alta, diabetes, apneia do sono, problemas articulares e colesterol elevado.
O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bari�trica e Metab�lica no Paran�, Jos� Alfredo Sadowski, enfatiza a import�ncia do procedimento para tratar casos mais severos de obesidade, sobretudo obesidade m�rbida. Mas alerta: a cirurgia n�o � a solu��o definitiva, pois se trata de doen�a incur�vel.
Se a cirurgia for acompanhada da mudan�a de h�bitos, reeduca��o alimentar e do acompanhamento de equipe multidisciplinar (m�dico, nutricionista, profissional de sa�de mental e educador f�sico), a chance de sucesso em longo prazo aumenta substancialmente, diz Sadowski.
Atualmente, no Brasil, os crit�rios de indica��o para cirurgia bari�trica s�o �ndice de massa corporal acima de 40kg/m2 ou �ndice de massa corporal acima de 35kg/m2 na presen�a de doen�as associadas � obesidade (press�o alta, diabetes tipo 2, apneia do sono, problemas articulares ocasionados por excesso de peso, gordura no f�gado e elevados n�veis de colesterol).
Outro fator preocupante � o uso de medicamentos manipulados, como ch�s, shakes e dietas milagrosas. Comprar medicamentos manipulados para tratamento de obesidade ou com o objetivo de emagrecer pode trazer riscos � sa�de.
A m�dica hepatologista Claudia Ivantes alerta: “Fitoter�picos n�o apresentam controle sanit�rio rigoroso e podem conter elementos n�o descritos na bula. Nem tudo que � dito 'natural' � saud�vel. Esses produtos est�o no mercado como suplementos alimentares e n�o passam por regulamenta��o da Anvisa. N�o h� vigil�ncia e controle para saber o que realmente os comp�e. A maioria das subst�ncias s�o ou devem ser metabolizadas pelo f�gado, por isso esse �rg�o � bastante suscet�vel a les�es.”
Estudo publicado na revista cient�fica Clinical Gastroenterology and Hepatology aponta que cerca de 8% dos casos de les�o no f�gado foram atribu�dos a fitoter�picos e suplementos diet�ticos. Desses pacientes, cerca de 83% apresentaram les�o hepatocelular, 66%, icter�cia (cor amarelada da pele e dos olhos), e 17% desenvolveram insufici�ncia hep�tica aguda.