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A ideia que pode levar Sampaoli para longe do Atl�tico

Decerto Sampaoli vai pagar por muitos dos pecados que cometeu como t�cnico no campo, mas tamb�m por acreditar piamente na sua tese


04/02/2021 18:47 - atualizado 09/02/2021 16:07

Ao assumir o Atlético, Sampaoli esperava fazer um trabalho de longo prazo, o que pode não se concretizar(foto: Pedro Souza/Atlético)
Ao assumir o Atl�tico, Sampaoli esperava fazer um trabalho de longo prazo, o que pode n�o se concretizar (foto: Pedro Souza/Atl�tico)

“Estamos tentando construir uma ideia.” Essa frase, dita pelo t�cnico Jorge Sampaoli ap�s a derrota do Atl�tico para o Goi�s, na noite de quarta-feira, foi a que mais me chamou a aten��o em toda a entrevista coletiva dele. Ou melhor: em todas as entrevistas coletivas que ele j� concedeu como treinador alvinegro.

Quem acompanha a trajet�ria do argentino – n�o s� no Galo –, sabe que essa � a premissa do trabalho dele. E, nessa concep��o, t�tulo n�o � causa, � consequ�ncia.

S� que para a torcida (de qualquer clube brasileiro), os t�tulos s�o a raz�o de existir. S�o a m�trica para determinar a compet�ncia de algu�m.

Como observadora do comportamento humano tamb�m no futebol, j� ouvi/li de tudo desde o fim da partida contra o Goi�s. Desde que o Atl�tico, seu time e sua campanha no Brasileiro s�o uma vergonha at� equipara��es de Sampaoli a outros t�cnicos menos gabaritados, sob a justificativa de que esses custariam muito menos e (garantem) dariam o mesmo resultado.

S�o ila��es, que cabem t�o somente aos torcedores.

A verdade � que essa constru��o que Sampaoli tenta fazer no Atl�tico talvez n�o seja poss�vel no Brasil. Porque ela demanda tempo. E, para isso, � necess�rio que a torcida acredite na ideia, jogue junto com o treinador, ainda que os resultados n�o venham de cara.

Essa ideia precisa ser bancada incondicionalmente pelos dirigentes. O clube, como um todo, tem de pagar para ver.

Mas no Brasil esse pre�o � muito alto – e aqui n�o se trata do sal�rio de Sampaoli. � uma quest�o cultural.

A cada ano, o torcedor transfere todas as suas expectativas e/ou frustra��es anteriores num sistema de progress�o geom�trica. Se o time ganhou um t�tulo, na temporada seguinte tem a obriga��o de ganhar dois. Se n�o ganhou nenhum, se sofreu contra o rebaixamento, n�o importa: vem a mesma press�o.

Nesta sexta-feira (5/2), completam-se 333 dias de Sampaoli no Atl�tico. O que come�ou como uma aposta ousada, reverenciada por quase todos, pode ter um cap�tulo final bem deprimente.

Um carimbo do fracasso cultural do futebol brasileiro, que n�o acredita em nada al�m do que o seu conhecido ciclo vicioso, vivendo dos mesmos nomes e do imediatismo. A tal zona de conforto, que todo mundo abomina e, ao mesmo tempo, adora.

Decerto Sampaoli vai pagar por muitos dos pecados que cometeu como t�cnico no campo, mas tamb�m por acreditar piamente nessa sua tese: de que � poss�vel construir uma ideia. E por que n�o �?

Primeiramente, porque ele n�o � o camarada que ganha a simpatia alheia na base do discurso, como Vanderlei Luxemburgo. Nem tem o carisma de um Cuca. O jeito afetuoso de Tite. Ou as ironias folcl�ricas de Felip�o.

O Sampaoli que se apresenta � dur�o, reclam�o, cara fechada, cercado apenas das pessoas da confian�a dele. E isso desagrada muita gente, especialmente quem est� acostumado �s resenhas e � bajula��o.

Para se sustentar em toda essa aridez, ele precisava muito do t�tulo brasileiro. S� assim estaria aprovado para continuar no cargo para a segunda temporada.

Outro ponto importante que parece influenciar nesse contexto: n�o h� uma conex�o s�lida com os torcedores. E isso se refere n�o s� ao Sampaoli, mas ao time como um todo.

O distanciamento imposto pela pandemia de COVID-19 tirou um grande peda�o da rela��o torcida-t�cnico e torcida-equipe. No Atl�tico de hoje h� muitos que n�o experimentaram essa afinidade que o mundo virtual n�o supre.

A ideia que Sampaoli tenta construir poderia encontrar terreno f�rtil caso houvesse esse v�nculo.

Mas a este Atl�tico falta sentir a vibra��o de quem est� em um est�dio cheio, de quem v� os torcedores empurrando o time no gog�, cantando o hino, essas coisas que ajudam a dar liga. Sampaoli n�o teve – e pelo andar da carruagem n�o ter�.

A cada p�nalti perdido por Hyoran e companhia; a cada jogador que, como Sasha, chega na cara do gol advers�rio e erra; a cada bola que a zaga assiste cruzar a �rea (como no gol do Goi�s); a cada finaliza��o que �verson n�o defende, o d�bito vai direto para a conta de Sampaoli.

A corre��o dessa rota n�o depende de rios de dinheiro. N�o adianta encher o time de medalh�es. N�o tem her�i da Marvel que ven�a essa batalha sozinho.

Essa fus�o � obtida de outra forma. De maneira mais coletiva. � preciso, como primeiro passo, acreditar no trabalho. Se n�o for tarde demais.

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