
2022 marca os 35 anos da Minas Contempor�nea Galeria de Arte, inaugurada no final dos anos 1980 por Celma Alvim. Com a morte da fundadora, no ano passado, o espa�o est� nas m�os de suas filhas Tanit e �rika, que mora nos Estados Unidos. Carine, que acabou de ganhar uma netinha, deixou a sociedade para dedicar-se � fam�lia.
Tanit n�o poupa elogios � m�e, segundo ela, a melhor do mundo. "Como refer�ncia na cultura, deixou um legado extenso, s�rio e generoso. Foi estudiosa, parceira, cr�tica e ajudou, juntamente com tantos outros, a dar um norte para as artes visuais no per�odo em que atuou".
Sua m�e ocupou o posto de dona de galeria depois de uma trajet�ria exemplar como professora, muse�loga e cr�tica de arte. No “Estado de Minas”, por tr�s d�cadas ela assinou uma coluna semanal, �s quartas-feiras. Qual a import�ncia do cr�tico de artes pl�sticas tanto para forma��o de p�blico como para o reconhecimento de novos talentos ?
A import�ncia da cr�tica, a meu ver, � o olhar isento, buscando, atrav�s de seu conhecimento, o m�rito, a beleza, a exclusividade, a t�cnica, o talento.
No ano passado, a galeria lan�ou o livro “Celma Alvim: A presen�a feminina na cr�tica de arte e ativismo cultural”, organizado por Rodrigo Vivas, com textos de M�rcio Sampaio e Sandra Makowiecky. O projeto incentivado pelo colecionador Guilherme Teixeira re�ne cr�ticas escritas por sua m�e. Voc� pretende lan�ar outros livros com os textos dela? Qual a import�ncia desse material escrito ao longo de 30 anos, per�odo em que ela esteve no “Estado de Minas”.
Na verdade, temos material para no m�nimo mais tr�s livros, que, ali�s, j� est�o prontos, aguardando apenas patroc�nio.
Sua m�e tamb�m era defensora dos sal�es de arte, pela oportunidade que eles ofereciam aos novos talentos. Mas os sal�es acabaram e as feiras de arte tomaram o lugar, dando destaque para os artistas consagrados. Para voc�, qual o cen�rio ideal para as artes pl�sticas?
Sim, Celma Alvim adorava os sal�es. Achava que eles abriam portas para novos talentos, que promoviam um interc�mbio entre diversas culturas, sem a interfer�ncia dos mercadores, sem a vis�o do lucro. Ali surgiam talentos por m�rito, sob o olhar de diversos cr�ticos que tamb�m tinham a oportunidade �nica de vislumbrar novos artistas, novas t�cnicas e tend�ncias.
As feiras s�o fant�sticas tamb�m, mas s�o duas coisas inteiramente diversas. Uma n�o rouba o lugar da outra, pois t�m fun��es diferentes. Nas feiras, as galerias promovem seus artistas prediletos, suas novas apostas… Mas � a vis�o comercial do mercado, n�o cr�tica. Elas n�o rivalizam, se complementam.
O que mudou no perfil do consumidor dos anos 1980 para c�?
Mudou quase tudo! O mundo inteiro mudou, o consumidor de hoje tem menos espa�o em casa, vive mais o agora, pensa mais em viver do que ter. � um consumidor mais pr�tico, mais exigente. E ainda vem muita mudan�a pela frente! Veja o caso das NFTs!
Pouco antes da pandemia estava prevista a exposi��o de Fernando Velloso. S� agora, dois anos depois, a mostra ser� apresentada na galeria. O que representa essa exposi��o e qual a import�ncia de Fernando Velloso ?
A exposi��o do Fernando Velloso � um sonho antigo. Fernando � um artista genial, �nico, completo. Uma pena Celma n�o estar presente nesse momento! Ela sempre exaltou a beleza, a for�a e o talento das obras do Fernando. Sabemos que ser� um sucesso!
Quais as maiores li��es aprendidas com sua m�e e por qu�?
�s li��es deixadas por Celma s�o in�meras, mas as principais s�o a retid�o na condu��o do processo cr�tico, a verdade que sempre buscou seguir em sua vida profissional e pessoal, o apoio aos artistas, colecionadores e clientes, o amor incondicional pelas artes.