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Estado de Minas ENTRE LINHAS

A crise da social-democracia, que tem sua origem no s�culo 19, mundo afora

No Brasil, sob forte influ�ncia das ideias positivistas, nunca houve tradi��o social-democrata propriamente dita


27/10/2021 04:00 - atualizado 27/10/2021 07:20

Getúlio Vargas
PSB se contrapunha aos comunistas, liderados por Lu�s Carlos Prestes, e aos dois partidos criados por Get�lio Vargas em 1945 (foto: O CRUZEIRO/ARQUIVO EM - 31/1/1951)
O t�tulo da coluna nos remete ao come�o de tudo. A social-democracia tem sua origem no s�culo 19, como resultado de um movimento pol�tico associado aos sindicatos oper�rios e a ideias marxistas. A sua ascens�o ao poder se deu em 1910, na Alemanha, ap�s 20 anos de lutas vigorosas, que garantiram conquistas pol�ticas, como o amplo direito de voto, a liberdade de express�o, de imprensa e de organiza��o, e sociais, como a redu��o do hor�rio de trabalho, contratos coletivos, educa��o b�sica, assist�ncia m�dica e previd�ncia, na onda da segunda revolu��o industrial.

Com quase 1 milh�o de filiados, a social-democracia chegou ao poder ao obter 30% dos votos, tornando-se o principal partido do parlamento alem�o, com uma lideran�a que reunia l�deres oper�rios e grandes intelectuais. A Revolu��o Russa de 1905 e a Revolu��o Mexicana (1910), al�m do prest�gio de socialistas na Fran�a e trabalhistas na Inglaterra, transformaram a Segunda Internacional (a primeira teve vida ef�mera) no mais vigoroso movimento pol�tico do come�o do s�culo 20. Mas veio a Primeira Guerra Mundial e isso p�s tudo a perder, porque os social-democratas alem�es e trabalhistas apoiaram a guerra

O nacionalismo implodiu a Segunda Internacional. Na R�ssia, o l�der bolchevique Vladimir L�nin agarrou a bandeira da paz com as duas m�os e tomou o poder, criando a Internacional Comunista. Ap�s a Segunda Guerra Mundial, a social-democracia voltou ao poder em v�rios pa�ses da Europa Ocidental, enquanto os comunistas, apoiados ampliaram seu poder para o chamado Leste europeu, at� o colapso da Uni�o Sovi�tica, al�m da China, de Cuba e do Vietn�, onde permanecem no poder.

No Brasil, sob forte influ�ncia das ideias positivistas, que aqui sempre foram heterodoxas, nunca houve uma tradi��o social-democrata propriamente dita. O Partido Comunista, fundado por Astrojildo Pereira em 1922, foi obra de nove anarquistas. O Partido Socialista criado por tenentistas, em apoio a Get�lio Vargas, em 1932, fracassou, por raz�es �bvias.  Somente 1947, sob a lideran�a de Jo�o Mangabeira, viria a ser criado o Partido Socialista Brasileiro, por pol�ticos e intelectuais da chamada Esquerda Democr�tica.

O PSB se contrapunha aos comunistas, liderados por Lu�s Carlos Prestes, e aos dois partidos criados por Get�lio Vargas em 1945, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), formado por pol�ticos e l�deres ligados aos sindicatos oficiais, e o Partido Social Democr�tico, constitu�do por antigos interventores do governo Vargas. Como se v�, nada a ver com a social-democracia, que emergia da II Guerra mundial como uma for�a pol�tica importante em v�rios pa�ses da Europa, que aceitava o capitalismo e atuava para mitigar seus efeitos considerados perversos.

Quem � quem?

A Internacional Socialista defende as liberdades civis, os direitos de propriedade e a democracia representativa, na qual os cidad�os escolhem os rumos do governo por meio de elei��es regulares com partidos pol�ticos que competem entre si. Na economia, as teorias do economista brit�nico John Maynard Keynes (1883-1946) lhe ca�ram como uma luva, mas foram progressivamente mitigadas por ideias social-liberais. No Brasil, com a reforma partid�ria de 1979, antes mesmo da redemocratiza��o, houve uma corrida para representar a social-democracia por aqui.

Quem chegou primeiro foi o trabalhista Leonel Brizola, gra�as �s liga��es com o l�der socialista portugu�s Mario Soares, que patrocinou a entrada do PDT na organiza��o internacional, deixando o ex-governador Miguel Arraes e o PSB a verem navios. Entretanto, ap�s a vit�ria eleitoral do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, a Internacional Socialista realizou em S�o Paulo, em 2003, o seu 22º congresso, o que foi uma esp�cie de reconhecimento do PT como uma for�a social-democrata. Recentemente, Lula foi a estrela do Congresso do Partido Socialista-Oper�rio Espanhol, liderado por Felipe Gonzales.

Aquela reuni�o, por�m, fora esvaziada: o alem�o, Gerhard Schr�der (social-democrata); o brit�nico, Tony Blair (trabalhista; e o sueco, G�ran Persson (social-democrata), todos ent�o no poder, se identificavam muito mais com o PSDB do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Como o Brasil � um pa�s de ideias fora de lugar, como j� disse Roberto Schwarz, ao mostrar como as ideias liberais foram solapadas pela realidade de um pa�s escravocrata e socialmente atrasado, o ide�rio social-democrata, mesmo enviesado, continua sendo disputado por diferentes partidos. De certa forma, as pr�vias do PSDB, com a disputa entre os governadores Jo�o Doria, de S�o Paulo, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, dois pol�ticos liberais, s�o mais um lance desse tortuoso caminho d as ideais pol�ticas no Brasil.


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