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Estado de Minas PADRE ALEXANDRE

Caminho do c�u

J� aconteceu h� tantos anos e uma hist�ria t�o linda continua come�ando no cair da noite, com as luzes se acendendo nas janelas das casas na estrada


12/09/2021 04:00 - atualizado 12/09/2021 07:39



Entardecer de 9 de fevereiro de 1818. Um pastorinho de 16 anos, Antoine Givre, que guardava as ovelhas nas Dombes,  not�vel regi�o francesa cercada por centena de lagos, teve um encontro estranho. Ia cair a noite. J� as luzes se acendiam nas janelas das casas, agrupadas a algumas centenas de metros, para al�m de um valado.

Do lado da estrada de Lyon, o rapaz ouviu um padre que avan�ava a grandes passadas de campon�s; ao seu lado, uma velha de touca na cabe�a; atr�s deles, uma carriola vacilante, carregada de fardos e de uma misturada de coisas, no meio das quais uma cama de madeira.

O padre saudou o pequeno e perguntou se estava longe a aldeia chamada Ars. Antoine indicou com a m�o o hum�limo povoado que j� se ocultava no crep�sculo. “Como � pequeno!”, murmurou o padre, que se ajoelhou e rezou.

Ao levantar-se, olhou para o rapaz e disse: “Tu mostraste-me o caminho de Ars. Um dia hei de mostrar-te o caminho do c�u”, e retomou a marcha. A capelania de Ars-en-Dombes, que n�o tinha mais de 200 almas, recebia o seu novo encarregado: Jean-Marie Vianney.
 
Quando Jean-Marie chegou, Ars n�o passava da mais morna das comunidades. “L�, n�o gostavam muito de Deus.” Logo que viram como vivia o novo cura, os paroquianos compreenderam que alguma coisa tinha mudado. Come�ou por mandar restituir ao castelo os m�veis confort�veis que a piedosa madame des Garets tinha emprestado ao presbit�rio. Depois, cuidou de restaurar a igreja, que estava caindo aos peda�os, fazendo por suas pr�prias m�os “o trabalho dom�stico de Deus”.

Pouco a pouco, a par�quia transformou-se. Homens, mulheres, crian�as foram agrupados em confrarias ou obras. Abriu-se uma escola gratuita, a Casa da Provid�ncia, para as meninas, incluindo as �rf�s, as abandonadas, as desafortunadas. Os maus h�bitos, como o do baile e da taberna, contra os quais o padre era severo, foram desaparecendo da par�quia.

Para n�o o desgostarem, os mo�os e mo�as menos recatados refreavam o comportamento. “O respeito humano voltou-se do avesso”, e passou a ser t�o vergonhoso ser apanhado em uma bebedeira como o era, antes, n�o beber com os amigos. A igreja encheu-se com as gentes dos arredores.

Do confession�rio seu nome transbordou dos estreitos limites Ars-en-Dombes para aldeias e cidades vizi- nhas. Muitos iam para a par�quia de Ars com um s� objetivo: ver o cura e confessar-se com ele. Nos �ltimos tempos de vida, eram mais de 200 por dia, mais de 80 mil por ano.

Entre os relatos de suas experi�ncias no confession�rio, havia um homem que relutou em confessar porque tinha medo da penit�ncia que receberia. Mas um dia tomou coragem e foi. E eis que este lhe deu uma penit�ncia suave. O penitente estranhou e perguntou: “S� isso?”. Jean-Marie respondeu: “Eu queria lhe dar uma penit�ncia pesada, mas pode ser que voc� n�o a cumpra, ent�o deixa que eu a cumprirei para voc�”.

A fama de seus dons e de sua santidade correu entre os fi�is de todas as partes da Europa. O cura chegava a ficar 15 horas por dia dentro do confession�rio. Mesmo que para isso tivessem de esperar horas ou dias inteiros. E o local tornou-se um centro de peregrina��es em n�vel internacional. Foi necess�ria a cria��o de um sistema de transporte entre Lyon e Ars, pois os peregrinos atingiam um n�mero cada vez maior, que s� aumentava nos anos seguintes.

Quando chegou, ningu�m veio receb�-lo; quando morreu, a cidade tinha crescido e multid�es de peregrinos o acompanharam � �ltima morada. A Igreja, que receara faz�-lo sacerdote, curvou-se � sua santidade. Jean-Marie Vianney foi canonizado em 1925 e declarado padroeiro de todos os sacerdotes do mundo em 1929.

J� aconteceu h� tantos anos e uma hist�ria t�o linda continua come�ando no cair da noite com as luzes se acendendo nas janelas das casas na estrada do povoado de Ars. E antes de terminar a hist�ria com 100 mil pessoas vindo se despedir de um santo, vamos a um fim que nunca ter� fim porque sempre haver� algu�m esperando quem lhe mostre a via do caminho,  enquanto todos esperam o Senhor que vai lhe mostrar o caminho do c�u.

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