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Estado de Minas ENTRE LINHAS

O fantasma do comunismo renasceu no Brasil com o Bolsonarismo

No Brasil, o porta-voz do pensamento reacion�rio � o ex-presidente Jair Bolsonaro, que n�o conseguiu se reeleger. Esgrime o anticomunismo contra toda a esquerda


21/03/2023 04:00 - atualizado 21/03/2023 07:08

O presidente Jair Bolsonaro estimula seus seguidores a combater o comunismo que vê em todos que são contra ele
O presidente Jair Bolsonaro estimula seus seguidores a combater o comunismo que v� em todos que s�o contra ele (foto: Roberto Schmidt/AFP - 4/3/23)

“Um fantasma ronda a Europa – o fantasma do comunismo. Todas as pot�ncias da velha Europa se aliaram numa ca�ada santa a esse fantasma: o papa e o czar, Metternich e Guizot, radicais franceses e policiais alem�es. Que partido oposicionista n�o � acusado de comunista por seus advers�rios no governo?”

As primeiras palavras do Manifesto Comunista de 1948 publicado por Karl Marx e Friedrich Engels em Londres, em ingl�s, franc�s, alem�o, flamengo e dinamarqu�s, parecem saltar das estantes empoeiradas para a pesquisa IPEC divulgada no domingo pelo jornal “O Globo”.

Para 44% dos brasileiros, o Brasil corre o risco de “virar um pa�s comunista” sob o governo do presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT). Segundo a pesquisa, 33% concordam totalmente com a afirma��o de que um novo regime poderia ser implantado no pa�s; 13% concordam parcialmente com a tese. Discordam total ou parcialmente da ideia 48% dos entrevistados.

A pesquisa mostra que a ess�ncia do bolsonarismo � o anticomunismo. O ex-presidente Jair Bolsonaro trata toda a esquerda e mesmo setores liberais como uma “amea�a comunista”. Na campanha eleitoral de 2022, teve nome e sobrenome: Luiz In�cio Lula da Silva. Continua sendo um divisor de �guas da pol�tica brasileira: 81% dos que afirmam que a gest�o Lula � “ruim ou p�ssima” concordam com o risco de comunismo. J� 71% dos que consideram o governo Lula “bom ou �timo” rejeitam a afirma��o.

A “amea�a comunista” � um tema recorrente na pol�tica brasileira, corroborado pela hist�ria do Brasil. Fundado por anarquistas, sob a lideran�a do jornalista e cr�tico liter�rio Astrojildo Pereira, o Partido Comunista surgiu em 1922. Colheu lideran�as da primeira grande onda de greves oper�rias no Brasil, que ocorreu em 1917, o “ano vermelho”, pois coincidiu com a Revolu��o Russa.

O Partido Comunista logo foi posto na ilegalidade. Em janeiro de 1927, reconquistou a legalidade, com a elei��o de Azevedo Lima para a C�mara de Deputados. Em agosto, foi posto novamente na ilegalidade, pela “Lei Celerada” (Decreto n° 5.221) do presidente Washington Lu�s. Com o trabalho assalariado e a crescente urbaniza��o, a quest�o social havia emergido nas grandes cidades e se tornara um caso de pol�cia.

Naufr�gio no passado


A lei limitava a atua��o da oposi��o ao governo e a direito de reuni�o, pois permitia ao governo fechar por tempo determinado os sindicatos, clubes ou sociedades que convocassem ou apoiassem publicamente greves ou protestos. Tamb�m proibia a propaganda destes temas e impedia a distribui��o de panfletos ou jornais que apoiassem ou incitassem greves e manifesta��es. A imprensa foi amorda�ada. Os sindicatos foram duramente reprimidos, trabalhadores estrangeiros socialistas e anarquistas foram deportados do pa�s.

Com a entrada no Partido Comunista do l�der tenentista Luiz Carlos Prestes, comandante da famosa coluna que leva seu nome e o do general Miguel Costa, o comunismo deixou de ser um fantasma. Com o levante comunista em quart�is do Rio de Janeiro, Recife e Natal, em novembro de 1935, durante a ditadura de Get�lio Vargas, passou a ser tratado como uma amea�a real. Com o fracasso da chamada Intentona Comunista, Prestes passou 9 anos na cadeia.

Entretanto, o fantasma voltou a rondar o Brasil em 1964, durante o governo Jo�o Goulart, que assumiu o poder com a ren�ncia de J�nio Quadros e prop�s um programa de reformas de base, entre as quais a agr�ria. Um discurso de Prestes na Associa��o Brasileira de Imprensa (ABI), no qual exagerava a influ�ncia comunista no governo, seria um dos pretextos para a destitui��o de Jango pelos militares, em mar�o de 1964.

No livro A Mente Naufragada, o cientista pol�tico norte-americano Mark Lilla explica que o esp�rito reacion�rio difere muito do conservador. Trata-se de invocar o passado para nele viver sem transforma��es, o que � muito diferente da atitude do conservador, que tem o passado e suas tradi��es como refer�ncia para agir no presente e construir o futuro.

Lilla conclui que a mente reacion�ria naufragou, “porque olha para os destro�os de um passado que lhe parece amea�ado, e luta para salv�-lo, porque n�o sabe conviver com as mudan�as”. Ironicamente, por�m, isso faz do reacionarismo um fen�meno “moderno” no mundo da globaliza��o e do multiculturalismo.
No Brasil, o grande porta-voz do pensamento reacion�rio � o ex-presidente Jair Bolsonaro, que n�o conseguiu se reeleger. Esgrime o fantasma do comunismo contra toda a esquerda, principalmente o PT, um partido de base oper�ria e social-democrata, que retroalimenta o fantasma do comunismo pela sua narrativa classista e, principalmente, devido �s boas rela��es com Cuba, Venezuela, Nicar�gua e, agora, a China.
 


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