
A barra do dia, as luzes e o sil�ncio pand�mico tornam o cen�rio �nico em uma exist�ncia. A cidade e seus sem�foros piscando para ningu�m.
O c�o perdido, que n�o tem a quem seguir, cansou, parou. Nem um ciclista para assustar. Frustrante pra cachorro!
Tempos estranhos. Para onde foram todos?! N�o foram. Ficaram, mas n�o est�o. Permanecem na casamata esperando o v�rus passar pelos olhos das janelas.
A vida s� voltar� a ser como antes se nos refugiarmos dentro de n�s mesmos. Abra�armos a solid�o como um estado natural de quem vive, do ber�o ao t�mulo, sem a ang�stia que apaga todas as luzes. � preciso evoluir para sobreviver.
Aprendemos com o v�rus.
� preciso horizonte. Um Belo Horizonte para buscar caminhos. Mirar o infinito, sem perder o sentido de proximidade.
A cidade pulsa em coma induzido. H� vida a ser vivida.
Ainda h� oxig�nio a ser respirado no planeta. H� sexo nessa tortura.
Pessoas nascer�o para viver suas pr�prias epidemias, surtos de paix�o, TPMs, ilus�o e t�dio.
Distante desses dias, antrop�logos nos analisar�o com frieza e curiosidade.
Porque ser� precisavam tanto aglomerar para se sentirem felizes?! E as fantasias?! J� n�o bastavam as m�scaras?!
Uma coisa � certa: aprenderam a descobrir a si mesmos, reataram la�os familiares e o sentido do trabalho como necess�rio � subsist�ncia.
A interdepend�ncia global real come�ou a ser percept�vel com a pandemia de 2020. A conectividade e o sentido de tecido humano integrado � natureza come�a a ser entendido, de fato, a partir de 1 milh�o de vidas perdidas.
A caminho de um futuro incerto, o planeta perdeu, at� hoje, uma Belo Horizonte em vidas (2.787.785 pessoas). Cerca de 15 Nagasaki e Hiroshima em apenas 1 ano.
Foram necess�rios mais de 300 mil mortos para que um “g�nio da �poca” usasse m�scara e esbo�asse, mesmo que contrariado, algum sentimento pelas vidas perdidas no seu pa�s.
Asfixia pol�tica � mais eficiente do que covas preenchidas.
Nossos investigadores futuros nos ver�o como seres pr�-hist�ricos, cujo c�rebro do dirigente maior merecer� estudo especial para encontrar os marcadores gen�ticos e fisiopatol�gicos da perversidade e falta de car�ter.
A dificuldade ser� encontrar, num cr�nio vazio, massa encef�lica a ser estudada.
Mas, arque�logos usando t�cnicas especiais descobrir�o os sonhos ditatoriais do governante: - Imp�rio de Messias I, II, III e IV.
Cat�strofe secular! Ainda bem que n�o passou de um neur�nio delirante psic�tico.
Abortado o del�rio, imperam os princ�pios democr�ticos e o pa�s volta a ser o pa�s do futuro.
Ser�?!