Cristiano Junqueira
Ator e produtor
Sil�ncio, terceiro sinal, cortinas se abrindo depois de um longo e tenebroso inverno, primavera, ver�o, outono, inverno de novo... Ahh, como demorou!
O teatro mineiro respira, mesmo de m�scara e algumas vezes com ajuda de aparelhos, mas respira. A Campanha de Populariza��o est� de volta!!
Precisamos da cultura, amamos o teatro e a arte salva. Salva quem faz, salva quem vive dela, salva quem a consome.
Confesso que quando fui convidado para escrever nesta coluna, al�m de lisonjeado com o convite, tive um pequeno surto de ansiedade. Sabe aquele frio na barriga antes de entrar em cena? “Quinem”, diria um bom mineiro.
Ao mesmo tempo em que me sinto feliz pela volta da campanha, por ver colegas talentosos nos palcos, aliviado por ver t�cnicos trabalhando, louco pelas conversas de camarim, estou tamb�m irresoluto pelo momento que ainda vivemos, curioso para ver a rea��o do p�blico. Enfim, um misto de sensa��es e sentimentos.
Como produtor e ator, dentro da normalidade j� haveria grande expectativa quanto � Campanha de Populariza��o. Participo desse grande evento desde janeiro de 2001 e, de l� pra c�, estive em todas as edi��es, seja produzindo, atuando ou as duas coisas.
�, de fato, um grande movimento art�stico conhecido e reconhecido por p�blico, cr�tica e toda a classe. H� d�cadas est� em nosso calend�rio e nos planos de quem gosta de consumir e compartilhar a cultura mineira. � a maior campanha de teatro do Brasil!
� fato tamb�m que, mesmo antes da pandemia, ela n�o protagonizava mais a aten��o de algumas pessoas como outrora. Qual o motivo? Uma s�rie de fatores, mas deixemos isso para outro bate-papo.
De qualquer forma, para mim e para muitos, a campanha ainda � protagonista e, mesmo se n�o fosse, devemos nos lembrar de que coadjuvantes e figurantes s�o importantes no processo. S� existe o protagonismo? N�o, senhoras e senhores, at� porque quem protagonizou alguma coisa foi a vil�, digo, a pandemia.
Ent�o, est� na hora de o “mocinho” ressurgir, de usarmos nossas m�scaras, seja da com�dia ou da trag�dia, para tentar aliviar todas as press�es, curar as feridas, diminuir as tristezas. � apenas um recome�o. Ou melhor, j� � um recome�o.
Que nessa via de aplausos duplos possamos acender as luzes e aplaudir quem est� no palco e quem est� na plateia. Que sejamos respons�veis tamb�m, tomemos os cuidados, lembrando que m�scara n�o atrapalha rir, n�o prejudica o choro, n�o diminui a emo��o. O �lcool em gel n�o diminui o risco de se divertir.
Em 2021, n�o tivemos a edi��o da Campanha de Populariza��o do Teatro e Dan�a, e ela fez muita falta. Nuuuuu! (diria outro bom mineiro). Agora, em 2022, ainda n�o vai ser do jeito que eu queria, farei poucas apresenta��es, mas farei.
Respeit�vel p�blico, confiemos e acreditemos na arte! Mais do que nunca, canto Beto Guedes: “Vamos precisar de todo mundo. Pra banir do mundo a opress�o. Para construir a vida nova, vamos precisar de muito amor.”
Sil�ncio, terceiro sinal, cortinas se abrindo depois de um longo e tenebroso inverno, primavera, ver�o, outono, inverno de novo... Ahhhh, como demorou!!!