Antonio 'El Turco' Mohamed, o plano D do Atl�tico

Ele n�o � turco, como o apelido faz supor. N�o estava no topo da prefer�ncia dos dirigentes do Atl�tico, nem tampouco nos sonhos da torcida do Galo para dirigir o time em 2022, ap�s a iluminada temporada de 2021 e o 'abandono' de Cuca. Argentino de origem s�rio-libanesa, desempregado h� um ano, Antonio Mohamed chega ao alvinegro trazendo uma certeza: � a maior das apostas da atual gest�o atleticana.

Quando Cuca anunciou que deixaria a Cidade do Galo alegando raz�es pessoais, poucas pessoas poderiam imaginar que o Atl�tico encontraria tamanha dificuldade para a reposi��o.

Afinal, est� com um grupo de jogadores praticamente montado, a espinha dorsal do time campe�o brasileiro e da Copa do Brasil quase que totalmente preservada (at� agora) – a �nica grande baixa foi a de Junior Alonso, e sim, foi uma senhora baixa – e tem a retaguarda financeira dos 4Rs.   

Todos esses fatores n�o seduziram o portugu�s Jorge Jesus, que deu a segunda esnobada no Atl�tico – a primeira foi antes de assumir o Flamengo, em 2019.

Tamb�m n�o foram suficientes para convencer outro treinador luso, Carlos Carvalhal, a deixar o Braga, num epis�dio em que pesou tamb�m a multa rescis�ria de 2,5 milh�es de euros, quase R$ 16 milh�es na cota��o atual.

Nem o argentino Eduardo Berizzo, ex-treinador da Sele��o do Paraguai e que est� livre no mercado, se rendeu � oferta atleticana.

Foi ent�o que entrou em cena El Turco, com seu curr�culo recheado de conquistas no futebol mexicano e uma tr�gica hist�ria de vida que comoveu muitos torcedores alvinegros: a perda do filho Farid, aos 9 anos, em um acidente de carro na Alemanha, e a promessa de ser campe�o com o time preferido do filho, o Monterrey, cumprida, �s l�grimas, em 2019.

Foi assim, pelo cora��o, pela solidariedade com a dor alheia, que El Turco conquistou a simpatia de muito atleticano que mal o conhecia. E abriu uma janela na esperan�a do torcedor, que, ainda que por vias tortas, espera ver o clube escrever um cap�tulo certeiro de sua hist�ria.

Na imprensa esportiva em geral, Antonio Ricardo Mohamed Matijevich, de 51 anos, � descrito como exc�ntrico, midi�tico, passional, de personalidade peculiar. Quase a personifica��o de um tango.

O estilo chama a aten��o: � beira do campo, costuma usar alinhados ternos; o cabelo leva sempre o corte da moda. Seu lema? "A atitude � inegoci�vel".

O estilo do time que dirige � o que nos importa, no entanto. E, segundo especialistas que acompanham de perto a carreira do novo comandante do Galo, ele � adepto da liga��o direta. Futebol objetivo. Marca��o sob press�o.

Nessa tese, talvez uma mescla do Cuca das bolas espichadas para Bernard de 2013 e o da marca��o em cima do advers�rio de 2021. Agora, � saber como El Turco far� isso com o grupo que receber� na segunda-feira, data marcada para a reapresenta��o dos jogadores na Cidade do Galo.

Segundo o presidente atleticano, S�rgio Coelho, o argentino mostrou ser profundo conhecedor dos jogadores alvinegros. Se for assim, ele deve saber que a liga��o direta n�o faz muito parte do repert�rio de um time que tem um lateral do quilate de Guilherme Arana e meio-campistas como Zaracho e Nacho, al�m de um arisco Keno na linha de frente.

Ali�s, os compatriotas podem ser uma grande cartada para o treinador, que, sabendo utiliz�-los, ter� uma mina de ouro no cora��o da equipe a abastecer Hulk – esse aqui � claro que El Turco conhece bem. 

Antonio Mohamed ser� apenas o terceiro argentino a comandar o Atl�tico, numa hist�ria que conta com 13 gringos: a lista, que � liderada por uruguaios (6), tem tamb�m dois h�ngaros, um paraguaio, um peruano e um venezuelano.

O maior vencedor dessa legi�o estrangeira � o uruguaio Ricardo D�ez, que comandou o alvinegro na conquista de dois Mineiros (1954 e 1955) e na excurs�o vitoriosa pela Europa, que rendeu o t�tulo simb�lico de "Campe�o do Gelo".

O mais recente a dirigir o Galo foi o temperamental Sampaoli, na temporada de 2020 e in�cio de 2021. O compatriota de El Turco conquistou o Estadual e ajudou a montar a base do time que foi campe� brasileira e da Copa do Brasil com Cuca.

Agora, � Antonio Mohamed que herda um trabalho bem encaminhado, precisa apenas dar continuidade a ele. Que ningu�m se engane: ser� um grande desafio.