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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Bolsonaro faz banca anticandidato e promove um desastre diplom�tico

Na reuni�o com diplomatas estrangeiros, presidente fez acusa��es sem provas contra a seguran�a das elei��es


19/07/2022 04:00 - atualizado 19/07/2022 08:34

Bolsonaro reuniu diplomatas estrangeiros para atacar o sistema eleitoral brasileiro
Bolsonaro reuniu diplomatas estrangeiros para atacar o sistema eleitoral brasileiro (foto: FACEBOOK/REPRODU��O)

Em termos diplom�ticos, o encontro de ontem do presidente Jair Bolsonaro com embaixadores de v�rios pa�ses para denunciar suspeitas n�o comprovadas sobre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), seus ministros e a seguran�a das urnas eletr�nicas foi um tiro no p�. Para a maioria dos diplomatas, seu discurso � de candidato derrotado por antecipa��o e sinaliza a inten��o de realmente n�o aceitar o resultado das urnas. Obviamente, sua escalada contra as urnas eletr�nicas � uma campanha de anticandidato, passa para o mundo – e internamente – a ideia de que pretende se manter no poder mesmo perdendo as elei��es.

Existe uma correla��o entre a pol�tica nacional e nossas rela��es internacionais. Apesar da excel�ncia e dos esfor�os dos nossos diplomatas de carreira, toda vez que Bolsonaro faz pol�tica internacional pr�pria � um desastre. � o que est� acontecendo, por exemplo, no caso da guerra da Ucr�nia. No mesmo dia em que promoveu o desastrado encontro com os embaixadores, conversou por telefone com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky: “Discutimos a import�ncia de retomar as exporta��es de gr�os para prevenir uma crise de alimentos provocada pela R�ssia”, escreveu Zelensky em seu Twitter. “Convoco todos os parceiros a se unirem �s san��es contra o agressor.”

Para bom entendedor, a conversa de Bolsonaro com Zelensky n�o foi nada boa. Ao divulgar seu pedido de ades�o do Brasil �s san��es contra a R�ssia, o presidente ucraniano criou um constrangimento para o Brasil, que assumiu uma posi��o de neutralidade, na tradi��o da pol�tica de Estado do Itamaraty; por�m, pessoalmente, Bolsonaro cada vez se aproxima mais do presidente russo Vladimir Putin. Por �bvio, esse posicionamento tem muito mais peso nas rela��es com os pa�ses ocidentais do que as suspeitas que levantou sobre a seguran�a das elei��es.

Bolsonaro utilizou as depend�ncias do Pal�cio da Alvorada e a estrutura de governo para uma s�rie de acusa��es sem provas contra a Justi�a Eleitoral e os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Lu�s Roberto Barroso. Tamb�m atacou seu principal advers�rio, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, cujo prest�gio internacional s� aumenta na medida em que mant�m o favoritismo nas pesquisas e as elei��es se aproximam. Atacou o petista, por�m acabou criticado por dois advers�rios que sonham tomar seu lugar contra ele, Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). Ou seja, Bolsonaro est� se colocando como alvo fixo de todos os principais concorrentes.

Os ministros Carlos Fran�a (Rela��es Exteriores), Paulo S�rgio Nogueira (Defesa), Ciro Nogueira (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral) e Augusto Heleno (Gabinete de Seguran�a Institucional), que formam o estado-maior da Presid�ncia, participaram da reuni�o, que o presidente do TSE, Edson Fachin, classificou como um encontro de pr�-candidato a presidente da Rep�blica, ao declinar do convite, com o argumento de que deveria ter uma posi��o imparcial como respons�vel pela condu��o do processo eleitoral. Na Ordem dos Advogados do Paran� (OAB-PR), � tarde, Fachin classificou a apresenta��o como uma “encena��o”. Sem citar Bolsonaro, disse que h� “inaceit�vel negacionismo eleitoral por parte de uma personalidade p�blica” e uma “muito grave” agress�o � democracia.

Discurso de perdedor


E o anticandidato? � um sinal trocado. Bolsonaro est� agindo como perdedor antecipado das elei��es, como quem n�o pretende aceitar o resultado das urnas e quer virar a mesa, como tentou sem sucesso o ex-presidente norte-americano Donald Trump, seu aliado. Est� fazendo uma campanha de anticandidato, que deixar� em desespero os aliados do Centr�o. O ministro da Defesa, general Paulo S�rgio Nogueira, reverbera as acusa��es de Bolsonaro e arrasta as For�as Armadas para uma posi��o que evoca o passado do regime militar. Somente ap�s as elei��es saberemos se age por disciplina, pois Bolsonaro � presidente da Rep�blica e comandante supremo das For�as Armadas, ou por convic��o golpista autorit�ria.

A prop�sito do passado autorit�rio, o mais ousado desafio ao regime militar, no auge do seu poder, foi a lan�amento da “anticandidatura” de Ulysses Guimar�es � Presid�ncia da Rep�blica pelo MDB, em setembro de 1973, no col�gio eleitoral que elegeria o general Ernesto Geisel � Presid�ncia. Como um Dom Quixote, o presidente do MDB percorreu o pa�s desafiando os militares, ao lado do ex-governador de Pernambuco Barbosa Lima Sobrinho, que depois viria a ser presidente da Associa��o Brasileira de Imprensa (ABI).

“N�o � o candidato que vai percorrer o pa�s. � o anticandidato, para denunciar a antielei��o, imposta pela anticonstitui��o que homizia o AI-5, submete o Legislativo e o Judici�rio ao Executivo; possibilita pris�es desamparadas pelo habeas corpus e condena��es sem defesa, profana a indevassabilidade dos lares e das empresas pela escuta clandestina, torna inaud�veis as vozes discordantes, porque ensurdece a na��o pela censura � imprensa, ao r�dio, � televis�o, ao teatro e ao cinema”, discursou Ulysses, cuja plataforma era centrada na revoga��o do Ato Institucional nº 5 (AI-5), na anistia e na convoca��o de uma Assembleia Constituinte. Quanta ironia. Bolsonaro faz campanha em busca do passado.
 

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