
O beija flor beija,
O sol lambe o horizonte
As pessoas pegam os filhos na escola
Algu�m olha a tarde cair pela janela.
Algu�m toma uma cerveja na esquina que n�o mais existir�,
Mas, um minuto antes estar� l�,
Na mesma esquina onde brotava poesia.
O mundo aquecer� e esfriar�,
Enquanto botos e tubar�es se esconder�o entre rochas nas profundezas do mar.
N�o haver�o olhos para o nascente, nem para poente,
O sol, solit�rio, procurar� quem o admire nas tardes sem nada a ser visto.
O mundo in�spito,
N�o ter� esquinas nem m�sicas
Apenas o sil�ncio.
Antes que o sil�ncio nos abrace,
Quero o som do surdo treme terra,
O grito da cuica,
A sutileza do violino e o agudo do Bituca.
Antes que tudo acabe pe�o perd�o
pelos dias n�o vividos e o humor �rido que n�o sabia que o dia terminaria.
Antes que o mundo termine,
Quero lhe abra�ar e dizer,
Poderia n�o terminar.
Mas, j� que terminar�,
Que seja com o seu olhar.
H� alguns dias escrevi essa poesia.
Meu sentimento era de que a estupidez humana estaria pr�xima de destruir o planeta com o simples apertar de um bot�o.
Errei!
A estupidez � ainda mais cruel.
A morte dever� ser lenta e com agonia sufocante.
O planeta sangrar� e sufocar� inclusive seus algozes.
N�o h� mais tempo h�bil para frear a locomotiva desgovernada.
A imbecilidade humana far� o que nenhum v�rus conseguiu fazer.
Vendo os corpos espalhadas pelas ruas de Bucha algu�m tem d�vida de que estamos � merc� de loucos?! Nossa loucura.
N�o precisa ir t�o longe, basta olhar � nossa volta.
Olhe para a sua dispensa. Para o seu lixo, para suas roupas e sua gaveta de rem�dios.
S�o os nossos corpos espalhados pelo mundo.