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Estado de Minas COLUNA DO PAULO DELGADO

Da nega��o da pandemia � dificuldade de contar os atingidos

Paulo Delgado aborda em sua coluna os estragos decorrentes da pandemia da COVID-19 e os abalos pelo mundo


postado em 12/04/2020 04:00 / atualizado em 11/04/2020 22:16

Nova York, capital simbólica do mundo contemporâneo e sede das Nações Unidas, é também o centro da má onda que assola o mundo(foto: Spencer Platt/AFP)
Nova York, capital simb�lica do mundo contempor�neo e sede das Na��es Unidas, � tamb�m o centro da m� onda que assola o mundo (foto: Spencer Platt/AFP)


Chegamos � Semana Santa com mais de cem mil mortes decorrentes da COVID-19 mundo afora. Os Estados Unidos com o maior n�mero de v�timas e Nova York, capital simb�lica do mundo contempor�neo e sede das Na��es Unidas, o centro da m� onda que nos assola.  Em seu A Peste, Albert Camus reflete sobre os est�gios psicol�gicos e pr�ticos que v�o da nega��o da pandemia � dificuldade de contar os atingidos.

Se os EUA s�o o pa�s com mais casos, a Uni�o Europeia � a regi�o do mundo com maior incid�ncia da COVID-19. J� s�o mais de 60 mil mortes na Europa Ocidental, como It�lia, Fran�a, Espanha, Holanda e B�lgica.

Ap�s um grande jogo de empurra, a UE chegou mais perto de um primeiro pacote significativo de 500 bilh�es de euros. Acertado em encontro virtual do Eurogrupo, que re�ne os ministros da economia dos 19 pa�ses da UE que t�m o euro como moeda, o pacote est� longe de ser suficiente, mas foi celebrado como um sinal de que talvez em 2020 n�o se repita a ina��o de 2008, durante crise financeira da �poca.

Ele se soma aos 750 bilh�es de euros anunciados pelo Banco Central Europeu em mar�o. Entre medidas fiscais e monet�rias, a aposta � de que m�ltiplos instrumentos s�o necess�rios para atenuar os problemas causados pela brusca e sincronizada queda da atividade econ�mica. A grande linha de discuss�o � sobre o n�vel de clareza que os instrumentos adotados ter�o sobre o nexo entre arrecada��o e gasto. Muitos l�deres t�m medo de apostar na clareza, mas a falta de clareza � o que alimenta confus�es dos que apostam no enfraquecimento da uni�o.

Para unificar a Alemanha no s�culo 19, Otto von Bismarck se fiou precisamente em pol�ticas de seguridade e bem-estar sociais at� ent�o in�ditas. Para muitos, a real unifica��o da Europa estaria a uma crise distante (essa?), mas faltam l�deres com o g�nio de Bismarck e sobram governantes do twitter que confundem conservadorismo com falta de grandeza humana.

A integra��o europeia nunca conseguiu afastar de fato o espectro da crise financeira, cujos efeitos dominaram os movimentos pol�ticos e sociais da d�cada passada. A COVID-19 � um teste enorme para o euro e para a UE. Ou a Europa arruma uma nova grande vis�o para si, ou vai se despeda�ar em frangalhos que desonrar�o todo o esfor�o feito nas �ltimas d�cadas para trazer � regi�o uma vida integrada e fundada nos seculares valores greco-romanos, com respeito a f�, a ci�ncia e a democracia.

A Uni�o Europeia – e dentro dela seu n�cleo duro, que � a Zona do Euro – � resultado de um conjunto de medidas vision�rias que trouxeram paz e prosperidade a uma regi�o onde historicamente imperava o conflito e a desconfian�a generalizada.

Se nos anos seguintes a 2008 ficou claro que uni�o monet�ria sem uni�o fiscal poderia vir a ser o novo ovo da serpente na hist�ria europeia, o contexto de perdas e gastos extraordin�rios em uma pandemia testar� isso numa forma que vai muito al�m.

� evidente que a paralisa��o econ�mica obriga � realoca��o de recursos de uma forma ao mesmo tempo mais produtiva e sustent�vel. Todavia, tanto liberais quanto conservadores sabem que raz�es de Estado precisam estar focadas em medidas de prote��o do tecido socioecon�mico enquanto se confronta a pandemia. Depois, quando for poss�vel reiniciar o funcionamento econ�mico, faz�-lo a todo vapor e com o apoio do tesouro p�blico. Quem est� inventando desculpa agora para desproteger o cidad�o � porque na verdade nunca se interessou muito por um cidad�o em desespero.  O FMI prev� que 170 pa�ses tenham retra��o econ�mica em 2020 e enfatiza a necessidade de “prote��o �s pessoas e firmas afetadas, com medidas fiscais e financeiras amplas, �geis e direcionadas”.

O euro foi criado com a melhor das inten��es, mas nasceu com um v�cio de origem. Sabe-se desde o in�cio que a �nica forma de se reequilibrar a economia da Europa seria promovendo uma uni�o fiscal que garantisse recursos para pa�ses em �pocas de vacas magras e impedisse que gastassem al�m da conta nos tempos de euforia. Posicionados na metade do caminho, ficam � merc� de instabilidade, porque cada pa�s nem tem todas as ferramentas que um pa�s comum tem a seu dispor para lidar com crises dessa natureza, nem t�m uma estrutura fiscal superior (plurinacional nesse caso) para garantir certos padr�es m�nimos.

O Brasil, unido, teria todos os instrumentos para atravessar a crise global em posi��o privilegiada. Sairia dessa com capacidade de melhorar a vida do povo e contribuiria para um melhor equil�brio econ�mico. Bastaria ter harmonia de iniciativas oficiais e o governo praticar a m�nima ideia moral de defender toda e qualquer vida humana. Boa P�scoa para todos.

* Paulo Delgado, soci�logo
(Com Henrique Delgado)

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