(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas IND�STRIA 4.0

Do negacionismo ao efeito Tostines: acorda, Brasil!

Nossa habilidade para sonhar e acreditar que a m�o m�gica do mercado nos levar� ao para�so econ�mico e que seremos o pa�s do futuro ainda se faz presente


06/04/2021 06:00 - atualizado 13/04/2021 11:53

(foto: Gerd Altmann/Pixabay / Tostines divulgação)
(foto: Gerd Altmann/Pixabay / Tostines divulga��o)


Nos anos 80 do s�culo passado, a televis�o brasileira, nossa grande rede de comunica��o � �poca, tinha verdadeira concorr�ncia entre propagandas, muitas delas, geniais. Eram motivos de brincadeiras e analogias nos c�rculos de amigos e, at� mesmo, nos ambientes de trabalho. Dentre as propagandas daquela �poca, recordo-me de uma cujo slogan dizia: “Tostines vende mais por que � fresquinho ou � fresquinho porque vende mais (?)”.

Em economia buscamos, continuamente, explicar os fen�menos com base no comportamento de vari�veis selecionadas. Algumas, por sua forte conota��o te�rica, s�o facilmente observadas; outras, nem tanto, ou simplesmente n�o existem. Por exemplo, a Lei de Okun – nome oriundo de seu autor, o economista Arthur Okun, � uma teoria que descreve a rela��o inversa entre taxa de desemprego e taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Sua averigua��o emp�rica � fato!

H� tamb�m as rela��es esp�rias, que s�o meras coincid�ncias de fen�menos que ocorrem simultaneamente, na mesma dire��o ou n�o, e que podem “induzir” os mais desavisados a conclus�es totalmente equivocadas. Como exemplo pr�tico atual, no Brasil, o que mais estamos observando em discursos equivocados e defesas insensatas no que diz respeito ao tratamento da COVID-19 s�o fruto de rela��es esp�rias. Afinal, seria o mundo cient�fico todo insensato e s� parte da comunidade brasileira a estar certa em adotar tratamento precoce?

Os n�meros de �bitos n�o deixam mais d�vidas sobre esse e outros equ�vocos cometidos na condu��o da pandemia no pa�s.

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) divulgou o resultado da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), que pode ser considerada um dos indicadores antecedentes do PIB. Seu resultado mas recente, referente a fevereiro de 2021, indica queda na produ��o f�sica industrial, ou seja, no seu volume produzido. Como indica o gr�fico acima, desde 2012, a produ��o da ind�stria vem seguindo tend�ncia de queda.

Se compararmos a evolu��o do volume (produ��o f�sica) do PIB total do pa�s com o da ind�stria, podemos observar que, ao longo dos anos de 1996 a 2020, e sobretudo a partir de 2007, foi-se criando distanciamento cada vez maior entre a varia��o de produ��o do PIB total e o da ind�stria. Resumindo: a ind�stria vem perdendo cont�nua participa��o no PIB total do pa�s.

A queda da participa��o da ind�stria no PIB total pode conter v�rias explica��es, mas acende alerta para a aus�ncia da revolu��o 4.0 no cen�rio nacional. De fato, em in�cio de 2020, a Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI) divulgou que apenas 1,4% das ind�strias brasileiras havia aderido � Ind�stria 4.0.

Em estudo recente, o economista Ricardo Paes de Barros mostrou que, em 30 anos - entre 1983 e 2013 -, o brasileiro havia ganho cinco anos a mais em sua escolaridade m�dia, mas sem nenhuma convers�o em ganhos de produtividade.

Da� entramos no efeito Tostines: a ind�stria brasileira n�o � capaz de aderir � revolu��o 4.0 porque n�o tem m�o de obra qualificada, ou n�o qualifica melhor sua m�o de obra porque n�o adere � revolu��o 4.0? A quest�o da qualifica��o da m�o de obra �, sem d�vida, base de grande parte de nossos problemas estruturais. Uma sociedade sem qualifica��o (educa��o) n�o � capaz de acompanhar os movimentos de mudan�as de padr�o tecnol�gico que o mundo vem imprimindo, a velocidade cada vez maior.

Nossa habilidade para sonhar e acreditar que a m�o m�gica do mercado nos levar� ao para�so econ�mico e que seremos o pa�s do futuro ainda se faz presente no Brasil. No dia 31/03, o Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Get�lio Vargas (Ibre-FGV) divulgou seu �ndice de Confian�a Empresarial (ICE), que agrega quatro setores da economia: ind�stria, servi�os, com�rcio e constru��o.

Todos os resultados setoriais apontaram para queda, pela terceira vez, do ICE. No entanto, o �nico dos quatro �ndices que ainda se mant�m em patamar de otimismo relativo � o dos empres�rios da ind�stria. O setor industrial precisa acordar! O pa�s precisa acordar, parar de ignorar a forte rela��o entre as vari�veis educa��o, tecnologia, investimento e ganhos de produtividade. Afinal, no efeito Tostines vivido pela ind�stria, n�o h� rela��o esp�ria.

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)