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Estado de Minas REPRESENTATIVIDADE

Um convite a ser refer�ncia de possibilidade, no carnaval e na vida

Al�m de representatividade, Gl�ria Maria foi refer�ncia de possibilidade. Ser� que n�s tamb�m n�o dever�amos buscar esse lugar?


03/02/2023 09:58 - atualizado 05/02/2023 21:43
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Glória Maria usando vestido longo preto, sorrindo com praia ao fundo
Gl�ria Maria deixa um legado de representatividade (foto: Reprodu��o/Instagram)


No in�cio, este era um artigo sobre diversidade, acessibilidade para pessoas com defici�ncia e o carnaval — a festa brasileira mais aguardada do contexto p�s imuniza��o. Agora, � um convite � vida e a ser refer�ncia de possibilidade. 


A pergunta que voc� pode se fazer em breve �: qual rela��o est� sendo feita entre Gl�ria Maria, Emicida, o carnaval, a acessibilidade, a VP de Inclus�o da Netflix, o Bloco da Aninha e o Bloco da Mari? Explico abaixo.

Refer�ncia de possibilidade

Com a recente morte da jornalista Gl�ria Maria, um �cone a ser celebrado para sempre, um dos pensamentos que mais me tocaram veio do rapper — e eu diria tamb�m pensador contempor�neo — Emicida (do qual sou f�). Em uma participa��o da ilustre Gl�ria Maria no programa Papo de Segunda do canal GNT, Emicida a descreve como uma "das maiores refer�ncias de possibilidade que esse pa�s j� viu". 

Ap�s assistir a esse trecho do programa, percebi muitos outros coment�rios nas redes sociais usando a palavra possibilidade. Gl�ria Maria representa a possibilidade de ser (dentro e fora do jornalismo) para muitos: pessoas negras, mulheres e, especialmente, para mulheres negras.

Essa reflex�o me levou � conclus�o que n�s tamb�m podemos, devemos e precisamos ser a possibilidade para outras pessoas. Principalmente para aquelas que compartilham nossas diversidades.

Nenhum de n�s ser� t�o grande como Gl�ria Maria, mas podemos nos inspirar em sua jornada para conquistar mais possibilidades para nossas comunidades — seja de pessoas negras, LGBTQIAP+, mulheres e pessoas com defici�ncia.

� por isso que compartilho uma hist�ria de carnaval, em que a designer Mari Fuso tornou-se refer�ncia de possibilidade para a advogada Ana Amaral. Ambas mulheres com defici�ncia e com a mobilidade reduzida.

Blocos da Mari e da Aninha

Mari Fuso � f� do cantor Saulo, e sempre quis acompanhar a famosa “Pipoca do Saulo”, que acontece regularmente durante o carnaval de Salvador, na Bahia. No entanto, n�o � preciso se esfor�ar muito para perceber que acessibilidade n�o � um grande destaque das cidades brasileiras, principalmente se estivermos falando de centros hist�ricos e todos os desafios legais de adapta��o.

Deste desejo de acompanhar o ex-cantor da banda Eva e de uma rede de apoio muito organizada, surgiu o Bloco da Mari. Um bloco composto pelos amigos da designer que acessibilizaram com os pr�prios corpos o trajeto da Pipoca do Saulo para que a Mari pudesse participar. Foi assim que o Bloco da Mari tornou-se uma refer�ncia de possibilidade para o Bloco da Aninha e para a participa��o de outras pessoas com defici�ncia na folia.

Quem apresentou o Bloco da Mari para a advogada Ana Amaral foi uma amiga, que trouxe para ela a possibilidade de botar o bloco na rua, ou melhor, no ch�o. No meio de todo mundo, experienciando o carnaval exatamente todo mundo.

Nos deixem botar nossos blocos na rua

O Bloco da Mari e da Aninha tornaram-se poss�veis gra�as aos amigos, que fizeram dos desafios delas tamb�m suas causas pessoais. Para que as grandes protagonistas dos blocos possam aproveitar a Pipoca do Saulo, a rede de apoio cria um cord�o de seguran�a ao redor delas, com el�sticos na cintura.

As iniciativas ficaram t�o famosas que cada vez mais pessoas com defici�ncia participam dos blocos, at� mesmo desconhecidos entram na roda para fortalecer o “cord�o da inclus�o". O pr�prio cantor Saulo, l� do alto do trio, ajuda a coordenar os carnavalescos para abrirem espa�o para Mari e Aninha.

Esse movimento me lembra a famosa frase de Vern� Myers, VP de Estrat�gia de Inclus�o da Netflix: diversidade � chamar pra festa, inclus�o � chamar pra dan�ar. Tanto o c�rculo de amizade de Mari e Aninha, assim como os foli�es e o cantor Saulo, chamaram Mari e Aninha para dan�ar.

A hist�ria destes dois blocos � tamb�m um tipo de “refer�ncia de possibilidade" que Emicida menciona ao falar de Gl�ria Maria. Duas pessoas com defici�ncia e fortes redes de apoio tornaram-se incentivo para que outros possam colocar os blocos na rua.

Um convite

Para finalizar, assim como a jornada da inesquec�vel Gl�ria Maria, o convite desta coluna � para que possamos fazer da nossa exist�ncia o impulso para a experi�ncia do outro.

Gl�ria Maria foi a refer�ncia de possibilidade do Emicida. A Mari foi a refer�ncia de possibilidade do Bloco da Aninha. Qual refer�ncia de possibilidade voc� pode e quer ser enquanto viver?

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