Saiba como se conjuga o trio amoroso 'amar, abra�ar, beijar'

Amanh� � Dia dos Namorados. Cupido pede passagem. Ningu�m escapa. De venda nos olhos, arco e flecha nas m�os, ele n�o escolhe hora nem lugar. Menino, menina, adulto, adulta, idoso, idosa, todos correm perigo. Queiram ou n�o, podem levar uma flechada.

O resultado � sempre o mesmo. O atingido fica apaixonad�ssimo. Por isso chamam o garotinho de deus do amor. At� quando dura a paix�o? Eis o mist�rio. Vinicius de Moraes, cobra criada, diz que o “o amor � infinito enquanto dura”. Mill�r Fernandes concorda: “Eterno no amor tem o mesmo sentido de permanente no cabelo”. Ser�?

Dia dos Namorados convoca o verbo presentear. Conjug�-lo conforme manda a gram�tica agrada como tomar caf� na cama, receber flores, ouvir elogio. Por jogar no time de frear, cear e passear, presentear perde o i no n�s e v�s dos dois presentes — do indicativo e do subjuntivo.

Veja: eu presenteio (freio, passeio, ceio), ele presenteia (freia, passeia, ceia), n�s presenteamos (freamos, passeamos, ceamos), v�s presenteais (freais, passeais, ceais), eles presenteiam (freiam, passeiam, ceiam); que eu presenteie (freie, passeie, ceie), ele presenteie (freie, passeie, ceie), n�s presenteemos (freemos, passeemos ceemos), v�s presenteeis (freeis, passeeis, ceeis), eles presenteiem (freiem, passeiem, ceiem).

Qual a origem do Dia dos Namorados? M�rcio Cotrim responde: “A vers�o mais conhecida originou-se na Roma antiga, no s�culo 3º. Um padre chamado Valentim, desobedecendo �s ordens do imperador Cl�udio II – que proibira o matrim�nio durante as guerras por acreditar que os solteiros eram os melhores combatentes – continuou celebrando casamentos.

Acabou preso e condenado � morte. Considerado m�rtir pela Igreja Cat�lica, morreu em 14 de fevereiro. No s�culo 17, ingleses e franceses passaram a celebrar o Dia de S�o Valentim como Dia dos Namorados. Os Estados Unidos foram atr�s”. N�s preferimos 12 de junho. Por qu�?

Para n�s, brasileiros, a data surgiu em 12 de junho de 1949 por iniciativa da loja paulista Exposi��o Cl�per numa escolha pr�tica, nada a ver com o Valentine’s Day americano. Como junho � um per�odo de vendas baixas, entre o Dia das M�es e o Dia dos Pais, o publicit�rio Jo�o D�ria lan�ou a data com um vi�s eminentemente comercial adotando o seguinte slogan: “N�o � s� com beijos que se prova o amor”.

Al�m de tudo, a data sugerida � v�spera do dia de Santo Ant�nio, o santo casamenteiro t�o festejado nas festas juninas. Como na linda e ing�nua can��o de autoria de Lamartine Babo: “Eu pedi numa ora��o / Ao querido S�o Jo�o / Que me desse um matrim�nio / S�o Jo�o disse que n�o / S�o Jo�o disse que n�o / Isso � l� com Santo Ant�nio”.  

Amar, abra�ar e beijar andam juntos. At� a l�ngua conspira a favor da uni�o. O trio � pele na pele. Transitivos diretos, os verbos dispensam a preposi��o: Paulo ama Maria, Maria ama Paulo. Paulo abra�a Maria, Maria abra�a Paulo. Paulo beija Maria, Maria beija Paulo.

O amor � cego, mas n�o surdo. Na substitui��o do nome pelo pronome, use o �tono o ou a. � ele que exerce a fun��o de objeto direto: Paulo ama Maria. (Paulo a ama.) Maria ama Paulo. (Maria o ama.) Paulo abra�a Maria. (Paulo a abra�a.) Maria abra�a Paulo. (Maria o abra�a.) Paulo beija Maria. (Paulo a beija.) Maria beija Paulo. (Maria o beija.)

Dizer lhe ama, lhe abra�a, lhe beija? N�ooooooooooooooo! � tornar os verbos transitivos indiretos. Com eles, ergue-se barreira entre os pares. Resultado: um l�, outro c�.

Existe o verbo exitar?

Cristina Zocollo, lugar incerto

O dicion�rio diz que n�o. Mas a l�ngua permite a forma��o de verbos com o acr�scimo do sufixo -ar: �xito, exitar.

Resta saber se pega. Se pegar, torna-se verbete de dicion�rio.