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Estado de Minas HENRIQUE PORTUGAL

Respeito aos limites: � o que o mar ensina aos pescadores

� muito parecido com a vida de pescador. Temos que ter muito respeito por este novo mar, chamado COVID. Oceano de turbul�ncias, mar�s e ventos que vem e v�o


20/03/2021 04:00 - atualizado 20/03/2021 07:31

A COVID-19 hoje é como um mar revolto, onde é preciso cuidado e atenção aos que por ele navegam(foto: Roberto Scola/DIARIO CATARINENSE. SC - 8/3/10)
A COVID-19 hoje � como um mar revolto, onde � preciso cuidado e aten��o aos que por ele navegam (foto: Roberto Scola/DIARIO CATARINENSE. SC - 8/3/10)
Conheci, a partir de uma conversa com um amigo, um �lbum do Dorival Caymmi chamado “Can��es praieiras”, de 1954. Ele � todo dedicado ao mar e � rela��o do homem com este ambiente pouco conhecido por n�s, seres terrestres.

Um lindo �lbum, gravado somente em voz e viol�o. Um relato musical das situa��es vividas, da fragilidade das jangadas e dos valores dos pescadores e sua fam�lia, nesta profiss�o que depende de um ambiente t�o diferente do nosso. Can��es com nomes como “A jangada voltou s�” e “� doce morrer no mar”. Uma das letras que mais me chamou a aten��o exp�e a vida das mulheres de pescadores, que se despedem de seus maridos todos os dias sem saber se eles voltar�o. Uma rela��o constante com a morte eminente, mas que faz parte do seu cotidiano.

Esta mesma sensa��o eu encontrei no seriado Vikings. Para a cultura n�rdica, a morte nas constantes guerras por conquistas n�o � tratada como uma perda e sim uma conquista para alcan�ar um lugar em Valhala, que em nossos tempos de filmes com super-her�is, � situada em Asgard – com seu deus Odin e seu personagem Thor.

Se para os Vikings a morte � a passagem para Valhala, para Dorival Caymmi o pescador que desaparece no mar foi levado pelo canto da sereia.

Esta rela��o com a perda de um ente querido, retratada em tantas can��es, como a “Tears in Heaven” do Eric Clapton em homenagem a perda de seu filho, ou “Wake me up when september ends”, do Green Day, nos mostra que existem outras formas de passar por estes momentos.

Embora cantemos as perdas, tamb�m existe esperan�a em can��es como “Imagine”, do John Lennon.

Sinto que a pandemia nos trouxe uma mistura de sentimentos dif�ceis de controlar.

� muito parecido com a vida de pescador. Temos que ter muito respeito por este novo mar, chamado COVID. Um oceano cheio de turbul�ncias, mar�s e ventos que vem e v�o.  Neste mar, n�o basta saber nadar. As ondas podem ser mais fortes do que imaginamos e ainda teremos que nadar bastante para chegar a um porto seguro.  Precisamos que todos se empenhem para manter o barco sobre as ondas.

Esta sensa��o de estar pr�ximo, com uma perda eminente, nos angustia e a falta de uma data para acabar nos deixa inseguros.

Na can��o “O bem do mar” Dorival diz: “o bem de terra � aquela que chora, mas faz que n�o chora quando a gente sai”.

Ainda estamos na tempestade, mas a calmaria h� de chegar. J� vejo alguns sinais com a chegada da vacina. Tenho certeza que o sol voltar� a brilhar.

Precisamos aprender com o pescador a administrar melhor nossos medos. N�o se enfrenta um oceano de peito aberto; � preciso se proteger e conhecer os caminhos dentro deste mar de informa��es que recebemos diariamente.

A vida � uma travessia imprevis�vel, que pode ser resumida em dois momentos: o choro na chegada e o sil�ncio na despedida. Todavia, para se ter a chegada, h� que se atravessar uma viagem inusitada e deliciosa entre as duas pontas.

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