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Estado de Minas CORONAV�RUS

Como o mito da F�nix ajuda BH a enfrentar a pandemia de COVID-19

A esperan�a e a inten��o � expormos de forma transparente todos os princ�pios t�cnico-cient�ficos que permeiam essa tentativa de retorno � normalidade


03/07/2021 06:00 - atualizado 03/07/2021 10:53

(foto: Skylarvision/Pixabay)
(foto: Skylarvision/Pixabay)

A f�nix ou f�nix, � um p�ssaro da mitologia grega que, quando morria, entrava em auto-combust�o e, passado algum tempo, ressurgia das pr�prias cinzas. Outra caracter�stica da f�nix � sua for�a, que lhe permite carregar cargas muito pesadas enquanto voa, havendo lendas nas quais chega a carregar elefantes.

No in�cio da era Crist� esta ave fabulosa foi s�mbolo do renascimento e da ressurrei��o. Neste sentido, ela simboliza o Cristo ou o Iniciado, recebendo uma segunda vida, em troca daquela que sacrificou.

A f�nix ï¿½ uma ave mitol�gica que representa os ciclos da vida, o recome�o e a esperan�a num futuro melhor. De origem eg�pcia, o mito est� presente em v�rias culturas, como a grega, romana, �rabe e chinesa.

Eu acrescentaria: trata-se de um ser mitologicamente pand�mico e muito apropriado ao momento atual.

Retomar nossas vidas como antes � o grande desafio que temos no momento. Responder quando, como e de que maneira faz�-lo com seguran�a e responsabilidade �, certamente, um caminho pand�mico pantanoso.

Queremos e precisamos achar a trilha desenhada por indicadores epidemiol�gicos que nos permitam ir passo a passo reconquistando nossas escolas, espa�os de trabalho, nossa vida social, o abra�o dos amigos e dos desconhecidos nos campos de futebol.

Nessa reconquista do mundo perdido, passamos pelas nossas profecias estat�sticas iniciais, praticamente todas, coincidentes com a realidade tr�gica nacional.

Em algumas situa��es a realidade foi pior do que jamais poder�amos imaginar. Para outras, a previs�o catastr�fica foi contida pela sensatez e sensibilidade pol�tica dos representantes p�blicos eleitos.

Entendo ter sido Belo Horizonte um bom exemplo, claro, com a devida v�nia do meu conflito de interesse.

Vimos em nosso plano nacional um dos maiores vexames mundiais na condu��o da pandemia, que se arrasta at� os dias de hoje, sendo conceituado como um verdadeiro genoc�dio por v�rios depoentes na CPI em curso no senado federal.

Foi nessa busca de encontrar par�metros para irmos passo a passo retomando nossas vidas que ousamos, mais uma vez, propor par�metros t�cnicos que nos permitissem seguir o mito da f�nix.

Reciclados pela dor da perda de milhares de amigos, parentes e irm�os distantes, certamente n�o poder�amos propor alguma coisa que ultrapassasse os limites do conhecimento cient�fico do momento. Muito menos, o fato de n�o termos a seguran�a quanto ao comportamento das variantes que brotam a todo momento, principalmente, em locais onde a ignor�ncia (ou m� f�) predominou e "deixaram o v�rus viajar."

Foi com a inten��o de encontrarmos o caminho das Minas que desenvolvemos modelos matriciais usando indicadores de f�cil acesso e p�blicos para acharmos a taxa de normalidade do momento.

Para chegarmos at� ela, usamos a Incid�ncia por 100.000 habitantes e a tend�ncia da incid�ncia (redu��o, estabilidade, ou aumento no n�mero de casos), as quais refletem a velocidade de progress�o do v�rus na comunidade.

Usamos a tend�ncia da taxa de mortalidade e a letalidade como par�metros do impacto do n�mero de casos sobre o sistema de sa�de e capacidade deste de responder a esta press�o.

Todos esses par�metros, indiretamente, refletem tamb�m o grau de transmissibilidade e virul�ncia das variantes circulantes, assim como o grau de ades�o da comunidade �s medidas de distanciamento social, as quais s�o fundamentais para conten��o da dissemina��o viral.

Por outro lado, o percentual de pessoas vacinadas na comunidade � um fator de prote��o fundamental que contrap�e e reverte a tend�ncia de progress�o da epidemia.

