
Tem raz�o o general da reserva R�go Barros, ex-porta-voz da Presid�ncia, falta algu�m ao lado do presidente Jair Bolsonaro para dizer-lhe no ouvido:“Memento Mori!” — lembra-te que �s mortal! A senten�a latina intitula o artigo publicado ontem pelo Correio Braziliense, com a assinatura do militar.
� a mais dura cr�tica feita ao ex-capit�o por um dos generais que apoiaram sua elei��o e agora se arrependem. “Os l�deres atuais, ap�s alcan�arem suas vit�rias nos coliseus eleitorais, s�o tragados pelos coment�rios babosos dos que o cercam ou pelas demonstra��es alucinadas de seguidores de ocasi�o. � doloroso perceber que os projetos apresentados nas campanhas eleitorais, com vistas a convencer-nos a depositar nosso voto nas urnas eletr�nicas, s�o meras pe�as publicit�rias, talhadas para aquele momento. Valem tanto quanto uma nota de sete reais.”
� a mais dura cr�tica feita ao ex-capit�o por um dos generais que apoiaram sua elei��o e agora se arrependem. “Os l�deres atuais, ap�s alcan�arem suas vit�rias nos coliseus eleitorais, s�o tragados pelos coment�rios babosos dos que o cercam ou pelas demonstra��es alucinadas de seguidores de ocasi�o. � doloroso perceber que os projetos apresentados nas campanhas eleitorais, com vistas a convencer-nos a depositar nosso voto nas urnas eletr�nicas, s�o meras pe�as publicit�rias, talhadas para aquele momento. Valem tanto quanto uma nota de sete reais.”
Rego Barros n�o cita Bolsonaro, mas � a ele que se refere quando alerta que os demais Poderes da Rep�blica “precisar�o, ent�o, blindar-se contra os atos indecorosos, desalinhados dos interesses da sociedade, que advir�o como decis�es do ‘imperador imortal’. Dever�o ser firmes, n�o recuar diante de press�es. A imprensa, sempre ela, dever� fortalecer-se na �tica para o cumprimento de seu papel de informar, esclarecendo � popula��o os pontos de fragilidade e os de potencialidade nos atos do C�sar”. Rego Barros foi defenestrado do cargo depois de uma longa queda de bra�os com o vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho do presidente da Rep�blica, que d� as cartas na Comunica��o Social do Pal�cio do Planalto.
Seu artigo reflete o pensamento de uma parcela dos altos oficiais das For�as Armadas, principalmente depois da humilha��o a que foi submetido o general Eduardo Pazuello, ministro da Sa�de, desautorizado por Bolsonaro e, depois, constrangido a dar uma declara��o, ao lado do chefe, dizendo que Bolsonaro manda e ele obedece. Na semana passada, no Dia do Aviador (23), durante a solenidade de entrega dos novos ca�as F-39E Gripen da Aeron�utica, era vis�vel o constrangimento dos generais presentes, inclusive do comandante do Ex�rcito, general Edson Leal Pujol, para quem o cerimonial da Presid�ncia reservou a cadeira mais distante do presidente da Rep�blica, entre todas as autoridades presentes.
Entretanto, nada disso muda o fato de que Bolsonaro manda e os militares de fato obedecem, por dever constitucional. S�o poucos os militares que se manifestam contra Bolsonaro, a maioria apoia o governo incondicionalmente. Al�m de abrigar muitos oficiais no governo — estima-se que sejam em torno de sete mil, inclusive alguns generais da ativa —, Bolsonaro poupou os militares na reforma da Previd�ncia, mantendo o sal�rio integral dos oficiais ao se aposentar, sem idade m�nima obrigat�ria, e a contribui��o m�xima de 10,5% ao INSS, contra o teto de 11,68% na iniciativa privada.
Privatiza��o do SUS
A prop�sito, faltou um “memento mori”, por exemplo, na hora em que Bolsonaro assinou o decreto autorizando a realiza��o de estudos para privatiza��o das unidades b�sicas do Sistema �nico de Sa�de (SUS), a cargo dos munic�pios, para espanto dos sanitaristas, dos prefeitos e da popula��o que utiliza os servi�os p�blicos, a maioria por n�o ter plano de sa�de. A rea��o foi t�o negativa nas redes sociais que Bolsonaro teve que cancelar o decreto, que inclu�a o sistema de atendimento b�sico — considerado um dos melhores do mundo — no programa de privatiza��es e parcerias p�blico-privadas do Minist�rio da Economia. Como filho feio que n�o tem pai, ningu�m assume a ideia de jerico. O governo divulgou a vers�o de que a proposta era do Minist�rio da Sa�de. E que seria uma solu��o para conclus�o de 4 mil UBS inacabadas, que j� consumiram R$ 1,7 bilh�o de recursos do SUS, obras de responsabilidade do governo federal.
Bolsonaro n�o levou em conta que o SUS atende 190 milh�es de brasileiros, contra 46 milh�es dos planos de sa�de. Antes de sua cria��o, eram apenas 30 milh�es. Produz 7,8 bilh�es de medicamentos, sendo 163 milh�es de antirretrovirais. Realiza 2 milh�es de partos por ano, tem mais de 30 mil equipes de sa�de da fam�lia e 248 mil agentes comunit�rios de sa�de em 5.393 munic�pios. Gra�as a essa estrutura, com todas as suas defici�ncias, a trag�dia da pandemia do novo coronav�rus, que j� matou 157,8 mil brasileiros, n�o � maior. Dos 5,4 milh�es de infectados – Bolsonaro disputa com o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para ver quem lidera o pa�s com maior n�mero de casos –, 4,9 milh�es se recuperaram e 375,2 mil est�o em recupera��o. A esmagadora maioria utiliza os servi�os do SUS.