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Estado de Minas ENTREVISTA DE SEGUNDA

Filho de empres�ria troca multinacional por neg�cio da fam�lia em BH

Francisco Melo assumiu posto que foi da m�e, Juliana Scucato, na sorveteria Easyice. 'Tive a oportunidade de sentir na pele o que � ser empreendedor', diz ele


18/04/2022 04:00 - atualizado 18/04/2022 01:46

O executivo Francisco Melo está sentado na loja da Easyice e segura um pote de sorvete. Ao fundo, veem-se clientes da sorveteria sentados
Francisco Melo planeja usar sua experi�ncia na Ambev 'para revolucionar o mercado de sorvete' (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
� oficial. Juliana Scucato, que ao longo de duas d�cadas e meia foi a cara da Easyice, deixou a empresa. No lugar dela, entrou o filho, Francisco Melo, que nos �ltimos 15 anos trabalhou na Ambev. Seu �ltimo posto foi um cargo executivo em Nova York.
 
Juliana conta que depois de muitos anos, volta � psicologia, of�cio pelo qual sempre foi apaixonada. O sucesso da sorveteria a fez trocar o diploma pelos compromissos de RP da empresa.
 
O martelo para Francisco assumir os neg�cios foi batido durante a pandemia, �poca em que o executivo trabalhou em home office na capital mineira. Curiosamente, Chico, como ele � conhecido, disse que nunca colocaria os p�s na f�brica em fun��o administrativa.
 
A marca registrada da “Tia Ju”, segundo Francisco, foi defender o neg�cio com unhas e dentes. Juliana acreditou que poderia fazer a diferen�a apostando em ices com o jeito dela. E conseguiu essa valida��o junto aos principais clientes e parceiros.
 
“Mas santo de casa n�o faz milagre, n�? Foram necess�rios 15 anos para eu conseguir reconhecer o trabalho feito nos �ltimos 25 anos!”, reconhece Francisco. “Brinco que meu grande sonho � revolucionar o mercado de sorvete, assim como as cervejarias artesanais revolucionaram o mercado de cerveja. A turma da Ambev me ensinou que sonhar grande e sonhar pequeno d� o mesmo trabalho”, revela.

Desde os tempos de escola, voc� disse que n�o tomaria conta do neg�cio da fam�lia. Por ironia do destino, voc� assumiu o controle da Easy Ice. Qual � o balan�o deste primeiro ano? 
O primeiro ano foi de muito aprendizado, a vida de executivo � diferente da vida do empreendedor. As diferen�as v�o desde hor�rio, rotina, presta��o de contas e tipos de reuni�es at� o n�vel do risco tomado. Pode soar estranho, mas os riscos tomados hoje na Easyice s�o maiores do que os da Ambev, al�m de os impactos serem bem mais r�pidos. Olhando em retrospectiva, foi um ano em que tive a oportunidade de sentir na pele o que � ser empreendedor. Quase fechamos alguns grandes neg�cios; cada um que n�o deu certo nos trouxe energia e ideias para melhorarmos. Isso traz a resili�ncia t�o necess�ria para o empreendedor. �s vezes batemos na trave, mas logo vamos fazer gola�o.
 
Na escola, voc� j� desejava seguir a carreira do executivo de sucesso. Depois de quatro anos numa rotina de muita responsabilidade, com mais de 30 viagens pelo mundo, vale tudo pelo glamour da vida de executivo?
Vale a pena todo o esfor�o, mas n�o diria que � um estilo de vida f�cil para viver para sempre. Trabalhar com pessoas de alt�ssimo n�vel t�cnico, conhecer v�rios pa�ses, vivenciar diversas culturas, ter novas experi�ncias � muito especial e engrandecedor. Mas assim como tudo na vida, tem o seu pre�o. Quando minha filha tinha apenas 15 dias, tive de ir � Col�mbia ficar cinco dias num workshop com mais de 500 pessoas do mundo todo. Na volta, fiquei tr�s dias com ela em S�o Paulo e voei para mais uma semana no M�xico. Me mudei para Nova York quase um ano e meio antes de minha fam�lia ir para l�, fiquei fazendo bate e volta a cada tr�s semanas. Voc� abre m�o de muita coisa. Teria feito de novo, talvez tivesse parado um pouco antes.

Muitos estudantes sonham em se tornar executivos de multinacional. O que voc� diria a eles?
Temos de correr atr�s dos nossos sonhos, eles sempre valem a pena serem vividos. Especificamente sobre o sonho de ser executivo de multinacional, claro que vale a pena. Apresentei alguns projetos para o Carlos Brito, CEO da AB-InBev na �poca, desenhei o plano estrat�gico da log�stica global junto aos vice-presidentes da empresa, trabalhei com pessoas geniais. Isso d� uma bagagem enorme. Viver o mundo � engrandecedor. Tive a oportunidade de comer a mesma comida do time da f�brica na �ndia, pude ouvir das pessoas que viveram o apartheid na �frica do Sul o que sentiram durante esse per�odo, consegui visitar as pir�mides do Egito durante uma escala em Cairo. Tudo � especial, por�m � importante refor�ar: n�o � s� glamour, as viagens geralmente s�o muito corridas e cansativas, envolvem mudan�as de fuso, voo noturnos, finais de semanas “perdidos” em hot�is e bastante tempo longe da fam�lia e dos amigos, al�m da rotina intensa de trabalho e reuni�es.

Voc� come�ou como estagi�rio e conquistou um cargo cujo or�amento era de US$ 5 bilh�es. Foi garra, sorte ou determina��o?
Foi a combina��o de fatores – um deles a minha forma��o pessoal, que ajudou demais na parte de “soft skills”, t�o necess�ria ao mundo corporativo. O outro, sem d�vida, o trabalho duro, desde a �poca de estagi�rio. Passei domingos contando estoque do centro de distribui��o, madrugadas acompanhando carregamento noturno. Todos os perrengues me ajudaram a criar a casca necess�ria para encarar os desafios. Somado a isso, busquei entender o que estava acontecendo em outras �reas para conectar a minha rotina com a rotina dos demais setores, garantindo, assim, que o que est�vamos fazendo era o melhor para o todo, e n�o o melhor para uma fun��o espec�fica.

Quais s�o os seus principais desafios � frente da Easy Ice?
A Easyice se transformou ao longo desses 25 anos de hist�ria. Deixamos de ser sorveteria de bairro para nos transformarmos em ind�stria de sorvetes premium. Isso traz muitos desafios. Me deparei com uma empresa s�lida, com �rea industrial bem desenvolvida, mas que ainda precisava compreender o que queria para o futuro. O principal desafio tem sido montar o plano estrat�gico, algo t�o claro nas grandes empresas. Estamos tra�ando metas e desenhando planos de a��o, bem nos moldes da Ambev, para alcan�ar nossos objetivos.

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