
Naquele momento, ele deixou qualquer discri��o de lado, abandonou a modera��o e transbordou, junto com a Massa ensandecida.
Mas o resultado desse jogo tamb�m foi consequ�ncia de um ingrediente importante para se forjar campe�es: a maturidade para suportar sofrer, para n�o se desestruturar diante da dificuldade.
Em nenhum momento o Galo foi um time afobado. Teve v�rias falhas sim, mas n�o se desfez territorialmente. Havia um certo controle naquele caos. Claro, custou a alguns torcedores doses de ang�stia e sobressaltos na press�o arterial. Isso, no entanto, faz parte do ser atleticano, mesmo quando t�tulos n�o est�o em jogo.
Toca a bola agora para a vers�o enlouquecida de Cuca, um sutil ind�cio de que ele est� otimista, confiante, palavras que n�o aparecem com muita frequ�ncia no vocabul�rio do treinador em se tratando de retas decisivas de campeonatos. Para embasar esse tese, segue uma confid�ncia.
�s v�speras da final da Copa Libertadores de 2013, o Atl�tico foi ao Mineir�o fazer um daqueles treinos determinados pela Conmebol para promover a decis�o contra o Olimpia. Incumbida da miss�o de escrever um perfil sobre o astro Ronaldinho Ga�cho, segui para o est�dio.
Encerrada a entrevista coletiva, conversei por alguns minutos com Cuca. Foi inevit�vel pergunt�-lo sobre o que ele sentia que aconteceria dali a tr�s dias. Ele me olhou sem muito entusiasmo e demonstrou preocupa��o - o Galo havia perdido o jogo de ida, por 2 a 0, no Paraguai. "Os meninos n�o est�o muito acostumados ao Mineir�o", destacou, meio reticente, como se estivesse preparando o esp�rito para o rev�s.
Pode ter sido t�tica para esconder o jogo. Ou sinceridade mesmo. Baseado em outros discursos do treinador, n�o � dif�cil apostar na segunda hip�tese. Cuca nunca foi de jogar confete, prometer mundos e fundos por a�. Pelo contr�rio: geralmente opta pelo caminho oposto, o do copo meio vazio.
Esse Cuca de oito anos depois, com algumas conquistas a mais no curr�culo e tamb�m calejado por decep��es, tem algo de diferente. A camisa preta, com o contorno de Nossa Senhora, o acompanha. Mas agora ele tem se permitido admitir que sonha com a ta�a.
Mais do que isso: que calcula os passos (e os pontos) para chegar a ela.
Cuca virou o homem que calculava, revelou em entrevista depois da partida contra o Gr�mio, ap�s relutar a falar em proximidade com o t�tulo em diversas oportunidades. Agora � assim, prancheta em uma das m�os e calculadora na outra.
Ele pensa o antes, o durante e o depois de cada jogo. Nem sempre suas cartadas s�o certeiras – h� escolhas bem contest�veis nessa jornada –, mas a estat�stica tem andado ao lado dele.
O script que o Galo est� escrevendo nesta reta final do ano tamb�m ser� feito de agruras, que ningu�m se iluda quanto a isso. Contudo, o conjunto da obra mostra um alicerce s�lido, que vai al�m de Cuca. Mas que passa muito por ele. Por esse novo Cuca.