A viagem das Ar�bias do presidente Jair Bolsonaro para atrair investidores mirou tanto a sua base eleitoral quanto os petrod�lares com os quais o ministro da Economia, Paulo Guedes, imagina financiar a retomada do crescimento da economia no pr�ximo ano, diante de previs�es catastr�ficas dos analistas internacionais, inclusive os da prestigiada revista “The Economist”, que “erra todas”, segundo o nosso Posto Ipiranga
No domingo e na segunda-feira, Bolsonaro participou do f�rum Invest In Brasil em Dubai, promovido pela Apex-Brasil, e visitou o pavilh�o da Embraer na Dubai Airshow, evento do setor aeroespacial, e o pavilh�o do Brasil na Expo 2020, onde a numerosa delega��o brasileira festejou a viagem, com a primeira-dama Michele roubando a cena. Dubai � um emirado novo-rico, aberto para o mundo para n�o depender de uma atividade econ�mica sem futuro, o petr�leo, e criar uma economia baseada no com�rcio internacional e no turismo, atividades que respondem hoje por 95% da sua economia.
Com o dinheiro do �leo, descoberto na regi�o em 1966, voou do s�culo 18 para o s�culo 21 em apenas uma gera��o, nas asas da melhor companhia a�rea da atualidade. Com um dos mais importantes hubs aeron�uticos do Oriente M�dio, com centro financeiro e de neg�cios que atrai executivos e milion�rios de todo o mundo, devido � seguran�a e �s atra��es tur�sticas de alt�ssimo luxo. � uma cidade-estado de popula��o global (83 % s�o estrangeiros), com um �nico dono, Sua Alteza Shaikh Mohammed bin Rashid Al Maktoum, conhecido como Shaikh Mo.
Ontem, a comitiva presidencial viajou para o Bahrein, onde Bolsonaro participou da inaugura��o da embaixada brasileira na capital do pa�s, Manama, ao lado do rei do Bahrein, Hamad bin Isa al-Khalifa, cujo cl� Bani Utbah capturou o Bahrein de Nasr Al-Madhkur, em 1778 e, desde ent�o, governa o arquip�lago do Golfo P�rsico. O Brasil deve se tornar o seu principal fornecedor de min�rio de ferro, superando a China e os Estados Unidos. Somos o quarto destino das exporta��es brasileiras no Oriente M�dio, atr�s de Ar�bia Saudita, Turquia e dos Emirados �rabes Unidos. No meio do Golfo P�rsico, suas 33 ilhas, juntas, n�o chegam � metade da cidade de S�o Paulo.
Foi a primeira na��o a descobrir e explorar petr�leo no Oriente M�dio, na d�cada de 1960. Sua explora��o � respons�vel por 60% das exporta��es do Bahrein e por 18% do Produto Interno Bruto nacional. O pa�s tamb�m investe na diversifica��o da economia, com a promo��o da atividade industrial e de servi�os financeiros, sendo o segundo produtor de alum�nio do mundo, respons�vel por 16% das exporta��es do Reino no ano passado. O pa�s tamb�m se destaca na produ��o de a�o. J� foi col�nia portuguesa, persa e brit�nica, famosa por seus pescadores de p�rolas; hoje � um “case” da economia p�s-petr�leo. Dos seus 1,5 milh�o de habitantes, 25% s�o paquistaneses, afeg�os, indianos, norte-americanos e brit�nicos.
Sem constrangimentos
Hoje, Bolsonaro chega ao Catar, um emirado absolutista e heredit�rio comandado pela Casa de Thani desde meados do s�culo XIX. O xeque Hamad bin Khalifa Al Thani destituiu seu pai, Khalifa bin Hamad al Thani, em 1995, com um golpe de Estado. O presidente Jair Bolsonaro far� um passeio de moto em Doha, cuja arquitetura futurista � de tirar o f�lego. A agenda oficial inclui uma visita ao est�dio Lusail, constru�do para a Copa de 2022. Os jornalistas, por mudan�as nas regras sanit�rias de v�spera, foram proibidos de entrar no emirado.
O Catar foca os investimentos em setores n�o energ�ticos, por�m, o petr�leo e o g�s ainda representam mais de 50% do PIB do pa�s, cerca de 85% das receitas de exporta��o e 70% das receitas do governo. Suas reservas de petr�leo, estimadas em 15 bilh�es de barris, podem durar mais 37 anos. As de g�s natural, cerca de 26 trilh�es de metros c�bicos representam 14% das reservas totais do mundo, a terceira maior reserva do planeta. O pa�s exporta petr�leo e derivados para a China, Coreia do Sul, Jap�o e �ndia. Importa avi�es, carros, helic�pteros e turbinas a g�s, do Reino Unido, Fran�a, Alemanha e China.
Ao contr�rio do que aconteceu na viagem � It�lia, onde enfrentou protestos populares, Bolsonaro n�o passou por constrangimentos nesses emirados, que reprimem duramente a popula��o, mas s�o “cases” de moderniza��o autorit�ria. Aproveitou a viagem para refor�ar sua agenda interna e agradar sua base conservadora, com declara��es pol�micas sobre a situa��o da economia brasileira, o desmatamento da Amaz�nia, as provas do Enem e o aumento dos servidores, anunciado para legitimar a aprova��o da PEC dos Precat�rios no Senado. A estrat�gia serviu de contraponto � viagem do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva a Europa, cujo ponto alto foi seu discurso no Parlamento Europeu, onde foi aplaudido de p�.