Rumores de Mancini no Fluminense: ser� que ele deixaria o Am�rica de novo?

O timing foi bem desfavor�vel. Menos de 48 horas depois de o Am�rica amargar a decepcionante derrota para o Tolima, no Independ�ncia, por 3 a 2 – que tornou mais dif�cil a classifica��o para as oitavas de final da Copa Libertadores –, surgiu no Rio de Janeiro a not�cia de que o t�cnico Vagner Mancini, mesmo ainda em in�cio de sua segunda passagem pelo Lanna Drumond, teria sido oferecido por empres�rios ao Fluminense, para ocupar a vaga de Abel Braga, que pediu demiss�o. 

A informa��o partiu do experiente jornalista C�cero Mello, dos canais ESPN. O nome de Mancini agradaria aos dirigentes tricolores. No futebol carioca, ele j� dirigiu Vasco e Botafogo, em ambos sem muito brilho.

No Am�rica, retornou h� pouco mais de duas semanas, ap�s a demiss�o de Marquinhos Santos. Voltou seis meses depois de interromper o �timo trabalho que fazia no Coelho para tentar salvar o Gr�mio da queda para a S�rie B do Campeonato Brasileiro. N�o conseguiu. Acabou dispensado do clube ga�cho em 14 de fevereiro.

A primeira pergunta que vem � cabe�a �: tomaria Mancini de novo a decis�o de deixar o Am�rica? Ele foi recebido de bra�os abertos, na volta ao Lanna Drumond. Para os americanos, significou o fio condutor com um passado recente de recorda��es positivas. Era a senha para esse resgate.

O in�cio foi animador, com interven��es al�adas ao patamar de milagrosas: do dia para a noite, o ataque desandou a marcar gols, o �nimo dos jogadores mudou, a confian�a em campo voltou.

Mas, no futebol, meus caros, n�o tem m�gica. E o banho de realidade veio com a derrota para o Tolima Nem tanto ao mar, nem tanto � terra, diriam os antigos. O trabalho de Marquinhos Santos n�o era horroroso como muitos pregaram por a�, nem tampouco Mancini chegou com um toque de Midas a transformar o Coelho em um grande time em quest�o de dias. O grande problema no futebol (e na vida) s�o esses extremos.

O simples fato de o nome do Mancini aparecer em especula��es sobre o pr�ximo comandante do Fluminense � uma amostra grande do que � o futebol brasileiro. Um futebol que, em tr�s rodadas de sua principal competi��o, j� viu quatro times mudarem de t�cnico: Athletico-PR, Am�rica, Internacional e Fluminense. E ningu�m tem d�vida de que n�o vai parar por a�. 

� como se houvesse uma sensa��o eterna de insatisfa��o. E de todos os lados. A expectativa de trabalhos a longo prazo esbarra numa "harmoniosa" via de m�o dupla: nem clubes nem treinadores parecem gostar muito da ideia por estas bandas. Uma quest�o cultural que sempre nos far� enxergar o futebol europeu como uma realidade paralela, inating�vel. 

Nesta quinta-feira, o Liverpool anunciou a renova��o de contrato com J�rgen Klopp at� 2026. Cumprindo o v�nculo at� o final, ele vai completar 11 anos no clube, para onde foi em 2015. F�cil enxergar o cen�rio pela �tica de um time que disputa t�tulo em todas as competi��es de que participa. Mas n�o � bem assim.

Os trof�us vieram a partir da terceira temporada do alem�o em Anfield: conquistou o t�tulo da Liga dos Campe�es em 2018/2019 e da Premier League e da Supercopa da Uefa em 2019/2020. Em 2019, tamb�m venceu o Mundial de Clubes. Em 2022, j� assegurou a Copa da Liga Inglesa, est� na final da Copa da Inglaterra (contra o Chelsea), na semifinal da Liga dos Campe�es e na disputa do t�tulo ingl�s, um ponto atr�s do Manchester City.

O que garante a longevidade de Klopp no Liverpool, mais do que os trof�us, � a conjun��o de convic��es, dele e do clube. Os dois lados sabem o caminho a seguir, e essa rota n�o estar� sempre associada a conquistas – embora desemboque nelas, naturalmente, como consequ�ncia do bom trabalho.

A� a gente fica daqui, olhando com aquela invejinha n�o s� o fato de o Liverpool ter um treinador do talento e da personalidade de Klopp, mas tamb�m de existir essa vis�o al�m dos resultados por l�.

Se a passagem de Klopp pela terra dos Beatles j� � ut�pica em termos brasileiros, imagina vislumbrar um treinador no cargo por 21 anos, como ocorreu com Ars�ne Wenger no Arsenal. Ou o lend�rio Alex Ferguson, que dirigiu o Manchester United por 26 temporadas. Talvez, s� numa pr�xima encarna��o.