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Estado de Minas OPINI�O

Amplia��o do governo Lula barrar� o golpismo

'Vivemos um retrocesso pol�tico, o maior desde a redemocratiza��o. Lembra o clima pol�tico �s v�speras da posse de Juscelino Kubitschek, em 1955'


29/12/2022 04:00 - atualizado 28/12/2022 21:33

O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, participa da sessão de encerramento do grupo temático do governo de transição em Brasília, em 13 de dezembro de 2022
'Lula ganhou a elei��o por uma estreita margem de votos, lida com uma oposi��o de rua enfurecida e perigosa' (foto: Evaristo S�/AFP)

� dif�cil entender a tese de que o presidente Luiz In�cio Lula da Silva n�o ampliou o suficiente a coaliz�o de governo. Nesta quarta (28), sinalizou que entregar� tr�s minist�rios ao PSD e tr�s minist�rios ao Uni�o Brasil, al�m dos tr�s que j� negociou com o MDB. Igualmente � incompreens�vel a tese de que “o centro est� na periferia do governo”. MDB, PSD e Uni�o Brasil est�o onde sempre estiveram, quem est� se deslocando em dire��o ao centro e at� um pouco al�m � o presidente Lula, tudo com objetivo mais do que justo de garantir apoio no Congresso e neutralizar o golpismo de Bolsonaro.

Lula ganhou a elei��o por uma estreita margem de votos, lida com uma oposi��o de rua enfurecida e perigosa, que j� come�a a registrar a��es terroristas; e enfrenta uma situa��o econ�mica delicada, por causa de um governo que gastou o que tinha e o que n�o tinha para tentar a vencer as elei��es. Administra tens�es com as For�as Armadas que surpreendem pela atitude de alguns comandantes, que se recusam a reconhecer o novo Comandante Supremo, embora tenham se submetido �s loucuras de Bolsonaro por uma quest�o de disciplina e hierarquia. Um deles chegou a dizer aos colegas que bastava uma ordem de Bolsonaro para impedir a posse de Lula.

Vivemos um ambiente que representa um retrocesso pol�tico, o maior desde a redemocratiza��o, com a elei��o de Tancredo Neves em 1985. Lembra o clima pol�tico �s v�speras da posse de Juscelino Kubitschek, em 1955, quando o general Henrique Teixeira Lott impediu o golpe militar que setores conservadores das For�as Armadas e lideran�as da UDN armavam para impedir a posse do presidente eleito e seu vice Jo�o Goulart, vencedores da elei��o de outubro daquele ano.

Durante a campanha, os ataques do udenista Carlos Lacerda contra JK, chamando-o de corrupto e amoral, n�o impediram a vit�ria do pol�tico mineiro, com 36% dos votos sobre seus oponentes: o militar Juarez T�vora (UDN/PDC/PSB/PL), com 30%, Ademar de Barros (PSP), com 26%, e o integralista Pl�nio Salgado (PRP), com 8%, em 3 de outubro de 1955. Naquela �poca n�o havia segundo turno, o que abria espa�o para questionar a legitimidade de sua vit�ria, j� que seus advers�rios estavam todos � direita. E juntos tiveram 64% dos votos.


Delirante, Lacerda mentia em seus artigos na Tribuna de Imprensa (RJ), para deixar a classe m�dia em p�nico. Dizia que Jango, com a ajuda do argentino Per�n, do PCB e do dinheiro “esp�rio” de JK, contrabandeava um arsenal b�lico da Argentina para “implantar a ditadura sindicalista” no Brasil. Um m�s ap�s a vit�ria da chapa JK-Jango, o coronel Jurandir Bizarria Mamede, ligado � Escola Superior de Guerra, no enterro do general Canrobert Pereira da Costa (chefe do Estado-Maior das For�as Armadas e ent�o presidente do Clube Militar), defendeu o golpe militar contra a posse dos eleitos, que se realizaria no in�cio de 1956. Mamede questionava a legitimidade das elei��es e “a corrup��o e a fraude dos oportunistas e totalit�rios que se arrogam no direito de oprimir a Na��o nessa mentira democr�tica”.

Contragolpe

O vice-presidente Caf� Filho (PSP) havia assumido o cargo e nomeado o general Lott como ministro da Guerra, que exigiu a puni��o do coronel Mamede, mas n�o foi atendido pelo presidente. Entretanto, Caf� Filho se afastou do cargo por problemas de sa�de. O presidente da C�mara, Carlos Luz, do PSD e pr�ximo aos conservadores, assumiu a Presid�ncia para ter o mandato mais curto da hist�ria: tr�s dias, entre 8 e 11 de novembro de 1955. No dia 12 de novembro, foi empossado na Presid�ncia da Rep�blica o primeiro vice-presidente do Senado, Nereu Ramos.

Um dia antes da posse de Ramos, o general Lott comandou 25 mil homens, que, em poucas horas, tomaram os pontos estrat�gicos do Rio, ent�o Distrito Federal. Lott divulgou uma nota direcionada aos comandantes militares exigindo “o retorno da situa��o aos quadros normais de regime constitucional vigente”. O general garantia a posse de Ramos, que se comprometeu em assegurar a legalidade. No dia 11 de novembro, o Congresso votou o impedimento de Carlos Luz, que acompanhado de Carlos Lacerda, coronel Bizzaria Mamede e parte do Minist�rio se refugiaram no navio Tamandar�.

Os golpistas pretendiam estabelecer um governo paralelo em S�o Paulo com o apoio do governador J�nio Quadros, mas o plano fracassou. Amedrontado, Lacerda tentou fugir do pa�s mesmo com as garantias de sua imunidade parlamentar. Buscou abrigo nas embaixadas de Peru e Cuba, que lhe forneceu asilo pol�tico. Antes do embarque para Cuba, ainda sob o jugo de Fulgencio Batista, derrubado em 1959 pela Revolu��o, o deputado escondeu-se durante tr�s dias em uma caixa-d’�gua seca.

O presidente assumiu em 1956 e o general Lott foi seu ministro da Guerra. Em janeiro de 1959, Lott abandonou a caserna e foi transferido para a reserva remunerada como marechal. A popularidade conquistada em novembro de 1955 garantiu sua nomea��o como candidato na elei��o de 1960, com Jango como vice. Como as elei��es a presidente e vice eram separadas, J�nio Quadros venceu a elei��o e Jango tamb�m, mas essa j� � outra hist�ria.

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