(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas padecendo

Gaiola de ouro

Sem cores, com seu canto triste, ela j� n�o conseguia dormir. Mais uma noite insone. A tristeza e a ansiedade e consumiam


01/08/2021 04:00 - atualizado 29/07/2021 11:41



Passarinha era livre. Voava em busca de comida todos os dias. Comia o que encontrava. Voava sozinha, ou em bando. Via o mundo do alto. Certo dia achou uma vasilha cheia de alpiste e foi l� comer. Algu�m apareceu, ela se assustou o voou para longe. Acabou voltando, n�o podia desperdi�ar todo aquele alimento.

Todos os dias ia at� l�, e sempre encontrava o alpiste. Depois passou a encontrar frutas. Foi se acostumando com o algu�m que aparecia. N�o fugia mais quando ele se aproximava. Ele foi ganhando sua confian�a. Oferecendo alimentos diferentes. Sempre a agradando com flores e presentes.
 
Um dia, numa de suas visitas, Passarinha foi capturada, mediram tamanho de suas asas, o tamanho do seu bico, seu peso. E ela ganhou uma anilha de ouro. Ficou confusa. N�o havia consentido. Ningu�m lhe pediu permiss�o. Mas estava l�, com aquele anel preso � sua perna. Marcada.

Ele disse a ela que tudo aquilo era porque ele a amava e n�o queria perd�-la. Ela partiu. N�o voltou l� por alguns dias, mas sentiu fome. Sabia que l� teria tudo que gostava. Voltou.

Ele a esperava, com comida, flores e presentes. Disse que sentira muito sua falta e havia comprado para ela um lugar onde ela poderia morar e ficar em seguran�a. Uma gaiola de ouro. Se ela ficasse ali, n�o correria perigos, ela a protegeria, a alimentaria, cuidaria dela para sempre.

Passarinha ficou feliz com a ideia. A gaiola era linda, espa�osa. Tinha tr�s poleiros e um ninho. N�o daria para voar, mas tinha todo o resto. Achou que poderia sair, voar um pouco e voltar. Mas desde que entrou l�, nunca mais pode sair.

Cantava para alegr�-lo. Esperando ganhar um presente. Ele n�o se importava. Seu canto foi ficando triste, e ele reclamava que ela n�o cantava mais como antes. Seu ninho estava sempre vazio.

Observou que suas penas estavam perdendo o colorido, deu um jeito de trocar a plumagem, ganhar novamente as cores que tinha. Quando ele viu a mudan�a brigou, jogou a gaiola no ch�o. N�o queria que ela chamasse a aten��o de ningu�m. “Onde j� se viu uma passarinha que se d� ao respeito usando cores t�o espalhafatosas?”

Arrancou suas penas. A colocou em uma gaiola menor. Tamb�m de ouro, mas com um �nico poleiro onde ela deveria se equilibrar dia e noite. Sem espa�o para dar nenhum pulinho.

Depois ele pediu desculpas pelas penas que havia arrancado. Prometeu que nunca mais a deixaria daquele jeito. Mas deixou claro que a culpa era dela, que ela o deixara nervoso. Ela disse que estava trinte, que queria voltar a voar, queria poder conhecer outros lugares. Ele a levou para viajar. Conhecer outros pa�ses, mas a gaiola foi junto. Passarinha dentro. Se equilibrando naquele pequeno poleiro.

Sem cores, com seu canto triste, ela j� n�o conseguia dormir. Mais uma noite insone. A tristeza e a ansiedade e consumiam. Sozinha naquele poleiro, Passarinha sentia seu corpo frio. Seu cora��o batendo devagar. Uma dor a cada vez que seus pulm�es se enchiam de ar. Se lembrou de todas as vezes que acreditou que seria feliz. Aproveitou um descuido e fugiu. Voou ziguezagueando, sem muita for�a nas asas, mas conseguiu. Encontrou outras passarinhas que a ajudaram na fuga. Nunca mais viu aquela gaiola. Recuperou suas cores e seu canto e voou para muito longe.

Depositphotos

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)