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Estado de Minas CLARA TEIXEIRA

Sororidade e o mito da rivalidade feminina

A sororidade representa a uni�o entre mulheres com base na empatia e no companheirismo; a solidariedade pol�tica feminina � chave para derrubar o patriarcado


11/02/2021 07:20

"� preciso abrir m�o do poder de domina��o e explora��o que algumas mulheres possuem sobre outras" (foto: StockSnap/Pixabay )

H� um ano, as buscas pela palavra “sororidade” no Google cresceram 250% ap�s Manu Gavassi usar o termo para justificar o seu voto em Felipe Prior para o pared�o no Big Brother Brasil. Hoje, estamos vendo uma edi��o do programa em que as mulheres n�o se mobilizaram em um movimento de uni�o e que, algumas delas, est�o reproduzindo viol�ncia e abuso diariamente na televis�o aberta.

Recuperando o significado do termo, sororidade vem do latim soror, que significa irm�. A palavra representa a uni�o entre as mulheres com base na empatia e no companheirismo. Para a jornalista Babi Souza, autora do livro Vamos juntas? O guia da sororidade para todas, o conceito se refere � um “olhar carinhoso para outra mulher”. Para al�m do acolhimento (que tamb�m � importante) a autora traz a import�ncia de se pensar a alian�a feminina como mobiliza��o coletiva para alcan�ar objetivos comuns.

Desde a inf�ncia, fomos socializadas a nos sentirmos inferiores aos homens. A competitividade feminina � fruto de uma busca incessante pela aprova��o masculina seja na fam�lia, nos relacionamentos amorosos ou no trabalho. Fomos educadas a encarar as outras mulheres como inimigas. A rivalidade feminina � fruto e ao mesmo tempo motor do patriarcado.

Como a cr�tica ao pensamento sexista n�o � incentivada, muitas mulheres julgam estar se empoderando quando repetem os homens. Esse � um dos momentos em que a gente refor�a a ideia de que homens seriam superiores �s mulheres e reproduz um olhar punitivo umas �s outras. O mercado de trabalho � um �timo exemplo de como reproduzimos o machismo nas nossas rela��es com outras mulheres, pois � muito comum ouvir mulheres dizendo que preferem trabalhar com homens. 

S�o muitas as mentiras que o patriarcado nos conta. M�rcia Tiburi afirma que a maioria das pessoas foi ensinada a acreditar no “mito da rivalidade feminina”. A fil�sofa explica que esse mito � parte integrante da pr�pria ideologia da domina��o masculina, pois desmobiliza qualquer possibilidade de for�a coletiva entre mulheres. A uni�o feminina, t�o temida pelo patriarcado, � de fato transformadora. 

A estrutura��o pol�tica da sororidade seria capaz de nos tornar muito mais aut�nomas sobre nossas vidas e nossos corpos, teria potencial para colocar fim � viol�ncia contra as mulheres e provocaria mudan�as estruturais em nossa sociedade. Como afirma bell hooks (2018), a “solidariedade pol�tica entre mulheres sempre enfraquece o sexismo e prepara o caminho para derrubar o patriarcado”.

A sororidade estruturada de forma pol�tica chama-se feminismo. N�o � � toa que h� um projeto incessante de desmobiliza��o do movimento feminista, pautado nessa cren�a de que mulheres n�o s�o unidas. � muito importante pontuar que o movimento feminista precisa ser interseccional, ou seja, precisa considerar as particularidades de cada tipo de mulher. No pen�ltimo texto dessa coluna, por exemplo, vimos como a pauta das mulheres trans � urgente. Em outro texto, discutimos como o racismo atravessa as opress�es sofridas pelas mulheres negras dentro do patriarcado. Ao contr�rio do que muitos propagam, isso n�o � desuni�o, isso � olhar com cuidado, acolhimento e respeito para todas as mulheres.

Para continuar promovendo as mudan�as que queremos na constru��o de uma sociedade livre do sexismo, precisamos renovar o nosso comprometimento com a solidariedade pol�tica feminina. Esse comprometimento pede, al�m de um olhar acolhedor entre mulheres, um movimento constante de reflex�o e autocr�tica sobre o sexismo internalizado em cada uma de n�s. � preciso abrir m�o do poder de domina��o e explora��o que algumas mulheres possuem sobre outras.

A sororidade vai al�m da compaix�o, ela � uma luta coletiva.

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