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Estado de Minas

Na terra prometida

Despreparados para enfrentar flagelos, estamos impacientes com um presente cheio de exclama��es que expressam um espanto sem fim


16/08/2020 04:00 - atualizado 12/08/2020 14:03


Depois de acompanhar os israelitas no �xodo pelo deserto, saindo da escravid�o do Egito em busca da Terra Prometida, hoje coloco o povo de Deus pisando o novo ch�o. Na fronteira, antes de morrer, Mois�s passa a lideran�a para Josu� e faz seu longo discurso, entre outras coisas se preocupando em como os israelitas v�o viver a liberdade.

Foram 40 anos, um dia atr�s do outro, longas noites entre tendas, fome, sede, medo. Na chegada, outra vez as �guas se abrem quando as plantas de seus p�s tocam o fundo do Rio Jord�o, fazendo parecer que a vida vai ser f�cil do lado de l�.
Mas n�o. 

Deus deu a terra para que vivam em paz e felicidade, dentro de leis muito bem explicadas. 

A responsabilidade pela terra � deles, de cada um, de seus filhos e das pr�ximas gera��es. Cessa de cair do c�u o man� que alimentava. Agora eles j� comem produtos da terra, como p�es �zimos e gr�os tostados. Mas existem povos vivendo ali, Jeric� est� trancada, e a tomada da cidade exige uma estrat�gia que inclui um ritual de sete voltas, sete dias, trombetas e gritos at� a vit�ria arrasadora.

Se no deserto eles chegaram a ter saudades das cebolas que comiam na escravid�o do Egito, agora � Josu� quem clama a Deus, diante dos primeiros desafios, porque Ele os deixou atravessar o Rio Jord�o - continuam sendo um povo de “cabe�a dura”.

E aqui encerro a caminhada por essa passagem da hist�ria sagrada que narra a posse pela terra, as dificuldades enfrentadas pelos israelitas, como foi �rduo andar com seus pr�prios p�s e pensar com suas pr�prias cabe�as, �s vezes tolos pensamentos, �s vezes com vontades desrespeitosas ao c�u, �s vezes com impaci�ncia na alma e um fr�gil cora��o.

Mas sempre fazendo a hist�ria acontecer, nunca desistindo e at� passando por momentos de pura poesia, como o dia em que o “sol parou no meio do c�u e n�o se apressou a descer pelo tempo de quase um dia” e a lua se deteve pelo vale para ajud�-los na vit�ria sobre o inimigo.  “Nem antes nem depois houve dia como aquele”.

Tantos milhares de anos nos separam, mas eu me lembro do �xodo pelo deserto e da Terra Prometida durante esses meses de caminhada pela pandemia. Como os israelitas, desde o princ�pio temos vivido na incerteza, no medo, na inseguran�a, no ser ou n�o ser do drama de Shakespeare, que � uma s�ntese mais que perfeita de nossas tantas d�vidas.

Com a estranha sensa��o de que nossa esperan�a se baseia numa nostalgia (“Quando a pandemia acabar eu vou voltar a fazer”). E ainda tendo que nos preparar para as incertezas que permanecer�o. Parece que do deserto sa�mos, mas a cada semana o “terra � vista” fica mais distante. Sempre temos um Rio Jord�o para atravessar.

Fome e desemprego crescendo, abre e fecha da economia, mudan�as de estrat�gia a todo momento, neg�cios reprogramados, adapta��es. Surgem as transforma��es na mobilidade mundial para garantir o bem-estar dos usu�rios enquanto torna-se imperativo ter agilidade e capacidade de se reinventar.

Os ciclos dos projetos que miravam um distante horizonte agora se voltam para dois, tr�s meses. O home office, que deu t�o certo, passa a se preocupar com a sobrecarga emocional dos funcion�rios que, dentro de casa, trabalham mais e ainda estudam e t�m de fazer atividades dom�sticas. 

Enfim, ao acordar dos enganos entramos no tempo das incertezas e das perguntas sem respostas. Despreparados para enfrentar flagelos, estamos impacientes com um presente cheio de exclama��es que expressam um espanto sem fim.

E, no entanto, o c�u tem mostrado um azul deslumbrante neste inverno, a lua cheia parece dominar todas as fases, como se l� do alto quisesse nos infundir �nimo e coragem.

A natureza faz o melhor que pode para nos mostrar que a cria��o do Pai continua perfeita. Mas, perdido num mundo de incertezas, o homem precisa das certezas que evoluir�o em luz, mais luz. E de onde vem esta certeza sen�o de Deus?

O convite � antigo: “Tire a sand�lia do p� porque o lugar em que pisas � sagrado”. Mois�s e Josu� tiraram. N�s crist�os chamamos isso de f�. � a f� que vai dar a certeza que buscamos h� longos quatro meses, vinte e oito dias e algumas horas.  

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