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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Resili�ncia mant�m Ciro Gomes firme na disputa do primeiro turno

'''Vote em um e se livre de dois' � o bord�o criado pelo marqueteiro Jo�o Santana para abrir caminho na polariza��o''


21/07/2022 04:00 - atualizado 21/07/2022 07:31

Ciro Gomes teve seu nome confirmado como candidato do PDT ao Planalto
Ciro Gomes teve seu nome confirmado como candidato do PDT ao Planalto (foto: EVARISTO S�/AFP)

O perfil pol�tico do ex-governador do Cear� Ciro Gomes pode ser sintetizado numa palavra da moda: resili�ncia. Ontem, o PDT aprovou em conven��o nacional, por aclama��o e sem votos contr�rios, a escolha do seu nome como candidato � Presid�ncia da Rep�blica. Ciro resistiu a todas as investidas do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva para desestabilizar sua candidatura. O petista comeu pelas beiradas as alian�as do PDT nos estados, mas o pol�tico cearense, intempestivo e destemperado, duas palavras que tamb�m constituem o seu perfil, resistiu bravamente. Manteve-se em cena com uma fatia de 8% do eleitorado, que segue firme e forte apoiando sua candidatura.

Esta ser� a quarta vez que Ciro Gomes disputar� a Presid�ncia, que � a sua grande obsess�o pol�tica. Nunca chegou ao segundo turno, mas sempre deu trabalho aos advers�rios, nos pleitos de 1998 e 2002, pelo antigo PPS, e 2018, pelo PDT, quando obteve seu melhor desempenho, com 13,3% dos votos. Ex-ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, respons�vel pela implementa��o do Plano Real, quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) deixou o cargo para concorrer e vencer as elei��es de 1994, derrotando Lula, Ciro tem uma trajet�ria bem-sucedida de gestor p�blico, como prefeito de Sobral e Fortaleza e governador do Cear�, que hoje se destaca por ter uma das melhores redes de ensino p�blico e gratuito do pa�s.

Ciro � um caso raro de resili�ncia porque trafega numa faixa muito estreita do eleitorado, mantendo-se sempre em torno dos 8% de inten��es de votos, conforme o �ltimo levantamento do Instituto Datafolha. Sua campanha eleitoral est� a cargo de Jo�o Santana, o ex-marqueteiro das campanhas vitoriosas de Lula, em 2006, e Dilma Rousseff, em 2010 e 2014. Santana est� entre aqueles que foram flagrados recebendo dinheiro de caixa dois pela Lava-Jato, mas fez dela��o premiada e, assim, saiu da pris�o. Conhece como ningu�m as rela��es do ex-presidente Lula com seus velhos aliados e o eleitorado, principalmente o nordestino.

“Vote em um e se livre de dois”, � o bord�o criado por Santana para abrir caminho na polariza��o eleitoral protagonizada por Lula e o presidente Jair Bolsonaro. Ao contr�rio dos demais, que ainda n�o apresentaram suas plataformas, Ciro tem um programa de governo com princ�pio, meio e fim, no qual busca uma esp�cie de aggiornamento do velho trabalhismo brizolista, que � o DNA do PDT. A chave � o modelo nacional-desenvolvimentista, considerado esgotado pela maioria dos economistas. Suas propostas est�o publicadas no livro “Projeto Nacional: O Dever da Esperan�a”.

Programa

Ciro quer revogar o “teto de gastos”, rever a autonomia do Banco Central, abandonar o trip� da pol�tica monet�ria (meta de infla��o, c�mbio flutuante e equil�brio fiscal), criar 5 milh�es de empregos nos dois primeiros anos de governo com uma canetada, mudar a pol�tica de pre�os da Petrobras, adotar o programa de renda m�nima universal do ex-senador petista Eduardo Suplicy, investir pesadamente em escolas federais em tempo integral e criar um complexo industrial de sa�de, focado na produ��o de medicamentos.

Velhas propostas de campanhas anteriores foram exumadas pelo programa, como a regulamenta��o do imposto sobre grandes fortunas, com al�quota progressiva para patrim�nios acima de R$ 20 milh�es; a tributa��o de lucros e dividendos; e um imposto progressivo sobre heran�as e doa��es, al�m de dois impostos gerais: um para pessoa f�sica e outro para a jur�dica. Tamb�m pretende promover uma nova reforma da Previd�ncia, atingindo o setor p�blico, com ado��o do regime de capitaliza��o. Seu guru � o economista Mangabeira Unger, professor da Havard, de quem foi aluno.

O pol�tico cearense � um osso duro de roer numa campanha. N�o tem medo das agruras da campanha de rua, onde enfrenta os desafetos petistas e bolsonaristas. Nos debates, � contundente e preparado para defender seus pontos de vista. Esses atributos, por�m, tamb�m s�o seu ponto fraco, porque � destemperado e disposto at� a resolver no bra�o as diferen�as, quando � agredido verbalmente. Nada disso, por�m, abala a fatia do eleitorado que lhe permanece fiel. O seu problema � de outra natureza: sair dessa bolha.

Ciro se coloca como alternativa ao PT.  Nas elei��es passadas, quando ficou fora do segundo turno, viajou para Paris, com o prop�sito de n�o votar nem em Bolsonaro nem em Fernando Haddad, o candidato do PT. Busca ser alternativa para os eleitores e as for�as pol�ticas de centro, mas seu programa pol�tico acabou se tornando um obst�culo para isso. Quem conseguiu ampliar as alian�as ao centro foi ex-presidente Lula, ao atrair o ex-governador tucano Geraldo Alckmin, que se filiou ao PSB, para ocupar a posi��o de candidato a vice.

As for�as de centro que se mantiveram distante de Lula sempre apostaram numa terceira via, mas nunca aceitaram que fosse liderada por Ciro. O PSDB e o Cidadania, que fizeram uma federa��o, optaram por apoiar a candidatura de Simone Tebet (MDB), que agora tamb�m sofre um ataque especulativo do petista. Mesmo isolado e sem coliga��o, a candidatura de Ciro foi bancada pelo presidente do PDT, Carlos Lupi, que deixou em aberto a vice. Caso o MDB, cuja conven��o ser� dia 27 de julho, resolva defenestrar a candidatura de Simone Tebet, o jogo fica zerado na terceira via e Ciro pode voltar a ser uma alternativa algumas das for�as que comp�em esse campo, como o Cidadania.




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