
Depois de 100 dias de isolamento por causa do novo coronav�rus, a crise econ�mica vem se agravando. As pequenas empresas, que resistiriam por tr�s meses, n�o conseguir�o resistir por muito tempo e o isolamento precisa continuar, porque nos tr�s meses que se passaram ele n�o foi levado a s�rio como deveria.
Em meio � pandemia, as quest�es que envolvem as m�es n�o podem ser deixadas para depois. Enquanto o relat�rio do TCU aponta que o aux�lio emergencial criado para ajudar pessoas de baixa renda durante a pandemia da COVID-19 foi pago para 620 mil pessoas que n�o tinham direito ao benef�cio, muitas m�es est�o sem renda nenhuma.
A situa��o � desesperadora para muitas m�es, especialmente para aquelas que criam seus filhos sozinhas, como � o caso da Joana (codinome para preservar a identidade).
Quando era crian�a, Joana foi abusada pelo padrinho, e os abusos se repetiram por anos. Ela n�o tinha coragem de contar para ningu�m, tinha medo dele e se sentia culpada, a gente sabe que a culpa nunca � da v�tima, mas a sociedade faz a v�tima acreditar que � culpada.
Hoje, Joana tem 22 anos e � m�e de duas crian�as. O genitor (n�o d� para chamar de pai um sujeito que abandona mulher e filhos e vai viver como se eles n�o existissem) abandonou a fam�lia h� tempos e sumiu no mundo. Com o isolamento social, Joana perdeu o emprego e n�o tem com quem deixar os filhos para sair e procurar trabalho porque os filhos est�o sem escola.
Ela vai ser despejada em alguns dias se n�o conseguir dinheiro para pagar o aluguel. Est� t�o apavorada com a possibilidade de ir morar na rua com duas crian�as que chegou a pensar em se matar e os dois filhos, j� que, se ela morrer, eles n�o ter�o com quem ficar. O desespero � tanto que ela est� pensando em se prostituir para colocar dinheiro em casa. Uma m�e faz qualquer coisa para alimentar seus filhos.
Foi nessas condi��es que Fernanda Braga Sacramento encontrou Joana e est� buscando ajuda para ela atrav�s do projeto “Ningu�m solta a m�e de ningu�m” (@ninguemsolta_amaedeninguem).
Uma cooperativa de cr�dito rotativo para as m�es empreendedoras criado por um grupo de mulheres que se prop�e � arrecadar recursos – qualquer quantia – de pessoas que podem doar para assistir essas m�es que tanto precisam de ajuda neste momento cr�tico.
Uma cooperativa de cr�dito rotativo para as m�es empreendedoras criado por um grupo de mulheres que se prop�e � arrecadar recursos – qualquer quantia – de pessoas que podem doar para assistir essas m�es que tanto precisam de ajuda neste momento cr�tico.
Sueli (codinome para preservar a identidade) tem 34 e foi v�tima de uma tentativa de feminic�dio no ano passado. O marido a chutou no rosto at� que ela ficasse desacordada e fugiu, o filho de 3 anos chorou e gritou chamando a aten��o dos vizinhos, que chamaram a pol�cia. Ela estava estudando t�cnica em eletr�nica, mas teve que parar por conta da falta de renda causada pela pandemia.
N�o teve mais condi��es de pagar seu curso. Estava com v�rias contas em atraso. Ela e o filho passavam fome. O projeto “Ningu�m solta a m�e de ningu�m” conseguiu cestas b�sicas e material para Sueli fazer e vender caldos e voltar a ter uma renda. Na semana passada o ex-marido foi preso e ela pode recome�ar sem medo.
As integrantes do projeto s�o m�es de Belo Horizonte. Elas chegaram a ajudar m�es em S�o Luiz do Maranh�o, em S�o Paulo, mas a demanda em Minas est� muito alta, por isso agora elas est�o restringindo a ajuda �s m�es que moram no estado.
Segundo a jornalista Ana Karenina, “as mulheres t�m se deparado com mais dificuldades, s�o as que sofreram com a redu��o da renda ou o desemprego, principalmente as m�es, e mais ainda as m�es solo.
Vale lembrar que a maioria delas est� em empregos informais e � mal remunerada, como � o caso das empregadas dom�sticas: 71% delas trabalham sem carteira assinada e ficaram sem nenhum tipo de amparo trabalhista legal neste momento cr�tico. Al�m disso, n�o � clich� dizer que a mulher ainda enfrenta a sobrecarga com os cuidados da casa e dos filhos, no eterno ac�mulo de fun��es.
Vale lembrar que a maioria delas est� em empregos informais e � mal remunerada, como � o caso das empregadas dom�sticas: 71% delas trabalham sem carteira assinada e ficaram sem nenhum tipo de amparo trabalhista legal neste momento cr�tico. Al�m disso, n�o � clich� dizer que a mulher ainda enfrenta a sobrecarga com os cuidados da casa e dos filhos, no eterno ac�mulo de fun��es.
Na hora do salve-se quem puder, poucos pensam em independ�ncia financeira, autonomia, carreira profissional e empreendedorismo feminino. � como se temas t�o relevantes perdessem a import�ncia e sa�ssem da pauta. As mulheres j� s�o as maiores v�timas dessa pandemia e da crise econ�mica que se agravou com ela.
N�o � novidade para ningu�m que elas s�o, na maioria, a sustenta��o financeira das fam�lias e da sociedade, porque cuidam de tudo e de todos e ainda trabalham como empregadas dom�sticas, cozinheiras, diaristas, bab�s: 92% das pessoas que realizam trabalhos dom�sticos remunerados s�o mulheres. Isso equivale a 5,7 milh�es de brasileiras. Desse total, 3,9 milh�es s�o mulheres negras.”
Os pedidos de ajuda v�m chegando numa quantidade muito maior do que as doa��es que o projeto vem recebendo. N�o � s� o coronav�rus que pode matar, a fome tamb�m mata. Mas as hist�rias de empatia e solidariedade tamb�m n�o s�o poucas. Uma m�e que � assistida pelo projeto doou fraldas do seu filho para o filho de outra m�e mesmo quando n�o tinha o que comer.
N�o podemos deixar as quest�es que envolvem as m�es para depois. A proposta do “Ningu�m solta a m�e de ningu�m” � unir for�as, buscar parcerias, estreitar la�os de solidariedade e compartilhar tudo o que for poss�vel, de recursos a conhecimento. O resultado do que for feito hoje vai impactar profundamente em um futuro breve na nossa sociedade. Queremos viver num mundo onde “ningu�m solta a m�e de ningu�m”
Voc� pode ajudar a mudar hist�rias de vida como as da Joana e da Sueli sem sair de casa, n�o deixe o v�rus circular. Espalhe solidariedade. Conhe�a o projeto. Seja volunt�rio. Ajude, participe, fa�a parte e mude a realidade dessas m�es.