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Estado de Minas PARIDADE DE G�NERO

Mulheres negras e a desigualdade salarial

A cada R$ 1 que um homem branco recebe, uma mulher negra ganha apenas R$ 0,43


10/03/2023 17:45 - atualizado 10/03/2023 18:03

Três mulheres negras sentadas em um sofá conversando entre si com expressão séria
(foto: Pexels/Reprodu��o)

Tenho 36 anos e cresci em um bairro perif�rico de Belo Horizonte cercado por mulheres negras (m�e, vizinhas, parentes) que chefiavam suas fam�lias. Muitas exerciam esse papel completamente sozinhas (mesmo em casos onde o c�njuge estava dentro de casa). Ou seja,  eram sobrecarregadas cuidando dos filhos, da casa, indo trabalhar fora, tendo que pegar 4, 6 transportes por dia para ir e voltar do emprego, al�m de passarem muito sufoco para pagar as contas. Me arrisco a dizer que essa foi e � a realidade de muitas mulheres negras em outras muitas regi�es do Brasil. 

Atualmente, o IBGE aponta que pelo menos 55% das fam�lias brasileiras s�o lideradas por mulheres negras. Mas o que mudou na realidade dessas mulheres nas �ltimas tr�s d�cadas?  Por exemplo, como o mercado de trabalho tem acolhido as mulheres negras?

De acordo com pesquisa divulgada pelo IBGE em 2021, a m�dia salarial mensal de uma mulher negra � de R$ 1.471. O valor � 57% menor do que homens brancos recebem. Al�m disso. � 42% menor do que mulheres brancas ganham e 14% a menos do que homens negros recebem. S� para voc� ter uma ideia, segundo o IBGE. para cada R$ 1 que um homem ganha, uma mulher recebe R$ 0,78. A cada real ganho por um homem branco, uma mulher negra recebe apenas R$ 0,43. 

E essas disparidades salariais tamb�m s�o observadas mesmo quando a mulher negra tem ensino superior. De acordo com a pesquisa do “Perfil da Mulher Paulista: demografia, escolaridade, trabalho e renda”, apresentada pela Funda��o Seade, do governo de S�o Paulo, 34% das mulheres entre 25 e 44 anos t�m ensino superior completo, j� entre os homens na mesma faixa et�ria, cerca de 27% conclu�ram o ensino superior. Mas a m�dia salarial de uma mulher negra em S�o Paulo � de R$ 13,86 por hora, enquanto a de um homem n�o negro � de R$ 27,15. 

Infelizmente, esse cen�rio paulista se repete Brasil afora. S� para voc� ter uma ideia, segundo a pesquisa Mulheres no mercado de trabalho, feita pelo Instituto Locomotiva a pedido da consultoria iO Diversidade, mulheres negras com ensino superior recebem 55% menos que homens brancos com o mesmo n�vel de escolaridade. De acordo com o estudo, uma mulher negra recebe, em m�dia, R$ 3.571, enquanto um homem branco tem um sal�rio m�dio de R$ 7,9 mil.

Ainda segundo a pesquisa, uma mulher branca tem renda m�dia de trabalho de R$ 5.097. 

Mais da metade das casas brasileiras s�o chefiadas por mulheres negras e s�o elas justamente as que recebem os menores sal�rios. Porque? Sobretudo, esse cen�rio � fruto do machismo e do racismo estrutural. Quest�es que precisam ser enfrentadas de frente e com a��es pr�ticas. 

Na �ltima quarta-feira (08), Dia Internacional das Mulheres, o  presidente Lula (PT), apresentou o projeto de lei da igualdade salarial. O PL prev� puni��o para as empresas que remuneram menos as mulheres que desempenham a mesma fun��o que os homens. 

A medida prev� multa de 10 vezes o maior sal�rio pago pela empresa em caso de descumprimento da paridade salarial, elevado em 100% se houver reincid�ncia. O projeto abre tamb�m a possibilidade de que a Justi�a emita, em car�ter de urg�ncia, decis�o para for�ar a empresa a pagar o mesmo sal�rio. A medida prev� ainda que empresas sejam mais transparentes, para fortalecer a fiscaliza��o e o combate � discrimina��o salarial.
 
Mas, al�m de uma lei, � necess�rio tamb�m outras a��es para combater as desigualdades salariais que as mulheres negras enfrentam, ou seja, tamb�m cabe o combate direto a outras manifesta��es do racismo institucional e do machismo no mercado de trabalho e ambiente de trabalho. Vale ressaltar tamb�m a responsabilidade do universo corporativo em criar e desenvolver iniciativas que incluam, acolham, respeitem e gerem oportunidades de fato para mulheres negras.  

O que sua empresa tem feito nesse sentido? 


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Quer conversar mais sobre diversidade e inclus�o? Meu nome �  Arthur Bugre, sou homem negro retinto, trans e neurodiverso. Tamb�m sou jornalista e palestrante sobre Diversidade e Inclus�o por meio da Bugre: Diversidade e Inclus�o. 


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