(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas Pandemia

Os dez mandamentos para controle da COVID-19

Recomenda��es fazem parte da rotina de profissionais de sa�de, de hospitais e entre a popula��o em geral, e merecem aten��o especial


10/07/2021 06:00

(foto: Miroslava Chrienova/Pixabay )
(foto: Miroslava Chrienova/Pixabay )

Apesar de ter feito o catecismo, nunca fui muito ligado a regras com m�trica definida. Os gurus nunca me convenceram com as sete regras para ser feliz, ou os dez passos para o sucesso. Entendo que a complexidade da vida n�o cabe em m�tricas predefinidas.

Entretanto, quando lidamos com protocolos t�cnicos, alguns princ�pios devem ser estabelecidos para termos uma maior probabilidade de atingirmos nossos objetivos.

No caso da COVID-19, apesar de ainda estarmos diante de uma doen�a com in�meras lacunas cient�ficas a serem desvendadas, algumas estrat�gias s�o fundamentais para conseguirmos nos aproximar da t�o sonhada "normalidade", que comentamos na semana anterior, aqui mesmo nesta coluna.

A revista cient�fica Nature Medicine, publicou, no dia 5 de julho �ltimo, uma correspond�ncia enviada por um grupo de pesquisadores indianos com 10 estrat�gias fundamentais para controle da COVID-19.

Lembro que a �ndia protagonizou recentemente uma das cenas mais impressionantes dessa epidemia at� o momento, com cad�veres sendo cremados coletivamente aos holofotes do mundo.

A variante respons�vel pela trag�dia naquele pa�s desembarcou recentemente em nosso pa�s e j� circula em nosso quintal sorrateiramente. Esta semana foi registrada em uma fam�lia paulistana, que n�o saiu das redondezas da Avenida Paulista.

A variante Delta (ex-Indiana), 6 a 8 vezes mais transmiss�vel que a variante que deu in�cio a pandemia, � menos sens�vel aos anticorpos produzidos pelo nosso sistema imunol�gico, seja induzidos pela infec��o natural ou pelas vacinas.

Apesar da vol�pia da visitante indesejada, as medidas de distanciamento social, aliadas � vacina��o, s�o barreiras fundamentais para nos proteger e evitar que protagonizemos um novo e funesto vexame aos olhos do mundo e das gera��es presentes e futuras.

As recomenda��es dos colegas indianos s�o bem conhecidas da maioria, mas n�o custa refor�ar:

1) Usar m�scaras de forma adequada quando em ambiente p�blico


A literatura internacional � un�nime em confirmar a import�ncia desta medida para evitar a transmiss�o viral de uma pessoa para outra. As m�scaras N-95 e as PFF2 s�o mais eficazes que as cir�rgicas. M�scaras duplas s�o mais eficazes que apenas uma m�scara, exceto se a m�scara for uma N-95, ou PFF2.

2) Evite aglomera��es, principalmente em locais fechados


Mais de 39 estudos cient�ficos s�o consistentes em confirmar a import�ncia de mantermos o distanciamento social de mais de 1 metro entre uma pessoa e outra. Quanto maior o distanciamento, menor o risco de transmiss�o. Manter os ambientes abertos e bem ventilados � fundamental para evitarmos a dispers�o viral.

3) Caso desenvolva sintomas, realize teste para detec��o da doen�a e mantenha-se isolado de outras pessoas at� que os sintomas melhorem (cerca de 10 dias)

O diagn�stico e isolamento precoces, diante de sintomas como febre, tosse, dor de garganta, perda de olfato e paladar, s�o fundamentais para o controle da transmiss�o da doen�a. Caso n�o tenha condi��es de realizar um exame confirmat�rio, mantenha-se em casa e comporte-se como se estivesse infectado pela COVID-19. A grande maioria das pessoas podem permanecer em casa recebendo hidrata��o, antit�rmicos e monitorando a satura��o de oxig�nio com ajuda de um ox�metro.

