(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

N�s somos inimigos do gol. Entre n�s h� um muro intranspon�vel

Fosse a juizada ju�zes de direito, n�o haveria mais homic�dio. Afinal o gatilho � que veio ao encontro do dedo, diriam


12/08/2023 04:00 - atualizado 12/08/2023 07:10
735

Em jogo acirrado no Allianz Parque pela Libertadores, Atlético reclamou de toque na mão do palmeirense Gabriel Menino, não marcado pelo árbitro
Em jogo acirrado no Allianz Parque pela Libertadores, Atl�tico reclamou de toque na m�o do palmeirense Gabriel Menino, n�o marcado pelo �rbitro (foto: NELSON ALMEIDA / AFP - 9/8/23)

Como bandeirantes ao contr�rio, rumamos de Minas a S�o Paulo dispostos a matar. Sen�o o jogo, o atleticano. De raiva. Em duas pelejas na casa de Borba Gato, logramos sucesso em ambas as frentes: batemos o S�o Paulo com folga e autoridade. E, sim, matamos de raiva o pobre do atleticano no confronto contra o Palmeiras e a juizada, o Deus e o gol. Contra tudo e contra todos, como diria o outro.

De algum tempo pra c� foi facultado ao juiz de futebol a tarefa de “interpretar”. Antes disso a gente sabia do problema cr�nico com rela��o � interpreta��o de texto. Agora sabemos que o buraco � mais embaixo – na arte de interpretar, seja l� o que for, s� d� canastr�o.

Veja o que fizeram com a m�o na bola. Ela n�o existe mais dentro da �rea, salvo se cometida contra o Galo, quando o membro repleto de dedos � interpretado como sendo um �rg�o que compreende desde a batata da perna at� os ombros, e age sempre criminosamente para burlar as regras do jogo. Ser�amos n�s os �nicos a exercer o 5 contra 1.

Fora isso, vamos aceitar, n�o existe mais a m�o na bola dentro da �rea, vamos parar de reclamar disso. Ali todo mundo pode ser goleiro. Fosse a juizada ju�zes de direito, n�o haveria mais homic�dio. Afinal o gatilho � que veio ao encontro do dedo, diriam. Ademais, o movimento de apert�-lo � o movimento natural do dedo, que est� colado ao corpo.

No in�cio, para inexistir a m�o na bola, o bra�o tinha de estar colado ao corpo, a demonstrar a boa inten��o do zagueiro. Com o passar do tempo, aceitaram-se alguns cent�metros de dist�ncia, depois v�rios. Agora parece bastar o ombro, afinal muito mais que uma simples cola, um intricado conjunto de articula��es capaz de “colar” definitivamente corpo e m�o atrav�s de bra�o e antebra�o – uma superbonder.

Para dar um p�nalti daquele a favor do Galo, s� se o sujeito tivesse retirado o pr�prio bra�o e utilizado a pe�a como um taco beisebol, de modo a golpear a bola para longe. Fora isso, esquece.

Sem poder contar com a justi�a dos homens, o neg�cio foi recorrer � �ltima inst�ncia – Deus. N�o precisava os 2 a 0 que, todos sabem, � a nossa senha pra falar com o homem l� em cima. Assim mesmo busquei contato, ainda que ateu, recorrendo � liga��o estreita entre a minha m�e e Santa Rita de C�ssia (de quem � devoto tamb�m o Kalil, ou seja, funciona). Como o Marcelo D2, Santa Rita gosta de velas e dona Vera prontamente queimou uma tora pelo nosso Galo.

T�o logo subiu o fumac�, Paulinho j� estava diante do gol aberto. Mas... n�s somos inimigos do gol. Entre n�s h� um muro intranspon�vel. N�is � o M�xico, o gol � o Trump. N�is � Lula, o gol � Bolsonaro. N�is � salsinha, o gol � coentro. Sem saber que era imposs�vel, Paulinho foi l� e fez – chutou pra fora, a contrariar todas as regras mais elementares da f�sica.

Seguimos, pois, mortos em agosto, assim como Get�lio Vargas, Roberto Marinho e o seu Madruga. Daqui at� o show do Paul McCartney no Terreir�o do Galo, a vida transcorrer� em bege, e a �nica e insossa tarefa ser� alcan�ar os 45 pontos que nos livre do vexame impens�vel.

Se bem que secar o inimigo � tamb�m uma atividade que, al�m de dar um colorido � vida, n�s a executamos com extraordin�ria efici�ncia. Veja o que se deu na quinta-feira ao Flamenga�o, que mais uma vez estava classificada�o – e, de novo, ficou no cheirinho. Eita que o Galo deve ser parente do corvo! � s� eu n�o ver o jogo. Se eu ver d� errado. Se eu ficar apenas concentrado, o diabo opera.

That’s all, folks! � tudo que nos resta. Agora eu vou secar o Palmeiras, porque desde que aquele l� chutou nossa bandeira, pra mim acabou a uni�o sinistra. O Paulinho podia ter pelo menos embicado a bandeira deles. Se bem que corria o risco de errar. Melhor n�o. Segue o baile.

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)