“Vai dar tempo de reagir”? Digo a verdade ou divago sobre o sonho? O returno do Campeonato Brasileiro se inicia trazendo essa d�vida, que, na verdade, anda dormindo comigo, de conchinha, h� algumas noites frias e repletas de ins�nia.
O desempenho do Cruzeiro no primeiro turno foi lastim�vel e t�o confuso o ponto de ser imposs�vel ou desonesto apontar uma causa apenas para essa dura realidade. A retirada apenas em parte dos integrantes da organiza��o criminosa de 2019; a devasta��o financeira dos cofres do clube; o a�odamento em tentar resolver tudo a “ferro e fogo”; a falta de um plantel minimamente em condi��es de disputar qualquer competi��o em n�vel aceit�vel; os recorrentes atrasos de sal�rios; o corpo mole de alguns jogadores por falta desses sal�rios; empres�rios bandidos retaliando o clube pelo fim de esquemas antigos de corrup��o; escolhas infelizes de t�cnicos e jogadores-refugos; os recorrentes erros de arbitragem; a falta da Na��o Azul nas arquibancadas e a inexperi�ncias de conselhos, gestores, diretores e presidentes para tocar o futebol. Houve ainda quem tenha defendido at� mesmo acabar com o Cruzeiro e come�ar tudo de novo.
Ao logo de quase dois anos, foram se acumulando muitas causas, e nem assim citei todas elas. Mas o returno est� a�. E por mais que a verdade tenda a estar ligada ao fato de ser imposs�vel uma rea��o em pontos, vit�rias e arrancadas at� a pontua��o necess�ria para alcan�armos o retorno � S�rie A, ser torcedor � um estado de esp�rito, ou seja, n�o combina com racionalidade. N�meros podem at� mover outras torcidas, jamais a do Cruzeiro. A gente vai seguir gritando e fazendo desse amor incondicional o impulso para tentar lan�ar o nosso time � frente.
Na pr�xima sexta-feira, as contas banc�rias do Cruzeiro continuar�o sofrendo bloqueios. O plantel de jogadores medianos e refugos ser� o mesmo. A dist�ncia entre a nossa coloca��o na tabela e o G-4 ainda ser� galopante. Mas uma mudan�a � certa: o maior patrim�nio do clube estar� de volta �s arquibancadas. Isso pode mudar o destino dessa hist�ria? Se sim, dar� tempo?
Restam-nos 19 partidas, 19 chances, 19 d�vidas, mas, principalmente, 19 possibilidades de estar ao lado desse gigante machucado. Vou vestir o manto sagrado para encarar cada uma delas como se fosse minha �ltima noite de amor.
Daqui a dois dias, o returno do Campeonato Brasileiro se inicia para o Cruzeiro. N�o estaremos livres de todas as outras mazelas acumuladas desde o crime de 2019, mas tamb�m ser� uma noite de amor, pois estaremos de volta ao est�dio constru�do para ser o palco do maior clube da hist�ria de Minas Gerais. Foram 527 dias de espera por esse reencontro. Dolorosas noites dormidas abra�adas � saudade. Mas nada pode ser maior do que a ansiedade por subir os degraus de concreto das arquibancadas.
Vai dar tempo de reagir? Pelo menos, na noite da pr�xima sexta-feira, no Gigante da Pampulha, vou nos permitir n�o pensar nisso. Muito provavelmente ser� o dia em que mais irei chorar, sorrir e gritar frases apaixonadas por esse meu eterno amor chamado Cruzeiro Esporte Clube.