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Estado de Minas

Economia Donut: um modelo para a reconstru��o do mundo p�s-COVID-19

A proposta da economista Kate Raworth � um sistema no qual as necessidades de todos ser�o satisfeitas sem esgotar os recursos do planeta


18/04/2020 04:00 - atualizado 18/04/2020 07:23

(foto: Editora Zahar/Divulgação)
(foto: Editora Zahar/Divulga��o)

O termo “economia donut” foi cunhado pela economista brit�nica Kate Raworth (foto) em livro de mesmo nome, lan�ado em 2017 e traduzido no Brasil pela editora Zahar no ano passado. O conceito vem ganhando for�a nos debates sobre a reconstru��o do mundo p�s-COVID-19 e, na �ltima semana, foi alvo de refletores quando as autoridades da capital holandesa, Amsterd�, anunciaram oficialmente que implementar�o transforma��es a partir desse novo modelo econ�mico, de prosperidade em equil�brio com o planeta. E que Raworth, hoje professora do Instituto da Mudan�a Ambiental da Universidade de Oxford, faz parte da equipe.

Para ela, a crise financeira permanente, a desigualdade extrema na distribui��o da riqueza e a press�o implac�vel sobre o meio ambiente selam que o sistema econ�mico que rege as vidas no mundo est� falido. A resposta seria uma dr�stica mudan�a de paradigma, que rompe com o mito do “homem econ�mico racional” (homo oeconomicus) � obsess�o pelo crescimento ilimitado e ganho individual a qualquer custo. Sua proposta � um sistema no qual as necessidades de todos ser�o satisfeitas sem esgotar os recursos do planeta.

(foto: Editora Zahar/Divulgação)
(foto: Editora Zahar/Divulga��o)

Nesse contexto, a curva de crescimento infinito do Produto Interno Bruto (PIB) � trocada por um c�rculo. Para ilustrar esse ponto de equil�brio, Raworth apresenta o seu ic�nico desenho de “donut” – a cl�ssica rosquinha, com seus limites internos e externos � atividade humana, buscando apontar os caminhos para permanecer no espa�o do meio, seguro para a prosperidade.

No anel interno est�o o acesso a �gua pot�vel, alimenta��o, moradia, sa�de, educa��o, renda, igualdade de g�nero, justi�a, voz pol�tica – � o m�nimo necess�rio para levar uma “vida boa”, derivada dos objetivos de desenvolvimento sustent�vel da ONU e acordada pelos l�deres mundiais de todas as faixas pol�ticas. Qualquer pessoa que n�o atinja esses padr�es m�nimos est� vivendo no buraco da massa.

O anel externo da rosquinha, para onde v�o os granulados, representa o teto ecol�gico tra�ado pelos cientistas em rela��o ao planeta. Ele destaca os limites atrav�s dos quais a esp�cie humana n�o deve ir para evitar danos ao clima, solos, oceanos, camada de oz�nio, �gua doce e biodiversidade abundante. Para Kate, a economia ter� de se tornar regenerativa e circular, tendo um efeito positivo sobre as sociedades e o ambiente.

Entre os dois an�is est� o ideal: a massa, onde as necessidades de todos e as do planeta est�o sendo atendidas. “Uma economia saud�vel deve ser criada para prosperar, n�o crescer. Nada na natureza cresce para sempre”, diz a inglesa.

(foto: Editora Zahar/Divulgação)
(foto: Editora Zahar/Divulga��o)

Nesse contexto, perde sentido o modo cl�ssico como o desempenho econ�mico � medido, seja por meio do PIB ou crescimento da renda nacional. Importante ponderar que n�o haveria um �nico �ndice substituto, mas sim uma gama de indicadores sociais e ambientais, para al�m dos econ�micos, a exemplo de m�tricas referentes a estabilidade do clima, sa�de dos solos, acesso � �gua pot�vel, sa�de das pessoas, educa��o, habita��o e distribui��o de renda.

Para Kate, a economia cometeu um erro ao se tornar t�o matem�tica. “Foi anos anos 1870, quando queriam fazer da economia uma ci�ncia, imitando a f�sica newtoniana: assim como um p�ndulo � levado ao repouso pela gravidade, os mercados s�o levados ao equil�brio pelos pre�os. � uma m� analogia. A economia � uma rela��o entre seres humanos, n�o cabe numa equa��o”.

O progresso est� no equil�brio e n�o no crescimento – essa corre��o de rota “buga” o modelo mental de lideran�as, empres�rios e cidad�os brasileiros.

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