Quanto maior o percentual de pessoas vacinadas e utilizando as medidas de distanciamento social, mais perto estaremos de passar por esse momento terr�vel e renascer.

A tabela 1 mostra os elementos da Matriz de Risco e sua pondera��o. Nas linhas, ficam os indicadores e nas colunas as diferentes faixas de risco e os pesos dados a cada um dos itens.


Quando somamos os pesos de cada item da matriz, temos, no m�nimo, 6 pontos poss�veis e, no m�ximo, 30 pontos. Ou seja, 6 pontos corresponde a zero % de normalidade e 30 pontos a 100% de normalidade.

Para aqueles que gostam de entender mais a fundo, segue a f�rmula de c�lculo utilizada. Mas, se voc� arrepia quando se depara com f�rmulas, siga apenas pelo texto.

O c�lculo da taxa de normalidade (Tx(%)) � feito por interpola��o linear, considerando a pontua��o total, que vai de seis a 30 pontos, de tal forma que 5 pontos = 0% de "normalidade" e 30 pontos = 100% de "normalidade":

Tx(%) = X - 5 30 - 5 x 100

Onde: X = total de pontos do pa�s, estado, munic�pio ou localidade

Tx(%) = Taxa de Normalidade

O passo seguinte � para identificar as faixas de normalidade e o que cada uma delas permite que seja retomado. Estas faixas, a princ�pio, ter�o que ser arbitradas e posteriormente validadas pelos dados epidemiol�gicos e experi�ncias vivenciadas.

Na tabela 2, encontramos um exemplo de faixas de normalidade para retorno �s atividades presenciais nas escolas.


Trata-se de um modelo e uma proposta em franca evolu��o e expans�o para a retomada de outras �reas, como por exemplo, atividades culturais, eventos sociais, atividades esportivas com p�blico, retorno ao trabalho presencial em empresas, cultos religiosos, funcionamento de bares, restaurantes, etc.

Ao contr�rio do retorno de todas essas atividades pela press�o e desespero dos seus atores sobre o poder p�blico, passamos a dispor de uma ferramenta que nos d� par�metros mais sens�veis para expandir ou retroceder nas medidas e decis�es a serem tomadas.

Segue a tabela 3 com o grau de normalidade de diferentes regi�es do mundo, do Brasil e de nosso estado.


As figuras 1, 2 e 3 a seguir, mostram a situa��o atual nos munic�pios de todo o pa�s, uma compara��o do Brasil com outros pa�ses e a situa��o dos munic�pios de Minas.




Estes par�metros nos permitir�o aos poucos retomar nossas vidas, devendo ser ajustados conforme avan�amos no conhecimento cient�fico sobre o v�rus e seu impacto clinico, epidemiol�gico e econ�mico sobre os diversos tecidos sociais.

A esperan�a e a inten��o � expormos de forma transparente todos os princ�pios t�cnico-cient�ficos que permeiam essa tentativa de retorno � normalidade, mesmo que ainda estejamos num cen�rio pand�mico extremamente incerto.

Todo esse trabalho n�o seria poss�vel se n�o fosse o brilhantismo, parceria cient�fica e amizade do professor Br�ulio Couto, com o qual compartilho a autoria desse modelo, juntamente com todos os colegas que comp�em o comit� de gest�o da pandemia da prefeitura de Belo Horizonte.

Espero que a F�nix alce voo em c�u de brigadeiro e possa ajudar a todos voltar a dormir em paz.

Refer�ncias

COUTO & STARLING (2020). Mathematical Modeling of COVID-19 Transmission by a k Phases SEIR Model. In: Open Forum Infectious Diseases, 7 (Supplement_1), S283–S285. https://doi.org/10.1093/ofid/ofaa439.627 ECDC - European Centre for Disease Prevention and Control. COVID-19 situation update for the EU/EAA and UK, 24 October 2020 – 8 December 2020. https://www.ecdc.europa.eu WU, Zunyou; MCGOOGAN, Jennifer M (2020). Characteristics of and Important Lessons From the Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) Outbreak in China. Jama, [s.l.], p.1-4, 24 fev. 2020. American Medical Association (AMA). https://dx.doi.org/10.1001/jama.2020.2648

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