
Nicolau Maquiavel, o fundador da ci�ncia pol�tica moderna, viveu o esplendor da Rep�blica Florentina (fundada em 1115), durante o governo de Lorenzo de M�dice (1449 1492), antes de ser transformada num ducado heredit�rio pelo papa Clemente II, em 1532. N�o h� texto mais lido pelos pol�ticos do que “O Pr�ncipe”, sua obra-prima.
A raz�o � simples: Maquiavel trata da conquista e da preserva��o do poder. Uma de suas edi��es mais interessantes, por exemplo, � a comentada por Napole�o Bonaparte, que esbanja bom humor e ironias. Nem por isso deixou de perder a guerra contra R�ssia e, depois, contra os ingleses, em Waterloo, na B�lgica.
A raz�o � simples: Maquiavel trata da conquista e da preserva��o do poder. Uma de suas edi��es mais interessantes, por exemplo, � a comentada por Napole�o Bonaparte, que esbanja bom humor e ironias. Nem por isso deixou de perder a guerra contra R�ssia e, depois, contra os ingleses, em Waterloo, na B�lgica.
Uma das li��es de Maquiavel � sobre os pr�ncipes que chegam ao poder mais pela sorte (Fortuna) do que por suas virtudes (Virt�). Esses s�o os que t�m mais dificuldade para se manter no poder quando as circunst�ncias mudam. Parece o caso do presidente Jair Bolsonaro. N�o se pode dizer que sua ascens�o ao poder n�o teve grande prepara��o. Teve, sim; por anos a fio, Bolsonaro cultivou a representa��o pol�tica de certas corpora��es e grupos de interesse – militares, policiais, agentes de seguran�a, milicianos, grileiros e madeireiros –, al�m de fazendeiros.
Mesmo assim, isso n�o seria suficiente para chegar � Presid�ncia, embora lhe garantisse uma base de apoio muito ativa. Foi fundamental tamb�m o apoio das igrejas evang�licas, capturando o sentimento de preserva��o da fam�lia unicelular patriarcal amea�ada pela renova��o dos costumes, e de setores reacion�rios e conservadores da classe m�dia tradicional, insatisfeita com a perda de poder aquisitivo causada pela revolu��o tecnol�gica e recess�o econ�mica.
Um epis�dio imprevisto praticamente decidiu o rumo da campanha eleitoral de 2018: a facada que levou em Juiz de Fora. O atentado tresloucado praticamente zerou a rejei��o que sofria em certos segmentos, que o demonizavam e refor�ou o sebastianismo de quem j� o considerava um mito.
Um epis�dio imprevisto praticamente decidiu o rumo da campanha eleitoral de 2018: a facada que levou em Juiz de Fora. O atentado tresloucado praticamente zerou a rejei��o que sofria em certos segmentos, que o demonizavam e refor�ou o sebastianismo de quem j� o considerava um mito.
Havia tamb�m um ambiente internacional muito favor�vel � elei��o de Bolsonaro, com Donald Trump na Presid�ncia dos Estados Unidos e outros l�deres de direita em pa�ses importantes da Am�rica Latina e da Europa. Todos surfavam a crise das democracias representativas e o aprofundamento das desigualdades provocadas pela globaliza��o.
A situa��o agora � completamente diferente. A pandemia de COVID-19 virou tudo de pernas para o ar. O presidente Donald Trump perdeu a reelei��o para o democrata Joe Biden, outras lideran�as conservadoras se reposicionaram em rela��o � crise sanit�ria e �s pol�ticas econ�micas ultraliberais.
A situa��o agora � completamente diferente. A pandemia de COVID-19 virou tudo de pernas para o ar. O presidente Donald Trump perdeu a reelei��o para o democrata Joe Biden, outras lideran�as conservadoras se reposicionaram em rela��o � crise sanit�ria e �s pol�ticas econ�micas ultraliberais.
Reelei��o
A pandemia nos revela que Bolsonaro tem mais dificuldades para se manter no poder num cen�rio adverso do que teria se tivesse chegado ao governo pela Virt�. Seu governo � um fracasso sanit�rio e econ�mico.
Sustenta-se pelas regras do jogo democr�tico e pela op��o inteligente dos generais do Pal�cio do Planalto, que operaram a alian�a com o Centr�o, em favor de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), na disputa das Mesas da C�mara e do Senado, respectivamente. Tamb�m puxaram o freio de m�o no confronto com o Supremo Tribunal Federal (STF).
Sustenta-se pelas regras do jogo democr�tico e pela op��o inteligente dos generais do Pal�cio do Planalto, que operaram a alian�a com o Centr�o, em favor de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), na disputa das Mesas da C�mara e do Senado, respectivamente. Tamb�m puxaram o freio de m�o no confronto com o Supremo Tribunal Federal (STF).
A reelei��o de Bolsonaro subiu no telhado. Al�m da pandemia e da recess�o, agora tem um advers�rio calejado e com sangue nos olhos: o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. A anula��o de suas condena��es pelo ministro Edson Fachin, fez de Lula uma alternativa de poder, repercutindo em todo o cen�rio pol�tico. O que pode mudar esse jogo � o surgimento de um pr�ncipe audacioso, que rompa a polariza��o entre Bolsonaro e Lula, o que n�o � nada f�cil.
As alternativas s�o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB); o ex-ministro da Justi�a S�rgio Moro; o ex-ministro da Sa�de Henrique Mandetta (DEM); e o apresentador da TV Globo Luciano Huck. O problema � que isso n�o depende s� da vontade de cada um; na democracia, quem escolhe o pr�ncipe audacioso � o povo.
As alternativas s�o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB); o ex-ministro da Justi�a S�rgio Moro; o ex-ministro da Sa�de Henrique Mandetta (DEM); e o apresentador da TV Globo Luciano Huck. O problema � que isso n�o depende s� da vontade de cada um; na democracia, quem escolhe o pr�ncipe audacioso � o povo.