(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Na magia do bicampeonato, os relatos de uma noite de galoucura

Desde 2013, venho alertando para este fato transcendental: 2 a 0 contra � a nossa senha pra falar com Deus


04/12/2021 04:00 - atualizado 04/12/2021 07:28

Atleticanos na Praça Sete
Depois de confirmado o t�tulo do Campeonato Brasileiro, atleticanos fizeram da Pra�a Sete um mar alvinegro (foto: RAMON LISBOA/EM/D.A PRESS)


Consta que Juscelino Kubitschek, coitado, era cruzeirense. Por isso seu lema, “50 anos em cinco”, n�o serviu pra gente e fomos obrigados a melhor�-lo. “Cinquenta anos em cinco minutos” – a�, sim, ficou na medida exata. Isso posto, e campe�es, agora est� tudo em seu devido lugar.

Na quinta-feira, insisti com o amigo Rodolfo Gropen para que viesse ao Espeto na Veia assistir ao jogo comigo, afinal, o bar fica na rua atr�s de Meca (a sede de Lourdes), o que nos pouparia a peregrina��o no caso da conquista do t�tulo imposs�vel. Gropen chegou ao furdun�o na segunda etapa e s� o localizei quando a vaca partiu em caminhada rumo ao brejo – bastou encontr�-lo e, pimba, 2 a 0 pro Bahia.

- Leia: Galo campe�o! O amor bateu a desesperan�a

Neste momento, com o corvo pousado no umbral, um desconhecido se aprochegou com uma estranha pergunta: “Voc�s est�o pensando em qu�?”. N�o falamos nada, nem eu nem o Gropen, porque quem fala demais d� bom dia a cavalo, e revelar certos pensamentos, � sabido, acaba por quebrar o encanto. Soube depois que o amigo pensava nos 100% de aproveitamento nos oito jogos que j� vimos juntos, parceria ao estilo Lennon e McCartney, Coutinho e Pel�.

Da minha parte, eu s� conseguia pensar que o Bahia acabara de cutucar o Galo com a vara curta. Desde o Pelourinho, um suposto pai de santo havia gravado um v�deo informando sobre seus trabalhos – entre eles, e segundo o pr�prio, tinha colocado o nome do Atl�tico na boca de um sapo e costurado um l�bio no outro, credo, de modo que tava tudo acertado com o Tranca Rua. Esqueceu-se, por�m, de combinar com Deus. E a� � que entra o 2 a 0.

Desde 2013, venho alertando para este fato transcendental: 2 a 0 contra � a nossa senha pra falar com Deus. Basta o advers�rio alcan�ar o auspicioso placar para que dispare o bina do homem l� em cima. E, ent�o, abrindo espa�o entre as nuvens, Ele aponta para o est�dio l� embaixo e d� o comando: “Vira”. � um raio que cai recorrentemente no mesmo lugar. Aconteceu contra Newell’s Old Boys, Olimpia, Corinthians, Flamengo, Bahia. Todos cometeram o mesmo imperdo�vel equ�voco: fizeram o segundo gol achando que isso era uma vantagem.

Deus certamente tinha outras urg�ncias, pois desta vez resolveu a contenda a toque de caixa, sem lenga-lenga, sem cor�-cor�. O bar explodiu naquela conhecida convuls�o social – pessoas em ataques epil�ticos abra�ando e beijando desconhecidos, aquele covid�rio a c�u aberto, eu mesmo j� havia engolido a minha m�scara quando o juiz apitou o fim do jogo. Uma choradeira danada. H� b�bados que ficam violentos. Outros, excessivamente felizes. O atleticano � o b�bado que chora.

Vagamos pelas ruas, eu e o Gropen, a dar e a receber os �microns da nossa felicidade. Cantamos e choramos, bebemos e acabamos num japon�s. Foi aquela dosezinha de saqu� que iniciou o processo de aniquilamento, ficam isentas de culpa as 843 Heinekens anteriores, incluindo aquela que me foi lan�ada sobre a carca�a craniana em raz�o de Keno, motivo pelo qual meu cabelo ficou parecendo o do presidente do Cruzeiro, todo empastelado no gel. Pois bem, dormi na mesa: um atleticano finalmente abatido pela overdose de Atl�tico. O Gropen foi diretor e presidente do Conselho do Galo. � um grande advogado. Mas seu melhor of�cio exerceu na quinta, a essa altura, sexta – � um perfeito anjo da guarda, e eu o recomendo a todo atleticano disposto a perder a raz�o.

Perder a raz�o, contudo, n�o � exatamente uma escolha. � um estado natural de quem n�o tem um cora��o de pedra e precisa lidar com essas coisas de Atl�tico. Por que sempre esse �pico monumental? Por que nunca um filme calmo, em vez dessa novela mexicana? � por isso que minha m�e est� sempre a alertar para o risco do infarto. Mas com os checkups semanais a que somos submetidos, mais f�cil morrer de galoucura.

Pois amanh� tem mais! Meu Deus, chama o Gropen! E ainda falta a Copa do Brasil... Em que estado lastim�vel chegaremos ao dia 15, data da final�ssima? N�o h� casamento que sobreviva a uma coisa dessa, n�o h� emprego que se mantenha, n�o tem cheque especial que nos aguente. Tamo lascado!

Agora, c�s me d�o licen�a, que eu vou ali d� uma choradinha com os v�deos do Reinaldo, do �der e do M�rio Marra. “As l�grimas escorrem em minha face!”, narrou o Vilibaldo Alves aos 45 minutos do segundo tempo em 19 de dezembro de 1971. Aqui desce � tromba d’�gua. T� f�cil n�o.


*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)