
A recupera��o da atividade econ�mica brasileira mostra sinais de continuar no in�cio do segundo semestre, com resultados provocados em parte pelos efeitos dos reajustes de pre�os, que, embora em defla��o em dois meses, ainda t�m forte componente da alta dos alimentos. Em julho, a receita real do setor de servi�os teve crescimento robusto de 1,1% sobre junho, enquanto as vendas do com�rcio registraram retra��o de 0,8%, no terceiro tombo seguido. O recuo no varejo ampliado, que inclui as vendas de ve�culos e material de constru��o, � de -0,7%. A produ��o da ind�stria registrou crescimento de 0,6% em igual compara��o. Como resultado desse movimento, o �ndice de Atividade Econ�mica do Banco Central (IBC-Br) registrou alta de 1,17% em rela��o a junho e de 3,87% em rela��o ao mesmo m�s do ano passado, superando as expectativas do mercado, de 0,30% e 2,60% respectivamente.
Na compara��o com julho do ano passado, o setor de servi�os, que responde por cerca de 60% do Produto Interno Bruto (PIB), cresceu 6,3%, enquanto as vendas do com�rcio tiveram queda de 5,2% no varejo restrito e de 6,8% no ampliado. A ind�stria registrou redu��o de 0,5%. Nos sete primeiros meses do ano, servi�os mostram crescimento de 8,5%, enquanto o com�rcio expandiu 0,4% e a ind�stria encolheu 2%. Ind�stria e com�rcio sentem os efeitos da infla��o e da eleva��o da taxa de juros, enquanto os servi�os se beneficiam da volta � normalidade no p�s-pandemia. As vendas dos supermercados recuaram 0,6%, indicando efeitos do avan�o dos pre�os, enquanto m�veis e eletrodom�sticos (-3%), ve�culos e autope�as (-2,7%) e material de constru��o, mais dependentes do cr�dito, sofreram os efeitos da alta de juros. Em julho, esses segmentos completaram tr�s meses seguidos de queda.
Os n�meros indicam uma recupera��o da atividade econ�mica ainda fr�gil e sem abranger todos os setores. Mesmo assim, o crescimento do PIB no segundo trimestre veio acima das previs�es, alavancado por R$ 90 bilh�es despejados na economia com a antecipa��o do 13º dos aposentados do INSS e a libera��o de saques do Fundo de Garantia do Tempo de Servi�o (FGTS). A continuidade da expans�o econ�mica no terceiro trimestre, que conta com R$ 41,2 bilh�es colocados em circula��o com a eleva��o do Aux�lio Brasil (ex-Bolsa-Fam�lia) de R$ 400 para R$ 600 e o pagamento de aux�lio a caminhoneiros e taxistas, mant�m a economia aquecida, favorecendo reajustes de pre�os. Com mais dinheiro em circula��o, o setor de servi�os � favorecido, enquanto o com�rcio sente os efeitos da alta de pre�os.
Essa recupera��o da economia � a senha para o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) do Banco Central atender �s expectativas do mercado financeiro e manter a taxa b�sica de juros (Selic) em 13,75%. A decis�o do BC interrompe o ciclo de alta, mas ocorre ap�s dois meses com defla��o, indicando que o Copom ainda busca assegurar o cumprimento da meta de infla��o em 2023 e 2024, uma vez que este ano, mesmo com o mercado reduzindo as proje��es da infla��o, dificilmente o teto da meta de 5% (a meta � de 3,5%) ser� alcan�ado. O BC n�o descarta voltar a subir os juros. Em rela��o a 2023, para uma meta de 3,25%, com teto de 4,75%, a expectativa do mercado � para um IPCA em 5,01%. J� em rela��o � meta de 3% em 2024 (teto de 4,50%), o esfor�o � para que a expectativa, hoje em 3,41%, recue para o centro da meta inflacion�ria.
Para o consultor econ�mico da Associa��o Nacional das Institui��es de Cr�dito, Financiamento e Investimento (Acrefi) Nicola Tingas, o Banco Central busca trazer as expectativas de 2023 para o teto da meta e as de 2024 para o centro da meta. Com isso, a previs�o � que os juros permane�am elevados por um per�odo maior de tempo. “Com o PIB subindo acima do esperado, o Banco Central vai esperar para ver o PIB potencial e verificar se a economia tem capacidade de crescer a um ritmo de 2% ou mais sem press�o inflacion�ria. A Selic vai ficar em 13,75% por um per�odo mais longo para fazer a converg�ncia da infla��o para o centro da meta em 2024”, afirma Tingas.