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Estado de Minas EM MINAS

Ailton Krenak, um totem na Academia Brasileira de Letras

Cento e vinte e seis anos depois de sua funda��o, por Machado de Assis, a Academia Brasileira de Letras (ABL) tem um escritor ind�gena entre os seus membros


06/10/2023 04:00 - atualizado 06/10/2023 09:43
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Ailton Krenak
N�o ser� esta nem a primeira, nem a �ltima vez, que Ailton Krenak salta � cena p�blica e escreve a hist�ria (foto: Marcos Vieira/EM/DAPress)
Para ele, o amanh� nunca esteve � venda. E justamente no dia em que o Congresso Nacional celebrou, em sess�o solene, os 35 anos da Constitui��o Federal, uma nova voz se faz imortal na Academia Brasileira de Letras (ABL). N�o ser� esta nem a primeira, nem a �ltima vez, que Ailton Krenak salta � cena p�blica e escreve a hist�ria.

Em 4 de setembro de 1987, protagonizou uma das imagens mais marcantes da Assembleia Nacional Constituinte. Da tribuna, enquanto pintava o rosto com jenipapo, refer�ncia ao luto Krenak pelo exterm�nio de mais de cinco milh�es de ind�genas no Brasil, discursou em defesa dos povos origin�rios.

“Ent�o me senti Juruna”, relembra ele, que � um dos mais destacados ativistas do movimento socioambiental e dos direitos ind�genas. Em desafio � ent�o tutela do estado sobre os povos origin�rios, Juruna foi, em 1982, o primeiro ind�gena da hist�ria a ser eleito deputado federal. 

As conquistas cravadas na Carta Magna sucedem algumas vit�rias da luta ind�gena sobre a ditadura. Em 1978, o governo militar havia tentado baixar o decreto de emancipa��o, que largaria os povos origin�rios � pr�pria sorte, � semelhan�a do que fez o estado brasileiro, com a popula��o negra escravizada, ap�s a aboli��o.

A guerra sem fim para arrastar ind�genas de suas terras, for�ando-os ao modo de vida “civilizado”, do Imp�rio � Rep�blica, segue sob a forma de novas armadilhas, a mais recente batalha vencida, no Supremo Tribunal Federal (STF). Ali foi derrubada a tese do marco temporal para a demarca��o das terras ind�genas. Obviamente, a guerra segue, no Congresso Nacional. 

Mas hoje, para Ailton, � dia de festa. Cento e vinte e seis anos depois de sua funda��o, por Machado de Assis, a Academia Brasileira de Letras (ABL) tem um escritor ind�gena entre os seus membros, exatamente na mesma cadeira - a de n�mero 5 - que em 1977 acolheu a primeira mulher, Rachel de Queiroz. A vaga foi aberta com a morte do historiador mineiro Jos� Murilo de Carvalho, em agosto. 

Longe de uma perspectiva pessoal, esta �, para Krenak, conquista revestida da dimens�o coletiva e do sentido de repara��o hist�rica.

“Para o Ailton, ter um assento na ABL n�o � uma ambi��o pessoal. Mas para a pessoa que se constitui no sujeito coletivo, esse gesto � para abrir a porta dessas institui��es, assim como as cotas abriram as vagas nas universidades e hoje temos mais de 60 mil ind�genas dentro das universidades fazendo a sua forma��o em ensino superior. Algu�m tem de come�ar isso”, afirmou ele em agosto, em entrevista exclusiva ao Estado de Minas

Leia tamb�m na coluna de hoje da Bertha

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