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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Para n�o dizer que n�o falei da viagem do ex-presidente Lula � Europa

N�o ser� surpresa se a pr�xima investida do petista for em dire��o � China, que tem sido espica�ada por Bolsonaro


18/11/2021 04:00 - atualizado 18/11/2021 07:34

O ex-presidente Lula em viagem à Europa
Pr�-candidato ao Pal�cio do Planalto em 2022, Lula est� em viagem pela Europa (foto: JULIEN DE ROSA/AFP)
A viagem do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva � Europa est� sendo um sucesso. O petista foi recebido calorosamente em todos os lugares, com destaque para a ovacionada passagem pelo Parlamento Europeu, no qual falou comum um player da pol�tica mundial e foi aplaudido de p�, e pela pomposa recep��o de chefe de Estado que lhe foi oferecida pelo presidente franc�s Emmanuel Macron, desafeto do presidente Jair Bolsonaro, no Pal�cio do Eliseu, em Paris. No domingo, em Berlim, Lula havia se reunido com o futuro primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, do SPD (partido social-democrata alem�o), que articula o novo governo, como sucessor da chanceler Angela Merkel.

Lula aproveitou-se do enorme distanciamento existente entre o presidente Jair Bolsonaro e a maioria dos l�deres do Ocidente. De certa forma, com suas duras cr�ticas ao atual governo brasileiro e o lastro de um veterano na diplomacia presidencial, o petista se recolocou na cena pol�tica mundial como v�tima de persegui��es pol�ticas e grande l�der democrata do pa�s, para aprofundar o isolamento internacional de Bolsonaro, cuja elei��o, em 2018, se deu num cen�rio completamente diferente. �quela �poca, o presidente norte-americano Donald trump|; o ministro do Interior italiano Matteo Salvini; o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o primeiro-ministro h�ngaro Victor Orban, o �nico que permanece no cargo (desde 2010), eram as refer�ncias de Bolsonaro na pol�tica internacional.

Tudo mudou, mas engana-se quem imagina que a pol�tica externa de Bolsonaro passou por altera��o profunda. Perdeu o histrionismo e a narrativa reacion�ria e rebuscada do ex-chanceler Ernesto Ara�jo, chauvinista e bolsonarista-raiz. O novo chanceler Carlos Alberto Franco Fran�a, mais sofisticado e competente, opera de forma mais suave um novo eixo de rela��es reacion�rias, mas que s�o modelos de moderniza��o autorit�ria dos mais eficientes da atualidade, como ficou evidente nessa viagem de mascate aos emirados de Dubai, do Bahrein e do Catar. S�o pa�ses que operam um modelo econ�mico capitalista p�s-economia do petr�leo, em bases tecnologicamente avan�adas, por�m, alicer�adas em sistemas pol�ticos autocr�ticos, muito repressivos, injustos do ponto de vista social e reacion�rios quanto aos costumes.

A corrida mundial

Um modelo completamente diferente do Estado de bem-estar social constru�do na Europa de p�s-guerra, com base na democracia representativa, que enfrenta uma crise de representa��o desde a d�cada de 1980, mas que sobreviveu a todas as tempestades econ�micas e pol�ticas at� agora, quando nada porque a mem�ria de duas guerras mundiais, em particular do Holocausto, n�o foi olvidada.

Quando Lula fala da necessidade de governan�a mundial para enfrentar a quest�o ambiental e as desigualdades sociais e nacionais, isso � m�sica para a Uni�o Europeia. Ao contr�rio, quando Bolsonaro afirma que o Brasil vai muito bem, obrigado, e faz contrainforma��o ao falar da nossa economia e da Amaz�nia, declara guerra � opini�o p�blica europeia, cada vez mais influente nessas quest�es.

Existe uma corrida mundial para reinventar o Estado, em fun��o das aceleradas mudan�as tecnol�gicas que ocorrem no mundo. Pa�ses asi�ticos, como a China e Cingapura, lideram essa corrida, enquanto as democracias ocidentais patinam na aprova��o e execu��o de reformas com objetivo de acompanhar o desenvolvimento econ�mico desses pa�ses. Na mudan�a de eixo do com�rcio mundial do Atl�ntico para o Pac�fico, cuja hegemonia � disputada pelos Estados Unidos e pela China, as autocracias do Oriente M�dio, principalmente do Golfo P�rsico, passaram a ter uma posi��o ainda mais estrat�gica, em termos de log�stica e opera��es financeiras.

� natural que o Brasil esteja conectado �s economias desses pa�ses �rabes, como grande produtor de commodities de alimentos e minerais, e que tamb�m procure aumentar a complexidade da nossa balan�a comercial, exportando tamb�m produtos industrializados nos quais ainda temos competitividade, como � o caso dos avi�es produzidos pela Embraer. Mas esse n�o pode ser o eixo principal da nossa pol�tica externa, pois, historicamente, estamos no campo das democracias do Ocidente, ainda que tenhamos passado por ciclos autorit�rios de 1930 a 1945 (Vargas) e de 1964 a 1985 (regime militar).

O fato de a China ser o principal parceiro comercial do Brasil � uma contradi��o em termos, porque o pragmatismo da diplomacia de Pequim releva as diferen�as ideol�gicas e pol�ticas, ainda que elas existam e sejam profundas. Nesse aspecto, Bolsonaro tamb�m abre o flanco para o ex-presidente Lula, ao espica�ar o governo chin�s regularmente, como se o gigante asi�tico dependesse mais de n�s do que n�s dependemos dele, o que n�o � o caso. Os sinais de que o presidente Xi Jiping “replanteou” a pol�tica chinesa em rela��o ao Brasil de Bolsonaro s�o mais evidentes. N�o ser� surpresa se a pr�xima investida do ex-presidente Lula na pol�tica internacional for em dire��o � China. O paradigma a ser considerado s�o as excelentes rela��es com os governos da Argentina, Venezuela, Nicar�gua e Cuba.

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