
No come�o, imaginou-se que era apenas uma provoca��o, mas o avan�ar das investiga��es mostra que estava realmente sendo preparado um atentado terrorista. George Washington de Oliveira Sousa, um empres�rio de 54 anos, respons�vel por instalar o “artefato explosivo”, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, confessou sua inten��o de provocar o atentado, na expectativa de que o ato provocasse o caos e uma interven��o militar antes da posse de Lula.
No apartamento que alugou no Sudoeste, no Distrito Federal, os policiais encontraram um fuzil, espingardas, rev�lveres, muni��o e outros artefatos explosivos. A Pol�cia Civil afirma saber que o homem teve ajuda e atua para identificar e prender os outros envolvidos.
George era frequentador de audi�ncias p�blicas no Congresso e participava do acampamento de bolsonaristas defronte ao Quartel Geral do Ex�rcito, que continua sendo o principal ponto de concentra��o dos radicais de extrema direita que n�o aceitam a vit�ria de Lula.
Um outro artefato foi encontrado domingo, no Gama, tamb�m no Distrito Federal, pesando 40 quilos. Ainda n�o se sabe quem colocou a bomba no local e se o explosivo, desativado por policiais do Grupo de Opera��es da Pol�cia Civil, tem rela��o com o artefato colocado por George no eixo de um caminh�o-tanque, abastecido com 63 mil litros de querosene de avia��o (28 mil no primeiro compartimento, e 35 mil no segundo), no s�bado passado.
Mil�cia pol�tica
A pris�o n�o tem nada a ver diretamente com o fracassado atentado terrorista, a ordem j� havia sido dada por Moraes durante a semana. Eust�quio n�o tem cumprido as medidas cautelares impostas ap�s a revoga��o de sua pris�o.
O blogueiro foi preso em junho de 2020, a pedido da Procuradoria-Geral da Rep�blica, tamb�m por envolvimento com atos antidemocr�ticos que pediam o fechamento do Congresso e do Supremo. Em pris�o domiciliar, o blogueiro j� foi proibido de usar redes sociais e manter contato com outros investigados de atos antidemocr�ticos. Os fatos recentes, como o ataque ao pr�dio da Pol�cia Federal e a uma Delegacia de Pol�cia Civil no setor hoteleiro Norte.
O presidente Jair Bolsonaro n�o fez nenhum coment�rio sobre ambos os casos e continua alimentando a esperan�a dos radicais de que ainda vai dar um golpe de estado. Os seus partid�rios mais fan�ticos continuam � porta dos quarteis, sem que nada seja feito pelas autoridades locais nem pelo Ex�rcito.
Bolsonaro tem um pacto com os violentos. Primeiro, com as mil�cias do Rio de Janeiro, cujo modelo de atua��o naturalizou e traduziu para a pol�tica. Aproveitando-se dos interesses corporativos de categoriais profissionais embrutecidas pelos riscos da pr�pria atividade, al�m de atiradores e indiv�duos que cultuam a viol�ncia por temperamento ou ideologia, o presidente da Rep�blica formou uma mil�cia pol�tica, armada at� os dentes, que come�a a dar sinais de que pode recorrer � luta armada e ao terrorismo para tentar fazer valer seus prop�sit os golpistas.
A democracia � uma conquista civil da qual n�o se pode abrir m�o precisamente porque, onde ela foi instaurada, substituiu a violenta luta pela conquista do poder por uma disputa partid�ria com base na livre discuss�o de ideias. Condenar as elei��es, esse ato fundamental do sistema democr�tico, em nome da guerra ideol�gica, significa atingir a ess�ncia n�o do Estado, mas da �nica forma de conviv�ncia poss�vel na liberdade e atrav�s da liberdade que at� agora conseguimos realizar, na longa hist�ria de prepot�ncia e viol�ncia da nossa sociedade.
O povo resolveu a disputa pelo voto, em elei��es pac�ficas e ordeiras, mas um grupo de radicais de extrema-direita ainda acredita que os militares, liderados por Bolsonaro, dar�o um golpe de estado. De certa forma, at� que a posse se realize, a exist�ncia dos acampamentos alimen ta essa v� esperan�a.