
Na esteira da elei��o de Franklin Roosevelt, em 1932, foi eleita uma vasta maioria de membros do Partido Democrata para o Senado e a C�mara dos Deputados dos EUA. A primeira elei��o ap�s a morte de Roosevelt, que governou 12 anos com maioria democrata, resultou em maiorias do Partido Republicano nas duas casas do Congresso.
Foi um curto respiro dos republicanos no Legislativo nacional, pois passados dois anos a hegemonia democrata no Capit�lio, � exce��o de poucos anos na d�cada de 1950, seria mantida at� 1980.
De 1933 a 1980, republicanos s� tiveram maioria firme no Senado por quatro anos. Na C�mara dos Deputados, foram s� quatro anos entre 1931 e 1994. Somente em 1995, republicanos teriam a maioria nas duas casas do Congresso.
Para um pa�s que se organiza em torno de apenas dois partidos, o predom�nio congressual dos democratas foi resultado de uma grande coaliz�o mantida sob os ideais do New Deal, a pol�tica de recupera��o econ�mica formulada por F. Roosevelt.
Para um pa�s que se organiza em torno de apenas dois partidos, o predom�nio congressual dos democratas foi resultado de uma grande coaliz�o mantida sob os ideais do New Deal, a pol�tica de recupera��o econ�mica formulada por F. Roosevelt.
Os republicanos voltaram a ser maioria no Senado na mesma elei��o em que Jimmy Carter perdeu para Ronald Reagan. Uma grande parte do que ocorreu na elei��o de 1980 foi o in�cio do colapso da hegemonia dos valores do New Deal, que estavam exauridos. Entretanto, o que contou pra valer foi o fato de que a elei��o transcorreu com 52 americanos feitos ref�ns na embaixada americana em Teer�. E conta at� hoje.
Desde antes de Trump chegar ao poder, o pa�s para o qual o Pent�gono p�s-guerra fria reserva mais horas de prepara��o para invadir � o Ir�. De todos os conflitos do mundo, � o que mistura sonhos e pesadelos dessa gera��o que duvidou dos rumos americanos em 1980.
N�o � � toa que o recente assassinato no Iraque, comandado por controle remoto, do general iraniano foi decidido no contexto de uma rea��o abrupta � aparente amea�a de invas�o da embaixada americana em Bagd� por volta da virada deste ano. Ao lado dos EUA, o Ir� � o pa�s que mais tem influ�ncia no Iraque.
Tocou fundo em Trump os ecos de 1979 ao se sentir sob a possibilidade de parecer “fraco” como Carter. Pesou a m�o e deu vaz�o �s for�as que querem mudan�a radical no Ir�.
Tocou fundo em Trump os ecos de 1979 ao se sentir sob a possibilidade de parecer “fraco” como Carter. Pesou a m�o e deu vaz�o �s for�as que querem mudan�a radical no Ir�.
Apesar de ter que dizer oficialmente que “n�o intenciona for�ar mudan�a de regime em Teer�”, para n�o se complicar mais desde que a C�mara dos Deputados aprovou seu impeachment, for�ar a mudan�a de regime atrav�s da intensifica��o continuada das san��es ao Ir� � exatamente o que est� sendo feito. E tudo meticulosamente misturado aos preparativos para as elei��es presidenciais deste ano.
A aposta � muito arriscada. E envolveu na semana passada, como reporta o Washington Post, uma “extors�o” para cima das pot�ncias europeias que se viram obrigadas a acionar o mecanismo de disputa do tratado nuclear com o Ir� sob amea�a de ter seus autom�veis tarifados por Washington.
Extors�o ou n�o, o fato � que o aumento das san��es encurrala ainda mais o regime iraniano. � quase que for�ar uma escalada de um regime j� afeito � viol�ncia, mais ainda contra seu pr�prio povo. Desde dezembro de 2017, protestos no pa�s est�o sendo reprimidos com brutalidade, pris�es e mortes.
Extors�o ou n�o, o fato � que o aumento das san��es encurrala ainda mais o regime iraniano. � quase que for�ar uma escalada de um regime j� afeito � viol�ncia, mais ainda contra seu pr�prio povo. Desde dezembro de 2017, protestos no pa�s est�o sendo reprimidos com brutalidade, pris�es e mortes.
Ap�s o bal�o de ensaio lan�ado com o assassinato do general iraniano, a aprova��o de Trump subiu. Ou anulou a queda sofrida desde o in�cio do processo de impeachment.
Assim como a crise em torno do antiamericanismo da Revolu��o Iraniana pavimentou a forma��o de um Senado republicano nos anos 1980, a volta dos republicanos ao comando da C�mara depois de d�cadas foi liderada pelo radical Newt Gingrich, que orquestrou o impeachment de Bill Clinton.
De toda forma, de 1995 a 2020, a estrat�gia aberta por Gingrich funcionou e os democratas s� tiveram maioria na C�mara por cinco anos, incluindo o bi�nio iniciado ano passado. Naquilo que n�o tem de �nico, Trump � o reflexo de uma coaliz�o ainda amorfa entre conceitos dos anos 1980 de Reagan com o modus operandi de Gingrich. Como escrito aqui em novembro de 2018, dada a forma como foi feito o impeachment, o Senado republicano n�o falhar� com Trump.
Al�m disso, depois do espet�culo que foi o impeachment de Clinton s� para ser barrado no Senado, h� uma impaci�ncia do p�blico americano com o que acabou sendo percebido como uma insincera arma��o, dessa vez democrata, que n�o dar� em nada por conta da maioria destsa vez do outro partido.
Trump ainda tem a carta da mobiliza��o nacional contra o Ir� para jogar mais pr�ximo da elei��o, se necess�rio. A cultura norte-americana aceita a ideia de que ser um exportador de problemas traz dividendos no curto prazo para presidentes dos EUA.
Vamos mais uma vez dar raz�o ao veredito: ser inofensivo nunca foi um atributo humano.
(Com Henrique Delgado)