
Dia do Soldado, 25 de agosto n�o foi bom para o presidente Jair Bolsonaro. Pela manh�, participou de solenidade militar na Avenida do Ex�rcito, no Setor Militar, em homenagem ao patrono da For�a, o Duque de Caxias. Ouviu um discurso moderado do comandante do Ex�rcito, general Paulo S�rgio, que reafirmou o compromisso da c�pula militar com a Constitui��o e o respeito aos tr�s poderes da Rep�blica. Bolsonaro decidiu n�o discursar, embora seu pronunciamento estivesse previsto pelo cerimonial. N�o foi nada demais, pois n�o � mesmo de praxe o presidente da Rep�blica falar como “comandante supremo” nessa solenidade.
O sil�ncio de Bolsonaro foi interpretado como um gesto cauteloso, tendo em conta que outras decis�es importantes estavam para ocorrer no decorrer do dia. N�o deu outra: no final da tarde, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), arquivou a a��o do presidente Jair Bolsonaro que questionava a abertura de inqu�ritos na Corte sem aval do Minist�rio P�blico, com base no seu regimento interno. A mesma decis�o foi aplicada a mais tr�s processos, movidos pelo PTB, sobre o mesmo tema. Bolsonaro questionava o artigo 43 do regimento interno do Supremo, que autoriza o presidente do STF a instaurar inqu�rito para investigar “infra��o � lei penal na sede ou depend�ncia do Tribunal, se envolver autoridade ou pessoa sujeita � sua jurisdi��o.”
O pedido tentava barrar as investiga��es sobre a rede de fake news de extrema-direita utilizada para amea�ar o Supremo e integrantes da Corte, que est�o sendo conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes. Essas investiga��es tiram o sono do presidente Bolsonaro, porque supostamente aliados pr�ximos e seus filhos Eduardo, deputado federal, e Carlos, vereador no Rio, estariam envolvidos. � noite, houve outra derrota de Bolsonaro: o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), decidiu rejeitar o pedido de impeachment apresentado por Bolsonaro contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. O parecer da Advocacia Geral do Senado considerou representa��o � improcedente, por n�o se amparar na legalidade. “N�o h� justa causa para o pedido”, fulminou o presidente do Senado, em entrevista coletiva. Pacheco havia recebido o pedido na sexta-feira. Apesar de fleum�tico por natureza, o presidente do Senado mandou o pedido para o arquivo em decis�o monocr�tica.
Os tr�s epis�dios s�o um balde fr �gua fria na agita��o que est� sendo feita pelos apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais, clamando pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes, pela aprova��o do voto impresso e por uma interven��o militar. Com essas palavras de ordem, seus partid�rios de Bolsonaro est�o sendo convocados para duas grandes manifesta��es, uma em S�o Paulo, que promete ocupar a Avenida Paulista, e outra em Bras�lia, na qual prometem cercar a capital e invadir o Supremo. O engajamento direto do presidente da Rep�blica nessa mobiliza��o, ao prometer comparecer aos dois eventos, havia criado um clima de instabilidade pol�tica em Bras�lia e inseguran�a no mercado financeiro. O movimento estava sendo considerado um bal�o de ensaio para um golpe de Estado.
Estranhamento
Tanto o questionamento do inqu�rito das fake news quanto o pedido de impeachment de seu titular, o ministro Alexandre de Moraes, serviam como plataforma de mobiliza��o dos partid�rios de Bolsonaro, assim como servira tamb�m a proposta de voto impresso, que foi sepultada pela C�mara, em expressiva vota��o. A escalada de confronta��o de Bolsonaro, por�m, levou-o ao isolamento pol�tico.
As atitudes de Bolsonaro contra o Supremo est�o fracassando, pois a radicaliza��o provoca estranhamento dos aliados do Centr�o e dos pol�ticos moderados. � o caso do ex-presidente Michel Temer, que ontem e ter�a-feira circulou por Bras�lia, para conversas com a c�pula do seu partido e outras lideran�as pol�ticas. Interlocutor eventual de Bolsonaro, lan�ou o novo programa da legenda, uma esp�cie de atualiza��o da Ponte do Futuro, no qual a MDB prop�e o reposicionamento do centro pol�tico em torno de tr�s eixos: defesa da democracia, desenvolvimento inclusivo e governo funcional. Temer � uma esp�cie de or�culo das novas lideran�as do MDB, �s quais est� recomendando n�o antecipar o processo eleitoral. “Precisamos aproveitar os pr�ximos seis meses para sair da pandemia e retomar a atividade econ�mica, essa deve ser a prioridade”, argumenta.