"Minha previs�o de que a COVID-19 praticamente desaparecer� em abril, baseia-se em dados de laborat�rio, dados matem�ticos, literatura publicada e conversas com especialistas. Mas tamb�m se baseia na observa��o direta de como os testes t�m sido dif�ceis de obter, especialmente para os pobres" - escreveu ele no artigo para o Wall Street Journal.
Curiosamente, essa mensagem foi postada em diferentes grupos de WhatsApp que participo, exatamente pelos mesmos negacionista de sempre. Aqueles que cultivam o Mito de olhos fechados, assim como, cultivam bezerros de ouro.
Tamb�m � intrigante como as postagens e lives no WhatsApp tem um ar de verdade absoluta.
Especialistas em coisa nenhuma viram experts e se express�o com certezas imposs�veis para o momento epidemiol�gico que vivemos.
Geralmente recebo essas “verdades premonit�rias “ de v�rias pessoas. Algumas incr�dulas e outras esperan�osas. Invariavelmente, todas buscam uma resposta que corrobore �s suas expectativas.
A l�quida sociedade em que vivemos exige respostas r�pidas e assertivas, mesmo diante da mais inusitada epidemia que j� vivemos.
Nesse um ano de pandemia j� vimos de tudo: gente subindo e caindo do cavalo aos montes.
Mas, insistem em subir e cair novamente. Semelhante � brincadeira do touro mec�nico de parques de exposi��o de gado. Lembram da m�sica, levanta sacode a poeira e da volta por cima... e n�o desanima... Cabe vez que emergem da poeira j� saem com uma nova p�rola na algibeira.
Come�aram com a cloroquina, passaram para a ivermectina e foram em frente com corticoide precoce, azitromicina para todos, etc. Quase invariavelmente, os seus defensores eram de diferentes especialidades e quase nunca infectologistas e epidemiologistas.
Claro, isto n�o quer dizer que todos n�o tenham o direito de emitir suas opini�es sobre o assunto. Mas, prud�ncia, canja de galinha e um pingo de humildade n�o fazem mal a ningu�m.
Os poucos infectologistas que defenderam estes tratamentos, tinham evidentes conflitos de interesse para galgarem postos em institui��es governamentais. Alguns conseguiram e est�o l�, dando as suas cloroquinadas.
Um dos aspectos mais cr�ticos dessa mat�ria e que me chamou a aten��o � a defini��o de data para t�rmino da pandemia. Certamente n�o tem nada de brasileiro nesta precis�o cronol�gica.
Recebi h� alguns dias atr�s uma mensagem, sem autoria, da compet�ncia nacional para definir datas de entrega de algum trabalho. Me lembrou algu�m - dia D, hora H.
Para evitar que estrangeiros fiquem “pegando injustamente no nosso p�”, est� se compilando o “Dicion�rio Brasileiro de Prazos”, que j� deveria estar pronto, mas atrasou. No entanto, conseguimos ter acesso a alguns termos que podem ser de grande ajuda:
DEPENDE: envolve a conjun��o de v�rios fatores, todos desfavor�veis. Em situa��es anormais, pode at� significar sim, embora at� hoje tal fen�meno s� tenha sido registrado em testes te�ricos de laborat�rio. O mais comum � que signifique diversos pretextos para dizer n�o.
J� J�: aos incautos, pode dar a impress�o de ser duas vezes mais r�pido do que j�. Engano; � muito mais lento. Fa�o j� significa “passou a ser minha primeira prioridade”, enquanto “fa�o j� j�” quer dizer apenas “assim que eu terminar de ler meu jornal, prometo que vou pensar a respeito”.
LOGO: logo � bem mais tempo do que dentro em breve e muito mais do que daqui a pouco. � t�o indeterminado que pode at� levar s�culos. Logo chegaremos a outras gal�xias, por exemplo. � preciso tamb�m tomar cuidado com a frase “Mas logo eu?”, que quer dizer “t� fora!”.
M�S QUE VEM: parece coisa de primeiro grau, mas ainda tem estrangeiro que n�o entendeu. Existem s� tr�s tipos de meses: aquele em que estamos agora, os que j� passaram e os que ainda est�o por vir. Portanto, todos os meses, do pr�ximo at� o Apocalipse, s�o m�s que v�m!
NO M�XIMO: essa � f�cil! Quer dizer no m�nimo. Exemplo: Entrego em meia hora, no m�ximo. Significa que a �nica certeza � de que a coisa n�o ser� entregue antes de meia hora.
PODE DEIXAR: traduz-se como nunca.
POR VOLTA: similar a no m�ximo. � uma medida de tempo dilatada, em que o limite inferior � claro, mas o superior � totalmente indefinido. Por volta das 5h quer dizer a partir das 5 h.
SEM FALTA: � uma express�o que s� se usa depois do terceiro atraso. Porque depois do primeiro atraso, deve-se dizer “fique tranq�ilo que amanh� eu entrego”. E depois do segundo atraso, “relaxa, amanh� estar� em sua mesa”. S� a� � que vem o “amanh�, sem falta”.
UM MINUTINHO: � um per�odo de tempo incerto e n�o sabido, que nada tem a ver com um intervalo de 60 segundos e raramente dura menos que cinco minutos.
T� SAINDO: ou seja, vai demorar. Os dois verbos juntos indicam tempo cont�nuo.
VEJA BEM: � o Day after do depende. Significa “viu como pressionar n�o adianta?” � utilizado da seguinte maneira: “Mas voc� n�o prometeu os c�lculos para hoje?” Resposta: “Veja bem…”
Xiiiiiiii… Se ap�s a frase: N�o vou mais tolerar atrasos, voc� ouvir este som entenda que ele exprime d� e piedade por tamanha ignor�ncia sobre a nossa cultura.
Z�S-TR�S: palavra em moda at� uns 50 anos atr�s e que significava ligeireza no cumprimento de uma tarefa, com total efici�ncia e sem nenhuma desculpa. Por isso mesmo, caiu em desuso e foi abolida do dicion�rio.
Acredito que o colega cirurgi�o, deve ter feito est�gio no Brasil, pois se referiu a imunidade de rebanho de Manaus com muita familiaridade com a regi�o onde nunca esteve. Ele n�o definiu Abril de qual ano!
O dia, n�o tem d�vida! Certeza ABSOLUTA: 1º de abril!
Ali�s, todas as vezes que algu�m me diz que, nessa epidemia, que tem certeza absoluta de alguma coisa, eu me lembro de um epis�dio dos tr�s patetas: Larry, Moe e Curly.
Joe, o mais esperto dos tr�s disse:
- Os cientistas dizem que s� os idiotas t�m certeza absoluta das coisas.
- Os cientistas dizem que s� os idiotas t�m certeza absoluta das coisas.
Ent�o o Moe perguntou:
- Voc� tem certeza?
Ele respondeu:
- Absoluta