
A conquista atleticana tamb�m ser� contada pelos dois guardi�es implac�veis da zaga, Allan e Jair. Pelo impar�vel e platinado Arana escorregando entre os marcadores na lateral esquerda. Pela onipresen�a de Zaracho, que pintou de vermelho todos os mapas de calor que atestavam sua movimenta��o em campo. Pelo talento discreto do argentino Nacho Fern�ndez, senhor absoluto dos passes no ponto futuro.
Todos h�o de se lembrar do renascimento de Keno, oxig�nio novo no ataque a desnortear os advers�rios, quando eles acreditavam ter desvendado os segredos do time de Cuca. Nas imagens que circular�o por anos pela internet estar�o os geniais lances de piv� protagonizados por Diego Costa. E a afirma��o do craque do campeonato, o fio condutor de toda a campanha, o super-her�i materializado em campo: Hulk.
Daqui a alguns anos, a trajet�ria do Galo no Brasileiro tamb�m vai ser relatada pelo olhar de uma torcida apaixonada que foi soltando o grito de campe�o em doses homeop�ticas e gritou e chorou em doses cavalares. Letra a letra, jogo a jogo, a Massa foi se permitindo viver, em toda a sua intensidade, a gl�ria do reencontro com a aguardada ta�a.
O torcedor que festejou em 1971 e suportou a longa espera sem desistir do time se emocionou nesta quinta-feira como nunca. Aquele que, s� agora, viu o cora��o superar o trauma de 1977, foi �s l�grimas tamb�m. O que carregou consigo, desde 1980, a agonia da injusti�a, exorcizou seus fantasmas. O que lamentou a queda em 1987, quando sonhou mais uma vez embalado por Tel�, sentiu num al�vio na alma.
Quem, em 2001 acreditou que o jejum acabaria pelos gols de Guilherme e Marques, mas novamente viu o sonho ser atropelado pela tristeza, foi ao del�rio.
O atleticano que cantou de forma honrosa o hino em 2005, na queda para a S�rie B do Campeonato Brasileiro, desta vez entoou com orgulho ainda maior o "vencer, vencer, vencer, esse � o nosso ideal".
At� o Rei, Reinaldo, chorou, porque n�o chorariam os mortais?
Hoje, quem comemora o bicampeonato nacional v� cicatrizar feridas abertas h� meio s�culo.
Portanto, o Atl�tico n�o ganhou o t�tulo de qualquer maneira. N�o foi campe�o por obra do destino ou ajudinha extra da arbitragem. Pelo contr�rio: forjou cada pedacinho da ta�a que vai para a sua galeria de trof�us na Sede de Lourdes. Bateu recordes. Encantou n�o s� o atleticano, mas torcidas de outras partes do pa�s. At� do planeta.