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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Rumos cruzados na economia op�em Haddad e Roberto Campos, do BC

O ministro da Fazenda conquistou a confian�a do mercado, tem mais prest�gio do que o presidente do Banco Central


18/07/2023 04:00 - atualizado 18/07/2023 07:58
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O presidente do BC, Roberto Campos Neto, insiste em manter a taxa de juros alta, mesmo com queda da inflação
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, insiste em manter a taxa de juros alta, mesmo com queda da infla��o (foto: MARCOS OLIVEIRA/AG�NCIA SENADO)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a criticar a taxa de juros praticada pelo Banco Central, que est� em 13,75%. A queda de 2% na atividade econ�mica em maio, medida pelo �ndice de Atividade Econ�mica (IBC-Br) do Banco Central, confirmou as previs�es da equipe econ�mica e tende a politizar a discuss�o. A queda dp PIB j� promove nova fric��o entre o governo e o presidente do BC, Roberto Campos Neto. “Pr�via" do Produto Interno Bruto (PIB), o �ndice indica a evolu��o da economia brasileira, m�s a m�s. O debate sobre a taxa de juros ser� a “flor do recesso” do CoNgresso, porque o Comit� de Pol�tica Monet�ria do BC, composto pelo presidente e a diretoria da institui��o, somente se reunir� em agosto.

Para reduzir a infla��o ao centro da meta, com amplo apoio do mercado, neste semestre, Campos Neto manteve o arrocho no cr�dito, mas o rem�dio virou veneno. O PIB cresceu 2,9 % em rela��o a 2021. Seria muito maior sem o crescimento negativo trimestre. H� expectativa de que os juros sejam reduzidos, em raz�o da ata da �ltima reuni�o do Copom. A posse de dois novos diretores do Banco Centr�o, o funcion�rio de carreira A�lton Aquino e o ex-secret�rio do Minist�rio da Fazenda Gabriel Gal�polo, levar� o debate para dentro do banco. Haddad e Campos agora est�o em rota de colis�o, embora mantenham uma relacionamento politicamente elegante.

Ningu�m se surpreenda tamb�m com o presidente Luiz In�cio Lula da Silva, que deve chutar o balde ao voltar de Bruxelas. A queda na produ��o de 2%, considerada muito alta, estava escrita nas estrelas. A taxa Selic – a taxa de juros b�sica que norteia toda economia – come�ou 2022 num patamar razo�vel, mas ao longo dos meses foi subindo e chegou ao �pice depois das elei��es, apesar das cr�ticas de Lula. O Banco Central � independente, o governo n�o pode interferir na pol�tica monet�ria, mas ela precisa estar alinhada � pol�tica econ�mica e fiscal para o pa�s dar certo.

O fato � que o ministro Haddad fez o seu dever de casa. Articulou a aprova��o do novo arcabou�o fiscal e da reforma tribut�ria na C�mara. Em agosto, o Senado tamb�m far� sua parte. A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), ex-senadora, assumiu a lideran�a das negocia��es com os ex-colegas.

O Banco Central imp�e uma taxa alta de juros quando teme que possa haver infla��o, mas acontece que os reajustes est�o se dando pela infla��o passada e n�o a futura, ou seja, tende a cair mais. O que pode p�r tudo a perder � o Banco Central n�o afrouxar a pol�tica monet�ria. O impacto negativo no programa Desenrola, lan�ado ontem, para beneficiar at� 35 milh�es de inadimplentes neste ano, por exemplo, ser� inevit�vel, se n�o houver redu��o forte da Selic.

Roberto Campos Neto � um economista liberal ortodoxo, ligado ao ex-ministro da Fazenda Paulo Guedes, que segue o receitu�rio de que a recess�o � o melhor rem�dio para controlar a infla��o. Defende a eleva��o da taxa de juros para reduzir o consumo, porque assim as pessoas evitam fazer empr�stimos. Isso inibe o consumo e, com menor procura por bens, os pre�os tendem a cair, com a consequente redu��o do crescimento econ�mico. Acontece que os investimentos se retraem e os produtores passam aplicar os recursos nos t�tulos do governo, trocando a produ��o de bens pelo ganho financeiro imediato. Vira um c�rculo vicioso.

Fogueira acesa

Acontece que essa doutrina vem sendo questionada desder 2008, quando houve a crise financeira mundial. Muitos pa�ses t�m infla��o maior do que a do Brasil e praticam taxas de juros menores. O argumento do Banco Central para isso � o d�ficit p�blico, ou seja, que o governo arrecada menos do que gasta. Em 2022, o d�ficit nominal foi de 4,7% do PIB: um rombo R$ 460 bilh�es. Mas o grande vil�o s�o juros dos t�tulos p�blicos, que chegam a custar R$ 594 bilh�es para o governo. Se os juros ca�rem, o d�ficit tamb�m diminui. Para ter uma ideia do que isso significa, o programa Bolsa Fam�lia custar� R$ 151 bilh�es em 2023, para atender 84 milh�es de brasileiros em condi��es de vulnerabilidade, ou seja, quase 40% da popula��o. Em compensa��o, mantidos a atual taxa de juros e o n�vel de endividamento do pa�s, o custo dos t�tulos chegar� a R$ 700 bilh�es. Apenas 5 %% dos brasileiros, que t�m alguma aplica��o financeira, s�o beneficiados.

A pol�tica econ�mica e a pol�tica monet�ria reacender�o a fritura de Roberto Campos Neto, o segundo homem mais importante na economia brasileira. Houve invers�o de situa��o: por seu desempenho � frente do Minist�rio da Fazenda, Haddad conquistou a confian�a do mercado, hoje tem mais prest�gio do que o do presidente do Banco Central. Se n�o baixar os juros, Campos ser� carbonizado pelos pol�ticos. Embora n�o possa ser demitido pelo presidente Lula, pode ser afastado pelo Senado.

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