
Como bandeirantes ao contr�rio, rumamos de Minas a S�o Paulo dispostos a matar. Sen�o o jogo, o atleticano. De raiva. Em duas pelejas na casa de Borba Gato, logramos sucesso em ambas as frentes: batemos o S�o Paulo com folga e autoridade. E, sim, matamos de raiva o pobre do atleticano no confronto contra o Palmeiras e a juizada, o Deus e o gol. Contra tudo e contra todos, como diria o outro.
Veja o que fizeram com a m�o na bola. Ela n�o existe mais dentro da �rea, salvo se cometida contra o Galo, quando o membro repleto de dedos � interpretado como sendo um �rg�o que compreende desde a batata da perna at� os ombros, e age sempre criminosamente para burlar as regras do jogo. Ser�amos n�s os �nicos a exercer o 5 contra 1.
Fora isso, vamos aceitar, n�o existe mais a m�o na bola dentro da �rea, vamos parar de reclamar disso. Ali todo mundo pode ser goleiro. Fosse a juizada ju�zes de direito, n�o haveria mais homic�dio. Afinal o gatilho � que veio ao encontro do dedo, diriam. Ademais, o movimento de apert�-lo � o movimento natural do dedo, que est� colado ao corpo.
No in�cio, para inexistir a m�o na bola, o bra�o tinha de estar colado ao corpo, a demonstrar a boa inten��o do zagueiro. Com o passar do tempo, aceitaram-se alguns cent�metros de dist�ncia, depois v�rios. Agora parece bastar o ombro, afinal muito mais que uma simples cola, um intricado conjunto de articula��es capaz de “colar” definitivamente corpo e m�o atrav�s de bra�o e antebra�o – uma superbonder.
Para dar um p�nalti daquele a favor do Galo, s� se o sujeito tivesse retirado o pr�prio bra�o e utilizado a pe�a como um taco beisebol, de modo a golpear a bola para longe. Fora isso, esquece.
Sem poder contar com a justi�a dos homens, o neg�cio foi recorrer � �ltima inst�ncia – Deus. N�o precisava os 2 a 0 que, todos sabem, � a nossa senha pra falar com o homem l� em cima. Assim mesmo busquei contato, ainda que ateu, recorrendo � liga��o estreita entre a minha m�e e Santa Rita de C�ssia (de quem � devoto tamb�m o Kalil, ou seja, funciona). Como o Marcelo D2, Santa Rita gosta de velas e dona Vera prontamente queimou uma tora pelo nosso Galo.
T�o logo subiu o fumac�, Paulinho j� estava diante do gol aberto. Mas... n�s somos inimigos do gol. Entre n�s h� um muro intranspon�vel. N�is � o M�xico, o gol � o Trump. N�is � Lula, o gol � Bolsonaro. N�is � salsinha, o gol � coentro. Sem saber que era imposs�vel, Paulinho foi l� e fez – chutou pra fora, a contrariar todas as regras mais elementares da f�sica.
Seguimos, pois, mortos em agosto, assim como Get�lio Vargas, Roberto Marinho e o seu Madruga. Daqui at� o show do Paul McCartney no Terreir�o do Galo, a vida transcorrer� em bege, e a �nica e insossa tarefa ser� alcan�ar os 45 pontos que nos livre do vexame impens�vel.
Se bem que secar o inimigo � tamb�m uma atividade que, al�m de dar um colorido � vida, n�s a executamos com extraordin�ria efici�ncia. Veja o que se deu na quinta-feira ao Flamenga�o, que mais uma vez estava classificada�o – e, de novo, ficou no cheirinho. Eita que o Galo deve ser parente do corvo! � s� eu n�o ver o jogo. Se eu ver d� errado. Se eu ficar apenas concentrado, o diabo opera.
That’s all, folks! � tudo que nos resta. Agora eu vou secar o Palmeiras, porque desde que aquele l� chutou nossa bandeira, pra mim acabou a uni�o sinistra. O Paulinho podia ter pelo menos embicado a bandeira deles. Se bem que corria o risco de errar. Melhor n�o. Segue o baile.