(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas Paulo Delgado

N�o h� um monstro polic�falo Xi Jinping, nem um super-her�i Donald Trump

Se continuarmos errando na linguagem e na a��o diplom�tica em rela��o aos EUA e � China seremos um poder declinante


13/09/2020 04:00

Líder chinês, Xi Jinping, e o presidente norte-americano, Donald Trump(foto: Dan Kitwood/AFP e Nicholas Kamm/AFP )
L�der chin�s, Xi Jinping, e o presidente norte-americano, Donald Trump (foto: Dan Kitwood/AFP e Nicholas Kamm/AFP )
N�o devemos ficar nem indiferentes nem a merc� do destino dos dois. A China n�o � novidade, � antiguidade. Os EUA destroem a pr�pria obra quando atacam o edif�cio multilateral constru�do no p�s-guerra. A mentira eleitoral de Trump sobre a rela��o com a China n�o altera a realidade. Foram as cadeias produtivas, estimuladas pelos EUA, que fizeram a China mais barata. Hoje se arrependem, pois globaliza��o � sin�nimo de �sia, protecionismo, Am�rica.

Assim, em linguagem direta e informada, dois dos mais prestigiados embaixadores do Brasil em tempos recentes alertam o pa�s para a vastid�o das extens�es presentes e suas consequ�ncias futuras no cen�rio internacional.

Se continuarmos errando na linguagem e na a��o diplom�tica em rela��o aos EUA e � China seremos um poder declinante. As opini�es foram expressas em videoconfer�ncia organizada pelo Conselho de Economia e Pol�tica da Fecomercio de S�o Paulo.

Do debate podemos concluir que nem h� um monstro polic�falo chamado Xi Jinping, nem um super-her�i chamado Donald Trump. H� disputa pelo mercado das na��es. E a nova energia mundial que alimenta a briga vem armazenada em chips.

 Para Rubem Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Londres e Washington, e Marcos Azambuja em Paris e Buenos Aires, ao abandonar sua voca��o hist�rica de neutralidade o Brasil colocou as convic��es ideol�gicas do governo em rota de colis�o com seus interesses econ�micos.

Se outra forma de relacionamento com as duas superpot�ncias n�o se impuser, a diplomacia capota. “N�o podemos tomar partido na disputa entre EUA e China para ter nossa identidade mantida. Os pa�ses n�o t�m amigos, t�m interesses. A agenda de costumes e a a quest�o ambiental nos fizeram ficar isolados em organismos internacionais, ao lado de pa�ses conservadores. H� um crescente desprest�gio do Brasil”, afirmou Rubem Barbosa.

Enquanto Marcos Azambuja aponta para o fato de que “a ingenuidade � um pecado grave em diplomacia. Especialmente acreditar que uma disposi��o amistosa, al�m do interesse nacional, far� os pa�ses agirem de maneira ben�vola ou n�o, de acordo com as simpatias pessoais”.

Na an�lise dos dois embaixadores, desde os anos 1990 os Estados Unidos isolaram-se soberanos numa posi��o predominante sem contrastes como a maior pot�ncia mundial. E seguiram exercendo forte influ�ncia direta e indireta sobre o mundo.

Nos �ltimos anos, isso vem mudando. E para muitos continua um poder imenso, mas declinante. A China foi se tornando uma pot�ncia no cen�rio mundial como for�a que desafia a hegemonia norte-americana.

Os embaixadores consideram uma ironia dizer que a China � pa�s emergente. A China � antiga, com seus quatro mil anos de hist�ria. Precisaram de apenas duas d�cadas para reconfigurarem o com�rcio internacional, passando a ser os principais parceiros para muitos pa�ses, at� mesmo os EUA.

Azambuja assegura que o jogo est� apenas come�ando. Intelig�ncia, ast�cia e realismo elevam o patamar de acerto, mas ele somente chega ao m�ximo com boa diplomacia. E boa diplomacia � navegar com prud�ncia para manter a rota sem encalhar o barco.

Os EUA s�o bons de identificar desafios, mas foram surpreendidos com uma China competitiva, cercada de intelig�ncia artificial e alta tecnologia. Quando os jovens baixaram nos seus celulares o TikTok mais do que o Instagram a Casa Branca sentiu na pele a competi��o do futuro.

Segundo Rubem Barbosa, que era o embaixador em Washington quando foi editada a doutrina de seguran�a nacional pelo presidente George W. Bush, os EUA passaram a reagir a qualquer amea�a que afete seus interesses.

“Em decorr�ncia dessa vis�o, hoje o establishment americano considera a China como um advers�rio que amea�a os interesses concretos nas �reas comercial, tecnol�gica, militar e estrat�gica”.

Os EUA, lista Barbosa, j� adotaram uma s�rie de medidas negativas contra o Brasil. Suspenderam a importa��o de 80% da produ��o de a�o; apresentaram um candidato norte-americano � presid�ncia do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), n�o prestigiando o candidato brasileiro; fizeram press�o sobre o etanol nacional para eliminar tarifas; n�o atenderam ao pedido do governo para facilitar os vistos de entrada de brasileiros.

Outro fato relevante foi pressionarem para o adiamento do leil�o da tecnologia 5G para o ano que vem. Ou seja, os EUA querem o Brasil fora do controle geopol�tico da internet.

E sintetiza Azambuja, “o Brasil abandonou a vis�o de si mesmo, como uma pot�ncia multinacional, multirracial, multi-ideol�gica, multireligiosa, para ser um pa�s sect�rio, correspondendo apenas a uma vis�o limitada do seu interesse imediato”. (Com Henrique Delgado)

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)