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Disputa pela supremacia do 5G pode criar cinco polos de poder tecnol�gico no mundo

As tens�es entre EUA, China, Uni�o Europeia, R�ssia e �ndia indicam que o mundo n�o confia no mundo


19/07/2020 04:00

O governo do Reino Unido informou que modificou sua decisão de permitir a participação da chinesa Huawei em até 35% do 5G britânico(foto: Nicolas Asfouri/AFP)
O governo do Reino Unido informou que modificou sua decis�o de permitir a participa��o da chinesa Huawei em at� 35% do 5G brit�nico (foto: Nicolas Asfouri/AFP)

 
� dif�cil ter clareza sobre como o sistema de vigil�ncia e intelig�ncia das na��es est� dando as cartas no mundo. De forma paulatina e combinada, as tens�es entre EUA, China, Uni�o Europeia, R�ssia e �ndia indicam que o mundo n�o confia no mundo. Tudo leva a crer que cinco polos de poder tecnol�gico est�o sendo criados entre as na��es objetivas. Restaria aos distra�dos entrar nos cercadinhos dos cinco, ou fingir que est�o fazendo cercadinho pr�prio.
 
Em Luxemburgo, na quinta-feira, a Corte de Justi�a da Uni�o Europeia barrou a possibilidade de se continuar com a linha aberta da transfer�ncia de dados via internet para os Estados Unidos. A justificativa da corte � de que cidad�os e neg�cios europeus n�o podem estar sujeitos � espionagem irrestrita e ao uso de seus dados para ganhos pol�ticos e econ�micos ilimitados pelos EUA.
 
Em Londres, na ter�a-feira, o governo brit�nico informou que modificou sua decis�o de permitir a participa��o da chinesa Huawei em at� 35% do 5G brit�nico. Disse que, a partir do ano que vem, a participa��o da empresa chinesa dever� caminhar para zero. Em linhas gerais, o Reino Unido se coloca embaixo do guarda-chuva estadunidense, que afirma que a chinesa busca colocar seus usu�rios sujeitos � espionagem irrestrita e ao uso de seus dados para ganhos pol�ticos e econ�micos ilimitados da China.
 
O movimento europeu � mais um na dire��o de proteger e garantir seu sucesso econ�mico nos pr�ximos anos e d�cadas. A l�gica � simples: n�o quer ser colonizada digitalmente daqui a uns anos nem pelos EUA, nem pela China, nem por ningu�m.
 
J� o movimento brit�nico � o estertor de um guerreiro vencido e da admiss�o p�blica de que � s�cio menor na Alian�a Cinco Olhos, m�quina de vigil�ncia mundial de certos pa�ses de l�ngua inglesa liderada pelos EUA. O timing da decis�o brit�nica, entretanto, coincide com o calend�rio eleitoral nos EUA, dando-lhe paz para poder mudar de rumo se Trump perder por assustar demais. D�-lhes tamb�m um pequeno trunfo para melhor negociar a nova situa��o de Hong Kong com os chineses. Afinal, at� hoje, a maior parte da moeda f�sica do sofisticado centro financeiro � emitida por dois bancos ingleses (HSBC e Standard Chartered).
 
A ideia do desacoplamento da China ganha corpo nos EUA e entusiasma republicanos e democratas mais afeitos � briga interna e n�o a um mundo melhor. A in�pcia da estrat�gia � que ela n�o beneficia a democracia. Beneficia mais o autoritarismo em geral e aos governos en�rgicos de Pequim e Moscou, dois outros polos da inseguran�a digital mundial.
 
Numa tentativa de salvar a face, o governo Johnson anuncia a ideia de montar uma rede de democracias para investir em 5G e futuras tecnologias de telecomunica��o m�vel. Dos 10 pa�ses que o Reino Unido quer colocar no clube com os EUA – para ver se dilui o voluntarismo cowboy estadunidense – est�o l� �ndia e Coreia do Sul, mas n�o o Brasil, perdido na falta de tecnologia e na diplomacia perdida que pratica. A �ndia j� mandou dizer que � polo pr�prio, vai criar sozinha seu olhar digital.
 
No campo da pol�tica industrial, a raz�o t�cnica dada por Londres para mudar sua decis�o sobre a Huawei refere-se especificamente ao fato de que os EUA estenderam as san��es que visam sufocar a empresa chinesa ao proibir que compre semicondutores da empresa taiwanesa TSMC. A taiwanesa logo concordou em investir 12 bilh�es de d�lares no Arizona. A cadeia de produ��o de tecnologias como o 5G tem nesses semicondutores um gargalo vital. A jogada americana sinaliza que quem quiser ser aut�nomo no mundo tem que correr atr�s de ter suas pr�prias fundi��es de semicondutores – mais ou menos como ter suas pr�prias sider�rgicas era fundamental oito d�cadas atr�s. E abandona Taiwan no jogo da competi��o geopol�tica com a China. Ou seja, Trump � amigo da on�a, n�o de Taip�.
 
Assim como foi um erro da comunidade internacional permitir que Taiwan ocupasse o assento chin�s do Conselho de Seguran�a da ONU at� 1971, � um absurdo a China querer reincorporar Taiwan � for�a. N�o haveria nada de errado em Pequim querer reconquistar Formosa, convencendo a ilha de que s�o melhores juntos. Mas � a parte menos poderosa que tem que decidir, n�o a mais forte que deve impor. E hoje o povo de Taiwan quer seguir sendo independente.
 
Todavia, l�deres pol�ticos e institui��es de pa�ses mais poderosos t�m abusado de seu poder para cima de pa�ses mais fr�geis ou malgovernados. Por isso, a decis�o da corte de Luxemburgo foi um recado altaneiro. A Europa mostra que � velha, mas n�o trouxa.
 
Se a China invadir Taiwan, � dif�cil que os EUA impe�am. A �sia n�o � mais periferia compartimentaliz�vel. Assim como em Hong Kong, o m�ximo que se far� � negociar esp�lio. (Com Henrique Delgado)

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