4) Caso apresente dificuldade para respirar, ou a satura��o de oxig�nio apresente uma tend�ncia progressiva de queda abaixo de 92%, procure assist�ncia m�dica

O cansa�o f�cil ap�s exerc�cios leves, � um sinal de alerta importante. Deitar de barriga para baixo (posi��o prona) melhora a oxigena��o sangu�nea e alivia a falta de ar

5) Vacine-se assim que chegar a sua vez

O mais r�pido poss�vel, independentemente de j� ter tido a doen�a. A vacina��o � reconhecidamente a medida mais importante para evitar a infec��o e principalmente as formas graves da doen�a. Em nosso caso, eu acrescento, n�o tente escolher a vacina e, principalmente, n�o atrase a sua vacina��o. Todas s�o eficazes para nos proteger. Ao nos protegermos, protegemos tamb�m toda sociedade.

As recomenda��es seguintes s�o dirigidas aos profissionais de sa�de:

6) N�o prescreva medicamentos sem confirma��o cient�fica de efic�cia ou ineficazes contra a COVID-19

N�o existem dados que suportem o uso de ivermectina, cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina ou compostos a base de ervas para tratamento ou preven��o da COVID-19. Nenhuma dessas drogas foram aprovadas para uso pela Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS).

Eu acrescentaria, nenhuma sociedade cient�fica nacional ou internacional da �rea de doen�as infecciosas recomenda o uso dessas drogas. Portanto, n�o deixe a pol�tica contaminar os princ�pios cient�ficos que norteiam a conduta m�dica.

7) N�o utilize drogas com rendesivir, ou tocilizumabe, exceto em situa��es em que essas drogas forem absolutamente necess�rias

O tocilizumabe est� indicado apenas em paciente em estado cr�tico, em circunst�ncias muito especiais, dentro de r�gidos protocolos. O seu uso em outras circunst�ncias n�o � ben�fico, podendo, at� mesmo, piorar a situa��o do paciente.

O rendesivir, por sua vez, teve um efeito muito discreto na redu��o do tempo de recupera��o dos pacientes, em alguns estudos cl�nicos. N�o foi observada redu��o significativa na mortalidade com o uso dessa droga.

8) Utilize corticosteroides de forma extremamente prudente, apenas em pacientes com hip�xia

Monitore muito bem a glicemia no sentido de mant�-la em n�veis normais. Estudos randomizados mostraram o benef�cio do uso de dexametasona na dose de 6 mg por dia, por um curto per�odo de 5 a 10 dias, para os pacientes com necessidade de oxig�nio suplementar.

Quanto mais grave o paciente, maior o benef�cio. Outros corticoides, como a metilprednisolona (16 mg de 12/12 horas), ou prednisolona (20 mg de 12/12 horas) podem ser utilizados.

Os corticosteroides n�o est�o indicados em pacientes que n�o estejam necessitando de oxig�nio, podendo ser, inclusive, lesivos. N�o h� dados cient�ficos que suportem o uso de corticosteroides em altas doses ou por tempo prolongado( superior a 10 dias).

� fundamental um r�gido controle da glicemia para se reduzir o rico de infec��o f�ngica secund�ria. Corticosteroides usados por 5 a 10 dias n�o necessitam suspens�o escalonada.

9) N�o utilize regularmente m�todos diagn�sticos que n�o interferir�o na conduta terap�utica, tais como tomografia computadorizada ou dosagem de biomarcadores inflamat�rios

N�o h� suporte cient�fico para o uso rotineiro destes exames para orienta��o do tratamento.

10) N�o ignorem o tratamento de outras doen�as graves durante a epidemia de COVID-19

O tratamento de doen�as como o c�ncer, insufici�ncia renal e card�aca, tuberculose, etc, n�o devem ser negligenciadas e postergadas em fun��o da epidemia.

Da mesma forma, os cuidados com rec�m-nascidos e a imuniza��o de crian�as foram extremamente prejudicados durante a pandemia. A suspens�o de tratamentos de pacientes com c�ncer durante a pandemia pode ter ocasionado tantos �bitos, quanto a pr�pria COVID-19.

Estas recomenda��es dos colegas indianos, apesar de j� fazerem parte da rotina de boa parte de todos n�s, e de nossos hospitais, merecem uma aten��o especial. Afinal, prud�ncia e canja de galinha n�o fazem mal a ningu�m.

O curioso de uma pandemia � que ela tem o mesmo ritmo de nossas vidas. Tudo � igual, por�m, diferente. Tudo � diferente, mas quase igual. A diferen�a est� no quase.

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)