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Estado de Minas

O contrassenso de Trump coloca o mundo na torcida por Joe Biden

A volatilidade que caracteriza esses tempos de especial incerteza far� parte da elei��o presidencial norte-americana


16/08/2020 04:00 - atualizado 16/08/2020 08:14

O democrata Joe Biden aparece na frente nas pesquisas e sua campanha aposta que se ele não errar leva a eleição(foto: Drew Angerer/AFP)
O democrata Joe Biden aparece na frente nas pesquisas e sua campanha aposta que se ele n�o errar leva a elei��o (foto: Drew Angerer/AFP)


Com Henrique Delgado

O consenso das pesquisas de opini�o e a torcida dos principais ve�culos de informa��o do mundo � de que os EUA ter�o um novo presidente em 2021. Inegavelmente Trump tornou-se o contrassenso. Entretanto, o caminho daqui at� o dia 3 de novembro est� longe de ser transcorrido em condi��es normais. A volatilidade que caracteriza esses tempos de especial incerteza far� parte da elei��o.
A campanha de Joe Biden, ex-vice presidente de Obama, aposta que basta ele n�o errar para levar a elei��o. O misto de confian�a no favoritismo e inseguran�a quanto � capacidade de formular uma mensagem inspiradora faz com que muitos ao redor de Biden proponham que ele nem participe de debates. N�o parece ser a melhor estrat�gia para um pa�s orgulhoso de seu destemor e sua combatividade.

Uma combatividade que perdeu o norte nas �ltimas d�cadas, colocando o pa�s em lutas ingl�rias que esfarelaram v�rios aspectos do vitorioso contrato social americano para boa parte de sua popula��o. O pa�s mordeu a fruta envenenada da polariza��o e passou a discutir com conceitos da velha pol�tica esquerda-direita. Ningu�m lidera mais o mundo desse jeito. N�o h� sabedoria em querer ser esperto demais. Ensimesmado e envelhecido o orgulhoso Estados Unidos aguarda um reavivamento de sua lideran�a, mas a busca nos locais errados. � uma pena porque um EUA jovial, criativo e generoso faz falta ao mundo. (O mesmo ali�s serve para o Brasil, um jogador, que prefere a inconsist�ncia dos instintos das suas multid�es). Do Jap�o � Portugal, o velho mundo precavido tem mais dificuldade em agregar ideias. S� s�o melhores em perceber os caminhos que d�o errado. E por isso est�o preocupados com o que se passa na cabe�a dos EUA.

Sendo assim, n�o � bom sinal a campanha de Biden apostar que basta manter em banho-maria que o povo, cansado da forma dram�tica de governar dos anos Trump, mandar� cartas com votos contra ele. Faz todo sentido que se aposte nesse movimento, mas falta uma vis�o que explique e entusiasme construtivamente.

Por outro lado, o atual presidente det�m tanto o voto mais entusiasmado quanto o voto mais envergonhado desta elei��o. Todo mundo que faz pesquisa de opini�o na Fran�a sabe que a declara��o de inten��o de voto na xen�foba fam�lia Le Pen est� sempre aqu�m dos votos que realmente acabam recebendo nas elei��es. Foi assim, de surpresa, que o Jean-Marie aposentou o Lionel Jospin em 2002. A mesma cautela deve ser tomada com rela��o a Trump nos EUA.
Assim como Hillary Clinton em 2016, Biden � o favorito em 2020. Tanto as pesquisas quanto a situa��o objetiva do pa�s indicam que Trump perca de lavada. Todavia, h� algo cada vez mais estranho nos processos eleitorais dos �ltimos 10 anos.

O que se ouve do americano m�dio � que, gostem ou n�o, apesar de ser muito autocentrado e de ter pavio curto, Trump � sincero e fala o que muita gente pensa. Como muita gente tem vergonha do que pensa – e � bom que seja assim, afinal a civiliza��o necessita de uma boa dose de autocontrole – Trump � um canalizador de votos envergonhados. Mas h� tamb�m um crescente desavergonhamento a respeito de ideias radicais. O qual, ali�s, caminha como confronto ao radicalismo do politicamente correto. Falar abobrinha e se guiar por pensamento m�gico virou virtude que sensibiliza muitos num contexto em que o moralismo saiu do controle e busca, n�o a �tica, mas multid�es ocasionais com expectativas de comportamento majorit�rio. Para cada Rambo surge um Guevara e a improv�vel s�ntese entre ambos personagens s�o as que atraem o cidad�o que quer participar de luta que n�o � a sua.

Os EUA est�o entrando numa espiral de pol�tica fratricida dif�cil de sair. Mas n�o deixa de ser interessante que esteja se assemelhando cada vez mais com a pol�tica brasileira. S�o disputas in�cuas de poder entre grupos que n�o t�m vis�o de pa�s e de mundo. S� tem uma explica��o: a bizarrice de gente importante sempre atraiu a sentimentalidade das pessoas comuns.
N�o resta d�vida, contudo, de que Biden tem muito mais consist�ncia do que o grupo que em torno de Trump lidera os EUA. Em termos de pol�tica internacional, a manuten��o de Trump alteraria de vez a arquitetura institucional multilateral criada para conv�vio entre as na��es estabelecida ap�s a Segunda Guerra.

Apesar de n�o se ter clareza do que viria em substitui��o – afinal, a ideologia do trumpismo � de desconstru��o, pouco afeita ao trabalho de informar o que ser� colocado no lugar – o que fica no horizonte � a exc�ntrica vis�o de l�deres totais como Putin, Xi e Trump. Se for essa a trinca � frente do mundo at� 2025, esperem uma sa�da de prumo confrontada com ainda mais excentricidade.

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