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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Bolsonaro politiza o fracasso do seu governo ao confrontar o Judici�rio

At� os ministros j� se deram conta do foco errado do presidente da Rep�blica em governar para seus seguidores radicais


24/08/2021 04:00 - atualizado 24/08/2021 09:21

(foto: EVARISTO SÁ/AFP)
(foto: EVARISTO S�/AFP)


Aos 32 meses de mandato, Bolsonaro se depara com um cen�rio m�rbido e nebuloso: a “gripezinha” matou 575 mil pessoas, o pa�s tem 14 milh�es de desempregados e a infla��o pode chegar a 9%, se n�o houver uma mudan�a de rumo. D�ficit fiscal, inseguran�a jur�dica e instabilidade pol�tica formam o trip� que afugenta os investidores. A janela de oportunidade da retomada da economia global est� sendo perdida.

Os verdadeiros problemas do pa�s s�o de natureza objetiva e exigem solu��es criativas, exequ�veis e amparadas por amplo consenso nacional. Em circunst�ncias normais, diante da gravidade da pandemia e suas sequelas, principalmente a iniquidade social, o presidente da Rep�blica, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) convergiriam suas decis�es na dire��o dessas solu��es. Mas n�o � o que acontece. Estamos na antessala de uma grave crise institucional, fabricada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Seu problema n�o � falta de governabilidade, conta com o apoio do Centr�o no Congresso; � a governan�a, “a maneira pela qual o poder � exercido na administra��o dos recursos sociais e econ�micos de um pa�s visando o desenvolvimento, e a capacidade dos governos de planejar, formular e programar pol�ticas e cumprir fun��es”, segundo o Banco Mundial. “As caracter�sticas da boa governan�a s�o: Estado de direito, transpar�ncia, responsabilidade, orienta��o por consenso, igualdade e inclusividade, efetividade e efici�ncia e presta��o de contas. Essa n�o � a praia de Bolsonaro.

� surreal. A agenda do pa�s � discutida em milhares de lives, pelos mais diversos p�blicos, que buscam sa�das para a situa��o em que nos encontramos, de olho no futuro. O presidente da Rep�blica ignora tudo isso, empenhado em levar adiante um programa ideol�gico, que s� empolga os setores mais reacion�rios da sociedade. Mesmo os conservadores, que o apoiaram na elei��o e participam do governo, t�m uma agenda liberal voltada para os problemas reais, ainda que ignorem as quest�es sociais. Bolsonaro est� governando apenas para seus seguidores fanatizados. A maioria dos ministros j� se deu conta disso e se queixa do foco equivocado. O Pal�cio do Planalto � uma “jaula de cristal”, na qual Bolsonaro constr�i um mundo s� dele.

As aten��es do pa�s est�o voltadas para as manifesta��es convocadas para o dia 7 de setembro, que s�o apoiadas por Bolsonaro. N�o haver� desfiles militares, por causa da pandemia, por�m, est�o previstas concentra��es de defensores da interven��o militar em muitas cidades. At� a semana passada pretendiam parar o pa�s, cercar Bras�lia, invadir e fechar o Supremo Tribunal Federal (STF). Como era de se esperar, os mais ousados, como o presidente do PTB, Roberto Jefferson, e o cantor S�rgio Reis, j� sofreram as consequ�ncias desse projeto sedicioso. Mas Bolsonaro, em solidariedade a eles, pediu o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, relator do inqu�rito das fake news, que investiga a atua��o de grupos extremistas no pa�s, e escalou mais um degrau no seu confronto com o Supremo.

Ontem, 23 governadores e dois vices se reuniram em Bras�lia para discutir a situa��o e construir uma barreira de conten��o � escalada da radicaliza��o golpista. Querem um encontro com Bolsonaro pra discutir a rela��o republicana entre os entes federados. Coincidentemente, o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), demitiu o coronel da Pol�cia Militar que comandava a corpora��o no interior paulista, porque atuava nas redes sociais convocando os atos de 7 de setembro e pedindo o fechamento do Supremo. Os governadores firmaram uma esp�cie de pacto para impedir motins nas pol�cias militares. O caldo de cultura para isso existe, foi fomentado pelo presidente da Rep�blica.

Ciclo fechado

Enquanto segue o baile da pol�tica, a economia se deteriora a olhos vistos. O cen�rio � de menos crescimento e mais infla��o. Os juros de longo prazo superam 10% ao ano, segundo as taxas dos contratos futuros com vencimento em janeiro de 2031. As apostas para o crescimento em 2022 caminham para a casa de 1,5%, uma taxa incapaz de gerar um volume expressivo de empregos. Para 2021, ainda prevalecem estimativas na casa de 5% ou um pouco mais. O �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) pode fechar 2021 em 7,5%, muito acima da meta de 3,75% deste ano. Segundo as proje��es do mercado, a taxa Selic, hoje em 5,25%, deve ultrapassar 8%. Bolsonaro n�o entende de economia, quer manter os juros baixos a qualquer pre�o e amea�a demitir o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, o que exigiria uma interven��o na institui��o.

As reformas tribut�ria e administrativa subiram no telhado. O que n�o passou at� agora, provavelmente, n�o mais passar�. O Congresso n�o quer saber de rem�dios amargos. Bolsonaro tamb�m � negacionista na pol�tica monet�ria. O cobertor � curto, a pol�tica econ�mica deriva para o naufr�gio. A alternativa que restou foi politizar o fracasso e p�r a culpa nos outros. Como n�o pode responsabilizar a oposi��o, culpa as institui��es da Rep�blica, principalmente o Supremo. � a velha cantilena de que a democracia n�o funciona.


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